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Mercedes deve deixar de produzir caminhões em MG

O grupo estuda investir cerca de 1 bilhão (R$ 3 bilhões) por quatro anos a partir de 2015 na unidade do ABC paulista


	Mercedes-Benz: empresa estuda reformulação de produção para tornar veículos mais competitivos
 (Thomas Niedermueller/Getty Images)

Mercedes-Benz: empresa estuda reformulação de produção para tornar veículos mais competitivos (Thomas Niedermueller/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 09h35.

São Paulo - A Mercedes-Benz do Brasil deve deixar de produzir caminhões na fábrica de Juiz de Fora (MG) e concentrar a linha de montagem desses produtos em São Bernardo do Campo (SP).

Para isso, o grupo estuda investir cerca de 1 bilhão (R$ 3 bilhões) por quatro anos a partir de 2015 na unidade do ABC paulista.

As informações foram repassadas por diretores da empresa ao Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, segundo informa o presidente da entidade, João César da Silva.

Por temer demissões na fábrica mineira, os funcionários locais paralisaram as atividades na terça-feira, 07, e prometem manter a greve se a empresa não suspender a decisão.

A Mercedes-Benz informou que estuda uma reformulação de sua produção para tornar seus veículos mais competitivos, mas ainda não tomou uma decisão.

Afirmou ainda que não há previsão de cortes de pessoal na fábrica de Juiz de Fora. O grupo também não confirmou o investimento citado por Silva.

O sindicalista disse que o plano da Mercedes-Benz é parar de produzir em Minas o caminhão Accelo, de pequeno porte, em 2016, e o Actros, de grande porte, em 2018, e transferir as duas linhas para o ABC.

Segundo ele, "Minas ficaria apenas com a produção de cabines e pintura, atividades que não demandam a mão-de-obra que temos hoje, de 750 funcionários diretos".

De acordo com o sindicalista, a linha de cabines da fábrica é uma das mais modernas do grupo, que recentemente adquiriu 52 robôs. "Hoje já produzimos 40 cabines por dia com 13 trabalhadores", disse.

"Se ficarmos apenas com essa linha e a de pintura, é certo que vai ter demissões." Outro risco, afirmou ele, é o fechamento da fábrica.

O dirigente sindical lembrou ainda que atualmente há 166 funcionários em lay-off (suspensão por cinco meses dos contratos de trabalho).

Ajuda

Na manhã de quarta-feira, 08, após decidir em assembleia pela manutenção da greve decretada na tarde de terça-feira, 07, os trabalhadores da Mercedes saíram em passeata até a Câmara Municipal e pediram ajuda dos vereadores para interceder junto à direção da Mercedes.

O sindicato também pediu apoio ao governador eleito de Minas, Fernando Pimentel (PT).

A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), reeleita ao cargo no domingo, 05, também foi acionada em Brasília para falar com o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges.

"A empresa afirmou que não vai ter demissões, mas não quis assinar um acordo dando essa garantia", informou Silva.

No fim de setembro, em uma assembleia realizada na fábrica de São Bernardo, o investimento e a transferência da produção do Accelo e do Actros foram apresentados aos trabalhadores como parte de um acordo que está para ser assinado entre a Mercedes e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Nenhum dos dois lados quis comentar o assunto ontem.

Dificuldades

A Mercedes-Benz enfrenta dificuldades no País em razão de excedente de pessoal especialmente na fábrica do ABC paulista.

O quadro se complicou ainda mais com a queda das vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro e redução das exportações para a Argentina, seu principal cliente externo.

Desde o primeiro trimestre, já adotou diversas medidas para reduzir a produção, como semana curta de trabalho, férias coletivas, programa de demissão voluntária (PDV) e lay-off.

Hoje, além dos 166 funcionários de Juiz de Fora, 1,2 mil trabalhadores de São Bernardo estão em lay-off.

A volta desse grupo, prevista para novembro, dever ser adiada por mais cinco meses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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