Negócios

Mercadinhos autônomos: como o retorno ao escritório tem transformado esse negócio de R$ 170 milhões

A ambição da Market4u é ter 50.000 lojas em operação em 2028 e registrar um faturamento de R$ 6 bilhões

Eduardo Córdova e Sandro Wuicik, da Market4u: nós acreditamos que 80% dos mercados autônomos do Brasil estarão dentro das empresas (Market4u/Divulgação)

Eduardo Córdova e Sandro Wuicik, da Market4u: nós acreditamos que 80% dos mercados autônomos do Brasil estarão dentro das empresas (Market4u/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 16h05.

A face mais visível do retorno das empresas e seus funcionários aos escritórios é o congestionamento de carros nas principais avenidas das grandes cidades brasileiras. Ou até mesmo de bicicletas na Faria Lima, o condado financeiro mais famoso do país.

Uma outra é como a nova dinâmica tem transformado os negócios de algumas companhias. Essa é uma realidade bem conhecida da curitibana Market4u, uma rede de franquias de mercados autônomos.

A empresa funciona no modelo honest market, sem a necessidade de atendentes. Para garantir que cada um paga o que consome, a market4u emprega uma tecnologia de visão computacional para identificar os clientes e eventuais comportamentos suspeitos. Segundo a comapanhia, a taxa de inadimplência está na casa de 2,5%.

O negócio conta com 2.100 unidades em operação, distribuídas por cidades em 20 estados brasileiros. Com mais de 17.000 produtos registrados no sistema, o “carrinho” de compras para alimentar as lojas incorpora cada vez mais sanduíches naturais, água com gás, suco e snacks.

Quando a rede foi criada, em 2019, os itens de mercearia dominavam os pedidos aos fornecedores, com pães, presunto, queijo e Coca-Cola. Onipresente só mesmo a cervejinha para dar aquela quebrada no dia a dia.

Como a empresa está estruturando a mudança

A diferença é que a rede se desenvolveu em condomínios residenciais, normalmente com uma loja por torre e atendia às necessidades básicas dos moradores. Além disso, logo que foi fundada, o Brasil começou os efeitos da pandemia, prolongados por mais de dois anos.

Em 2023, com a retomada massiva, a market4u começou a se conectar com uma demanda que só tende a aumentar. 90% da receita ainda é originada nos prédios residenciais, mas é um percentual que deve diminuir nos próximos anos.

“Esse percentual de 10% foi quase todo gerado ao longo deste ano. Em três ou quatro anos, esse mercado nos escritórios deve ser maior”, afirma Eduardo Córdova, sócio-fundador da Market4u ao lado de Sandro Wuicik, amigo de longa data e parceiro em outros negócios.

Hoje com 35 anos, Córdova empreende desde os 18 anos e já abriu mais de 30 CNPJs, incluindo negócios tão diversos quanto uma rede de postos de combustível, food truck, agência de marketing, site de roupas infantil e uma academia.

O embrião para a market4u foi uma startup criada pelos dois em 2018, o Byke Station, uma rede de vending machines para ofertar comida, equipamentos e serviços a ciclistas. "A Market4u é uma consequência de tudo isso", diz. 

Atualmente, a empresa tem mercadinhos autônomos em escritórios de empresas como CSN, Gol, PicPay e MadeiraMadeira.

Onde estão as oportunidades

Diferentemente do modelo residencial, com uma unidade por prédio, o empresarial permite o ganho de escala. A Market4u pode dispor de diversos mercados em uma mesma torre, cada um no escritório de uma companhia diferente. Daí, a aposta nesta nova vertente.

“O Brasil tem mais de 300.000 empresas com mais de 100 funcionários e nós acreditamos que 80% dos mercados autônomos do Brasil estarão sediados dentro dessas empresas”, diz Córdova.

A adequação a essa nova realidade demanda uma série de ajustes. Além dos produtos, mudam o formato de negociação e as interfaces com as quais a empresa dialoga. Nas áreas residenciais, os franqueados costumam dialogar com os síndicos ou administradores.

No empresarial, os caminhos são os RHs das companhias e áreas de facilities, o que requer um trabalho mais ativo da própria Market4u.

Para conquistar esse público, a empresa deve investir R$ 3 milhões ao longo do próximo ano. Os recursos serão usados em estratégias de marketing e participação em feiras e eventos para se conectar com esse novo público.

Quais são os próximos passos da operação

A  transformação procura pavimentar um crescimento em ritmo frenético nos próximos anos. A ambição da empresa é ter 50.000 lojas em operação em 2028 e faturamento de R$ 6 bilhões.

Neste ano, a Market4u vai faturar R$ 170 milhões, crescimento de 63% em relação aos números do ano passado.

Em 2024, a projeção é dobrar em faturamento e em números de unidades. É um cenário que, nos cálculos do cofundador, pode abrir espaço para uma eventual captação de recursos.

“Primeiro, queremos atingir esse crescimento para depois ir ao mercado. Achamos que vai ser importante para a valorização da companhia”, diz. O investimento serviria como um impulso para que a empresa avance em busca de um próximo passo. “Em cinco anos nós queremos tocar o sino”.

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