Candido Bracher, presidente do Itaú: executivo e outros líderes falaram de propósito nas organizações (Itaú BBA/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 21h08.
Última atualização em 19 de setembro de 2020 às 12h10.
A pandemia da covid-19 colocou em prova o papel das empresas brasileiras como um dos motores das mudanças sociais, fazendo com que muitas delas divulgassem iniciativas que, por vezes, fugiam do seu negócio central. Um exemplo é o banco Itaú Unibanco, que fez uma doação de 1 bilhão de reais ao projeto Todos Pela Saúde, administrado por um grupo de especialistas liderado pelo médico Paulo Chapchap, diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês. "Naquele momento admitimos que não sabíamos nada de saúde, mas precisávamos auxiliar", disse Cândido Bracher, presidente do Itaú Unibanco no evento online Global Retail Show, mediado por Lourenço Bustani, sócio-fundador da consultoria de inovação Mandalah nesta sexta-feira, 18.
Outro desafio do período é promover a segurança dos funcionários ao mesmo tempo em que os negócios continuam gerando faturamento. Na C&A, por exemplo, os funcionários foram para as suas casas com o fechamento das lojas e o marketplace fortalecido. "Estamos o Brasil há pouco mais de 40 anos, e aprendendo também nos momentos de crise. Na pandemia entendemos ainda mais como a transparência e reinvenção são processos contínuos", afirma Paulo Correa, presidente da C&A.
Na união entre propósito empresarial e atenção às pessoas, os executivos afirmam perceber o tema da diversidade ganhando mais força nas organizações. O momento é de reparar as desigualdades sociais e econômicas no Brasil, onde 56% da população é negra, mas com baixíssima representação em cargos de liderança nas grandes companhias. "Nesta semana me alegrei quando discutiu-se o tema num grupo de 45 sócios do banco e todos estavam autenticamente preocupados a diversidade", afirmou Bracher.
Para Liliane Rocha, consultora de diversidade e presidente da Gestão Kairós, a boa intenção de fato existe, mas é preciso construir metas assertivas para todos. "Todas as pessoas da organização devem estar envolvidas na meta de uma empresa mais justa e diversa, pois não dá para falar de meritocracia quando não temos os mesmos acessos e direitos para competir como iguais". A afirmação foi completada por Bracher: "Meritocracia só existe de verdade quando há igualdade de oportunidade".
Os painelistas concordaram também na importância da educação e da qualidade de vida para a melhoria da empregabilidade e da economia. "A pandemia nos deu uma oportunidade e a visão clara da necessidade de um sonho coletivo. Isso acontecerá se as pessoas conseguirem ser felizes e se dedicarem para além do trabalho", diz Sidarta Ribeiro, vice-diretor do Instituto do Cérebro UFRN.
As companhias que consegue bom desempenho sustentável podem se associar ao Sistema B. Para o diretor executivo da organização, Marcel Fukayama, o segredo está no propósito e na cultura "A empresa que de fato é sustentável nos seus negócios gera também valor para sua comunidade interna, acionistas, fornecedores e toda a sociedade. Isso se reverte também em ganhos financeiros, mas, para isso, é preciso cultura organizacional clara e propositiva", diz.