Guillaume Tiret e Fabio Carrara, da Solfácil: vamos dobrar de tamanho em 2024 (Solfácil/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 9 de julho de 2024 às 08h00.
A plataforma de energia solar Solfácil anuncia nesta segunda-feira, 08, a captação de R$ 750 milhões. O valor foi levantado com a emissão de CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e será utilizado para financiar cerca de 22 mil kits solares.
A startup funciona como uma fintech para estimular o mercado de energia solar e financia os mais de 20 mil integradores cadastrados na plataforma.
Em outra frente, desde 2021 também vende os itens necessários para os projetos solares, como placas, inversores e cabos, aproveitando uma oportunidade percebida no mercado.
"A Solfácil não é mais só uma fintech, somos um ecossistema em que o nosso integrador consegue financiar o cliente e,na mesma plataforma e a um clique, montar o kit e fechar a compra", afirma o francês Guillaume Tiret, CFO e cofundador da Solfácil. Em participação, cada divisão representa 50% do negócio.
O modelo está estruturado no B2B2C, com a Solfácil liberando crédito para os distribuidores - ou vendedores -, valores que são disponibilizados para consumidores finais interessados em mudar a fonte de energia.
O foco está em clientes residenciais ou pequenos negócios, como padarias e academias. Em média, cada projeto tem o custo de R$ 30 mil e pode ser parcelado em até cinco anos.
A clientela bancadas pelos financiamentos da Solfácil é feita de famílias de renda média ou baixa em rincões agraciados com sol e calor o ano inteiro em busca de descontos na conta de luz com a geração da própria energia.
A startup está entre os três maiores financiadores de kits para geração de energia solar no telhado de residências ou pequenos comércios — a chamada "geração distribuída" —, ao lado de instituições financeiras tradicionais como Santander e BV.
Em seis anos, a Solfácil financiou mais de R$ 3 bilhões para projetos de energia solar, ultrapassando 1 GW em potência instalada, distribuídos para mais de 110 mil clientes finais.
Esta é a segunda captação de CRI da startup, que anunciou R$600 milhões em março passado. Desde 2018 no mercado, a Solfácil usava FIDC como mecanismo exclusivo de financiamento.
A troca por CRIs é uma estratégia para reduzir os custos para os consumidores finais, ser mais competitiva e ainda ter fontes mais diversas de financiamento.
“A terceira razão é que o CRI é o único mercado que conheço em que conseguimos captar a taxa prefixada, porque hoje originamos as nossas CCBs com os clientes, principalmente, à taxa prefixada. Então, é importante não ter um descasamento de índice”, afirma Tiret. CCB é uma sigla para Cédula de Crédito Bancário.
A operação foi coordenada pelo Itaú BBA e a XP, além da Kanastra como empresa de securitização e administradora.
Dividida em cinco classes de séries, a emissão do CRI foi classificada pela Fitch Ratings e Moody’s Rating. A primeira série obteve a classificação mais alta AAA, e a segunda como AA. O veículo obteve a classificação de título verde.
Além de Tiret, francês que chegou ao Brasil após passagens em empresas como Akuo Energy e a área de energia do IFC, braço de investimentos do Banco Mundial, a startup tem como fundadores os brasileiros Fabio Carrara, CEO, e Guilherme Borgo, VP de ecommerce e IoT.
O quarto sócio é Brainer Martins, COO, que chegou à operação após a Solfácil adquirir a Solar Inova no ano passado, empresa fundada por Martins. Desde que introduziu a nova vertical de venda dos produtos em 2021, a Solfácil tem dobrado de tamanho a cada ano.
"Nós pretendemos dobrar este ano novamente e já fechamos o primeiro semestre nessa velocidade", diz Tiret. De acordo com o empreendedor, a operação fatura mais de R$ 1 bilhão por ano e chegou ao breakeven no ano passado.
Ao longo dos anos, a Solfácil recebeu mais de R$ 800 milhões em investimento de fundos como o Softbank, VEF e Valor Capital Group e Banco Mundial, a partir do IFC. A última captação foi um série C de US$ 100 milhões, o equivalente a R$ 500 milhões à época. "Não precisamos mais de equity para financiar a nossa operação. A empresa está adulta agora, digamos assim".