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Menos Sudeste e mais Norte/Nordeste: a Ser Educacional avança onde conhece

Com aquisição de uma marca forte e regional, “estamos consolidando nossa operação na região onde somos mais fortes”, diz Jânyo Diniz, presidente da Ser

ProUni: Câmara aprovou projeto que amplia programa (Arquivo/Agência Brasil)

ProUni: Câmara aprovou projeto que amplia programa (Arquivo/Agência Brasil)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 17 de abril de 2019 às 19h37.

Última atualização em 22 de abril de 2019 às 12h47.

A Ser Educacional, terceira maior empresa brasileira de ensino superior de capital aberto, está optando pelo caminho mais seguro para continuar crescendo. Depois de uma incursão meio atabalhoada pela região sudeste, dominada pelas líderes do setor, Kroton e Estácio, a Ser está reforçando a sua presença na parte do país que conhece melhor.

Nascida em Recife, a Ser anunciou nesta quarta-feira a compra da amazonense UniNorte por 194,8 milhões de reais. Desde 2008, a instituição fazia parte da rede da americana Laureate, que controla também, no Brasil, a Universidade Anhembi Morumbi, sediada em São Paulo.

“Estamos consolidando nossa operação na região onde somos mais fortes”, diz Jânyo Diniz, presidente da Ser. “Já somos líderes em Belém, com a Unama, e agora temos a marca líder de mercado em Manaus”.

A UniNorte possui 23.233 alunos de graduação e 1.939 alunos de pós-graduação, com ganhos anuais antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 18,7 milhões de reais em 2018. Em 2014, a Ser comprou a Universidade de Guarulhos, que opera na região metropolitana de São Paulo, mas teve dificuldades para integrar a unidade à sua rede. O número de alunos caiu de 20 mil em 2015 para 16,7 mil no ano passado, segundo a consultoria Atmã Educar.

A aquisição da UniNorte tem muitas vantagens para a Ser, na avaliação de Max Bohm, especialista em ações da publicadora de conteúdo sobre investimentos Empiricus. Primeiro, porque a amazonense tem margens de lucro inferiores às das demais unidades da Ser. A sua nova dona tem, assim, espaço para melhorar os ganhos sem fazer muito esforço.

Além disso, a UniNorte representa um aumento de 17% na base de alunos da Ser, com um número de estudantes que depende de financiamento estudantil do governo (Fies) menor do que nas outras faculdades da rede. Os empréstimos para universitários têm diminuído e ficado cada vez mais difíceis de conseguir. Por último, o bom nome da UniNorte é fundamental na estratégia de crescimento da Ser. “Uma marca forte e conhecida é essencial para impulsionar o segmento de ensino à distância, que é o que mais tem avançado no Brasil”, diz Bohm. Os cursos presenciais têm uma margem de lucro entre 25% e 35%, e, no ensino a distância a lucratividade chega a 50%.

Enquanto, neste começo de ano, as matrículas no ensino presencial da Ser cresceram a um ritmo de 6%, no EAD, quem tem mensalidades mais baratas, avançaram 65%. “Existe uma melhora no humor do consumidor, mas o desemprego no país ainda está muito grande”, diz Rodrigo Alves, diretor de relações com investidores da Ser. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 12% no trimestre encerrado em janeiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O ensino superior costuma ser resiliente durante crises econômicas curtas, mas, quando a atividade demora a se recuperar, acaba sofrendo também.

A Ser deve continuar procurando oportunidades de compra de ativos nas regiões norte e nordeste, dando preferência a marcas  reconhecidas e que oferecem educação de qualidade, segundo Diniz. “Mas não queremos perder o foco do crescimento orgânico também. No ano passado, abrimos 14 novas unidades”, lembra o presidente da Ser.

A compra foi bem recebida pelo mercado financeiro. Em um dia em que o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, recuou 1,1% por causa das incertezas políticas, a ação da Ser ganhou 4%, a 20,30 reais.

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