Mastercard vive embate com varejistas sobre parcelamento nos EUA
Empresa enfrenta resistência dos varejistas sobre novo produto que permite que consumidores parcelem compras
Bloomberg
Publicado em 13 de agosto de 2022 às 14h08.
A gigante de pagamentos disse aos comerciantes e seus bancos que cobrará 3% do preço de compra a cada vez que um comprador usar o novo programa, segundo pessoas a par do assunto. Os comerciantes serão, automaticamente, inscritos no novo serviço de parcelamento da Mastercard, embora haja a possibilidade de recusa.
O valor surpreendeu alguns dos maiores varejistas americanos, muitos dos quais já fecharam acordos com emissores de cartões de crédito e provedores de compra parcelada que podem impedi-los de oferecer serviços de concorrentes a seus clientes. Outros, no entanto, estão adotando o novo serviço, uma vez que o custo de 3%, ainda que maior que qualquer taxa normal da Mastercard para crédito, é menor que a taxa cobrada pela maioria dos fornecedores autônomos de parcelamento.
“A promessa do BNPL será cumprida totalmente quando todos se beneficiarem – credores, comerciantes e, em última instância, o consumidor”, disse Chiro Aikat, vice-presidente executivo de produtos e engenharia da Purchase de Mastercard, com sede em Nova York, em comunicado via e-mail. “Quando criamos nosso programa no ano passado, fomos decidimos possibilitar outra forma de pagamento funcional e transparente, com os mesmos níveis de confiança e segurança que se espera da Mastercard.”
O conflito é o capítulo mais recente do drama de longa data entre varejistas e a Mastercard e a Visa, sua rival. Os varejistas têm falado cada vez mais sobre o custo de aceitar pagamentos eletrônicos, com as taxas de processamento subindo para US$ 137,8 bilhões somente no ano passado, de acordo com a publicação The Nilson Report.
Afterpay e Klarna
A Mastercard estreou o programa de parcelamento no ano passado como parte da resposta das redes ao aumento do interesse dos consumidores em dividir o custo de suas compras. A medida ocorreu depois que empresas de tecnologia financeira focadas no espaço do “compre agora, pague depois” - como a Afterpay e a Klarna - já haviam abocanhado até US$ 10 bilhões da receita anual dos bancos, de acordo com a McKinsey.
No momento em que estava prestes a anunciar o novo serviço, a Mastercard já havia feito parceria com credores, incluindo o provedor de cartões de loja Synchrony Financial e a unidade de cartões da Barclays para desenvolver o novo produto. A ideia era que esses credores e outros, juntamente com fintechs novatas e empresas que oferecem carteiras digitais, pudessem aprovar empréstimos parcelados para os consumidores antes de uma compra ou oferecer a opção no checkout.
Em poucos meses, a Mastercard anunciou que varejistas como Walgreens Boots, American Airlines e Bass Pro Shops concordaram em trabalhar com a rede no lançamento do novo serviço. Em junho, a gigante da tecnologia Apple anunciou que usaria a Mastercard para seu novo produto de parcelamento.
“Ao usar a rede Mastercard, o Apple Pay Later funciona apenas com o Apple Pay e não requer integração para vendedores”, diz a Apple em seu site.