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Marubeni se volta para o Brasil após comprar Gavilon

Segundo executivo, companhia vai confiar no Brasil para reforçar suas vendas internacionais de grãos


	Soja: trading japonesa vende cerca de 25 milhões de toneladas de grãos em todo o mundo por ano
 (Getty Images)

Soja: trading japonesa vende cerca de 25 milhões de toneladas de grãos em todo o mundo por ano (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 16h05.

São Paulo - A Marubeni vai confiar no Brasil para reforçar suas vendas internacionais de grãos, enquanto mantém esforços para impulsionar suas exportações após a compra dos ativos agrícolas da norte-americana Gavilon, disse um executivo da empresa.

William Gallo, presidente da Grãos da Marubeni America, disse que a trading japonesa vende cerca de 25 milhões de toneladas de grãos em todo o mundo por ano, e que em 2013 a empresa comprou 10 milhões de toneladas de soja do Brasil e 1,5 milhão de toneladas de milho, em negócios de exportações e importações.

O total negociado de soja brasileira representa quase um quarto do volume da oleaginosa exportada pelo Brasil em 2013, o ano em que o país se tornou o maior exportador global, e também mostra um crescimento expressivo ante os 8 milhões de toneladas que a Marubeni comprou do produto do Brasil em 2012.

A dependência da empresa do Brasil pode aumentar nos próximos anos, após a Marubeni investir 200 milhões de reais (82,6 milhões de dólares) para duplicar a atual capacidade portuária de 3,95 milhões de toneladas do Porto de São Francisco do Sul.

A empresa, líder nas importações de soja brasileira, também está buscando novas oportunidades de negócios com uma nova rota de escoamento pelo Nordeste do Brasil.

"No momento estamos muito focados no Brasil", disse Gallo em entrevista por telefone. "O Brasil é o único país que tem a capacidade de produzir mais e entregar mais grãos para atender à demanda mundial que vemos, no sudeste da Ásia e em todo lugar. Ele é melhor do que qualquer outra alternativa." Gallo se recusou a dizer quanto os negócios de grãos e fertilizantes da Gavilon, em aquisição avaliada de 2,7 bilhões de dólares, concluída em julho, ajudarão a companhia a impulsionar suas exportações. Mas ele ressaltou que grande parte destas operações são voltadas à demanda do mercado norte-americano.


Alternativa no Brasil

No Brasil, em vez de lidar com as rotas mais caóticas de exportação nos portos de Santos e Paranaguá, a Marubeni adquiriu 100 por cento de controle do terminal Terlogs, no porto de São Francisco do Sul (SC), a 81 km de Paranaguá (PR), em 2011.

Gallo disse que a soja mais barata e tempo de espera entre 10 e 12 dias em São Francisco do Sul, em vez dos 50 a 70 dias nos principais portos do país, compensam a distância.

"Outros portos como Santos demandam preço maior que pode não ser compensado pela diferença de frete", disse. "São Francisco do Sul é um porto muito competitivo em termos de preço." Embora o executivo considere que a demanda chinesa por soja do Brasil vai crescer, ele é menos otimista para o milho brasileiro no curto prazo. A China deu o aval para importação de milho do Brasil no ano passado, mas a oferta argentina e uma safra maior nos EUA diminuíram a necessidade de importações do produto brasileiro pelo gigante asiático.

Ele acredita que o Brasil produzirá 100 milhões de toneladas de milho antes de ter o mesmo volume de soja. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vê uma safra de soja em 90,3 milhões de soja e de milho em 78,9 milhões de toneladas em 2013/14.

Nos próximos anos, as exportações de soja e milho do Brasil poderão mudar a rota de escoamento, hoje feitas em sua maioria a partir dos portos do Sul e Sudeste, e seguir pelo Norte em direção ao Canal do Panamá.

Gallo disse que a mudança para o Norte é inevitável para a Marubeni, mas a companhia ainda não adquiriu terminais na região, como os competidores Cargill e Bunge e prefere esperar por melhorias na infraestrutura da região.

No porto de São Francisco do Sul, a construção para expandir espaço de armazenagem no terminal Terlogs e a construção de um novo píer deve levar cerca de um ano e ainda depende de aprovação final do governo, que deve vir nos próximos meses.

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