Marfrig: “COPs empresariais” e metas desafiadoras para reduzir emissões
Empresa tem compromissos ambiciosos de descarbonização até 2035 e trabalha para envolver toda a cadeia produtiva no processo de sustentabilidade
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Publicado em 14 de março de 2022 às 18h25.
Para atingir a meta de redução das emissões de gases de efeito estufa estabelecida, o setor produtivo vem se unindo para colocar em prática medidas que reduzam o impacto gerado por ele próprio.
“O setor privado já tem caminhado para reduzir as emissões e, em certa medida, COPs individuais e empresariais têm sido feitas”, afirma Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig.
Metas de descarbonização
Em 2020, a companhia aderiu às metas ambiciosas de redução de gases poluentes da Science Based Targets (SBTi), iniciativa internacional que mobiliza empresas a estabelecer metas de redução das emissões de GEE usando metodologia cientificamente comprovada.
Das 990 empresas aderentes no mundo, a Marfrig foi o primeiro frigorífico brasileiro participante.
Escopos 1, 2 e 3
Até 2035, por exemplo, a empresa pretende reduzir de 43% para 68% suas emissões de GEE nos escopos 1 (provenientes do processo produtivo) e 2 (relacionado ao consumo de energia elétrica). Em relação ao escopo 3 (proveniente das emissões indiretas de fornecedores), a redução prevista é de 33%.
“No começo do ano revimos as metas que havíamos estabelecido e submetemos ao Science Targets agora. Nossas metas ficaram muito mais robustas”, detalha Pianez.
Para ele, o escopo 3 é a etapa mais desafiadora, pois envolve a cadeia de valor da empresa. Ou seja, a companhia precisa incentivar o uso de melhoria genética, ganhos de produtividade, redução do tempo do abate (diminuindo as emissões de gás metano do rebanho pelo “arroto” e pelos dejetos) e integração sustentável entre lavoura, pecuária e floresta.
Premissa inclusiva
Para acelerar o processo rumo a uma produção mais sustentável, a Marfrig criou o programa Verde+, que busca deixar a cadeia produtiva mais sustentável e livre de desmatamento até 2030, especialmente na Amazônia, onde a meta é chegar nessa condição até 2025.
O investimento no programa é de R$ 500 milhões e inclui práticas de bem-estar animal, zelando pelo tratamento humanizado e livre de maus-tratos desde a criaçãoaté o abate, incentivo ao uso de tecnologias e novos meios de produção, além de monitoramento de áreas sensíveis a desmatamentos.
De acordo com Pianez, o programa tem foco na inclusão dos parceiros. Nos últimos 12 anos, todo o setor envolvido no agronegócio usou o filtro de exclusão – onde só os fornecedores com produção sustentável são selecionados. “Mas, se eu não compro, alguém vai. Temos de ter a premissa de incluir, pois pequenos produtores, por exemplo, não têm acesso a crédito e, consequentemente, ao pilar de melhoria técnica”, detalha.
Ou seja, a abordagem integrada e inclusiva é o que também defende Marcelo Furtado, membro do comitê de sustentabilidade da Marfrig e ex-diretor-executivo do Greenpeace Brasil. “É importante encorajar produtores de alimentos, fazendeiros e varejistas a se engajar na conversa.”