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Mineira enfrentou depressão e desemprego com crochê. Hoje, fatura milhões

Juliana Sanches descobriu o amigurumi ao procurar um presente especial para o filho autista; o artesanato virou hobby e depois, negócio

Juliana Sanches, da Caco Amigurumi: empreendedora planeja vender os bonecos prontos ainda em 2025, mas hoje foca em cursos

Juliana Sanches, da Caco Amigurumi: empreendedora planeja vender os bonecos prontos ainda em 2025, mas hoje foca em cursos

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

Juliana Sanches não planejava ser empresária. Em 2018, sem emprego e enfrentando uma depressão, encontrou no crochê uma forma de aliviar o peso da rotina. O que começou como um refúgio virou um negócio milionário.

Hoje, aos 32 anos, a mineira ensina outras mulheres a faturar com amigurumis – pequenos bonecos de crochê – e quer expandir a marca para o exterior.

O negócio cresceu rápido. Em 2024, Sanches faturou R$ 5 milhões e projeta dobrar a receita em 2025. A estratégia para alcançar esse objetivo inclui novos cursos online e a internacionalização da empresa.

"Quando vendi meu primeiro bichinho, percebi que ali havia uma oportunidade. Investi em redes sociais, montei um site e comecei a ensinar outras mulheres a lucrar com amigurumis", conta a empreendedora.

Sanches está no Canadá fazendo intercâmbio para aprender inglês e lançar seus cursos fora do Brasil. “Quero que mais mulheres descubram o poder do artesanato. Se eu consegui sair do fundo do poço com isso, outras também podem”, afirma.

A dificuldade que levou ao sucesso

Natural de Minas Gerais, Juliana Sanches passou a infância no interior do Pará. Aos 16 anos, conseguiu uma bolsa de estudos e se mudou para a Bahia, onde se formou em administração. Casou-se jovem e conseguiu o primeiro emprego na área, ganhando um salário mínimo.

Em 2015, decidiu pedir demissão para estudar para um concurso público. Foi aprovada, mas nunca chamada. Sem renda fixa, começou a vender caricaturas, pães e bolos para complementar o orçamento da casa.

A chegada do primeiro filho trouxe um desafio maior: com dificuldades financeiras, a família precisou morar de favor na casa da mãe de Sanches, em uma favela no interior de Goiás.

A situação a levou a um quadro de depressão. “Eu me sentia inútil, presa em casa, sem perspectiva. Meu marido também não ganhava o suficiente para pagar terapia, então eu tive que encontrar um jeito de sair daquela situação sozinha”, relembra.

O amigurumi que mudou tudo

Em 2017, procurando um presente especial para o filho autista, Sanches descobriu os amigurumis no YouTube. O material era barato e o processo, terapêutico. Ela fez uma raposa de crochê e decidiu tentar vendê-la por R$ 100 em um grupo do Facebook. O custo de produção havia sido de apenas R$ 20.

O resultado foi um estalo: se vendesse mais, poderia transformar aquilo em renda. "Passei a produzir bonequinhos para vender online. Dois anos depois, já estava faturando R$ 3 mil por mês apenas com amigurumis", diz a empreendedora. Mas o grande salto veio quando percebeu que ensinar poderia ser ainda mais lucrativo.

Página da Caco Amigurumi

Página da Caco Amigurumi: ticket médio é de R$ 600 (Captura de tela/Reprodução)

O negócio que fatura milhões

Sanches começou a compartilhar seu trabalho no Instagram. Em pouco tempo, seguidoras passaram a pedir dicas sobre como fazer e vender os bonequinhos. A demanda cresceu tanto que, em 2021, ela lançou seu primeiro curso online no site Caco Amigurumi.

O sucesso foi imediato. Em apenas uma semana, faturou R$ 160 mil. Hoje, os cursos representam a maioria do faturamento da empresa, com ticket médio de R$ 600.

Há também "receitas" para tipos de boneco, que custam entre R$ 20 e R$ 40. Em 2024, o negócio bateu R$ 5 milhões em receita, com mais de 8 mil alunas no Brasil e no exterior.

Agora, o foco é crescer ainda mais. A meta de Juliana é dobrar o faturamento e alcançar R$ 10 milhões até o fim de 2025. “O crochê mudou minha vida. Quero levar essa oportunidade para outras mulheres, dentro e fora do Brasil”, afirma.

*Esta matéria foi publicada originalmente em fevereiro de 2025

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