Marfrig vai levar marca Seara para a China
Depois de entrar no mercado chinês com produtos in natura, o próximo passo é levar os industrializados da Seara, diz presidente
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
O Marfrig pretende transformar a Seara na sua marca global. Alguns de seus produtos já foram lançados na Argentina e na Europa. Agora, a companhia pretende levar os industrializados da Seara para a China, onde a marca só está presente por meio de produtos in natura.
Eleito a Melhor Empresa do Agronegócio da edição 2010 de MELHORES E MAIORES de EXAME, o Marfrig também planeja crescer organicamente nos próximos anos. É o que afirma o presidente do grupo, Marcos Antônio Molina dos Santos, em entrevista ao site de EXAME. Molina deu a mesma declaração quando comprou a Seara, em setembro de 2009 - e surpreendeu o mercado ao anunciar, em meados de junho deste ano, a aquisição da Keystone Foods.
EXAME - O que representa a aquisição da Keystone para o grupo?
Marcos Molina - A Keystone nos oferece uma plataforma global. Vamos ter a oportunidade de ligar a cadeia produtiva. Isso quer dizer que, se você for comer hambúrguer na China, na Europa ou no Oriente Médio, pode encontrar matéria-prima brasileira nele.
EXAME - Qual o plano para crescer na China?
Molina - Nossa origem foram a distribuição e o food service. É o que melhor sabemos fazer. E essa empresa, a Keystone, é forte exatamente nisso. Faz parte da nossa estratégia aproveitar essa vantagem para ampliar a presença no país com produtos industrializados.
EXAME - Haverá benefícios para a Seara?
Molina - Trabalhamos para que Seara seja uma marca global. Estamos lançando produtos da marca na Argentina e na Europa. A Seara já está na China, mas com produtos in natura. Com essa plataforma também vamos poder atender a China com produtos industrializados da marca.
EXAME - Qual a estratégia de crescimento para o grupo nos próximos anos?
Molina - Hoje temos operações em 22 países e exportamos para mais 120, com empresas de tradição. Agora vamos crescer organicamente.
EXAME - Organicamente mesmo? Por ocasião da compra da Seara, o senhor mencionou que não tinha intenção de fazer novas aquisições tão cedo e não foi isso que ocorreu.
Molina - Eu disse, na época, que enquanto não fizéssemos a integração da Seara, não compraríamos nada. Mas fizemos essa integração num tempo bem mais rápido do que esperávamos.
EXAME - Como o senhor avalia as críticas de que o Marfrig cresce rápido demais?
Molina - Concordo com a visão de que há um risco quando uma empresa dobra ou triplica o faturamento de uma hora para outra. Mas, no caso do Marfrig, é preciso considerar a estrutura de gestão e as empresas que compramos. Temos uma holding enxuta e várias unidades de negócios que operam de forma independente. Podemos funcionar desse jeito porque compramos empresas que dão resultados, com boas equipes, marcas reconhecidas e clientes antigos. Nossa empresa na Europa, por exemplo, a Moy Park, foi fundada em 1943. É fornecedora da Tesco (uma das maiores redes de supermercados do continente europeu). Todas as outras marcas que compramos têm uma história parecida e clientes cativos. Se você somar a idade de todas essas empresas, vai dar mais de 300 anos (risos).