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Maior fabricante de bonés do mundo prepara expansão no Brasil

A New Era, que faz os bonés do time de beisebol New York Yankees, quer chegar a 80 franquias no Brasil até 2020.

 (New Era/Robson Ferreira/Divulgação)

(New Era/Robson Ferreira/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 25 de outubro de 2018 às 06h00.

São Paulo - A New Era, maior marca de acessórios para a cabeça do mundo, tem grandes planos para o Brasil. Para alcançar novos públicos e entrar em um segmento mais fashionista, a empresa irá ampliar o número de lojas próprias e franquias no país. Com 15 franquias e 10 lojas próprias, o plano é chegar a 2020 com até 80 unidades.

Ainda que o nome New Era não seja tão reconhecido, os bonés do time norte-americano de beisebol New York Yankees, fabricados pela empresa, são: as letras N e Y costuradas na frente do boné são inconfundíveis. Além de bonés, gorros, e bandanas, a empresa é detentora da licença oficial para roupas lifestyle e bonés das ligas norte-americanas NFL (futebol americano), NBA (basquete) e MLB (beisebol) no país.

O estilo mais urbano e esportivo ganha cada vez mais adeptos e transformou a moda da cabeça aos pés. Enquanto cada vez mais executivos usam confortáveis sneakers no lugar dos sapatos sociais, outros acessórios também ganham espaço.

A operação brasileira da New Era busca surfar nessa onda para aumentar suas vendas. A empresa tem ainda uma coleção de roupas, inclusive peças desenvolvidas com estilistas como Marc Jacobs. Os produtos vão de 69 a 300 reais, mas podem chegar a milhares de reais em coleções especiais, como a que foi desenvolvida com a Swarowski.

As peças são tradicionalmente vendidos em lojas multimarcas, com foco no público surfista ou skatista, e podem ser encontradas em mais de 3 mil pontos de venda. Porém, para crescer além dos nichos em que já está estabelecida, a empresa investe em lojas próprias e franquias, dedicadas exclusivamente à marca. “A pessoa conhece toda a coleção e pode ver que somos mais que bonés”, diz Artur Regen, presidente da New Era no Brasil.

As vendas diretamente ao consumidor, por lojas físicas ou pelo comércio eletrônico, já representam 35% das vendas da empresa. Atualmente, são 15 franquias e até o fim de 2019 serão 35, além de 10 lojas próprias. Para 2020, o projeto é chegar de 60 a 80 franquias.

Esse ano, a New Era espera crescer de 5 a 6%, depois de dois anos de crise. Em 2017, a companhia precisou reduzir o tamanho da sua equipe, por conta da crise financeira e queda de vendas.

Além da expansão física, a empresa também busca novidades para suas peças e acessórios. Com isso, conta com a ajuda internacional da companhia. Cada país tem a liberdade para criar coleções de bonés, roupas e acessórios que desejar. Mas, uma vez que a empresa é global, cada operação tem acesso a coleções do mundo inteiro e pode aproveitar os designs. “No Japão, criam mochilas maravilhosas, por exemplo, que ainda não conseguimos trazer para o Brasil”, afirma Regen.

As coleções são então enviadas a cinco fábricas na China para produção. A empresa lança duas coleções por ano, com aproximadamente 1.500 itens diferentes. São mais de 60 milhões de bonés vendidos todos os anos.

De importadora a exemplo de negócio

Criada como uma empresa de chapéus em 1920, a New Era explodiu em 1934 quando criou bonés personalizados para o time de beisebol de Cleeveland.

A empresa chegou no Brasil pelas mãos da Marc4, importadora de produtos de moda criada ao lado de uma confecção familiar de roupas na região do Bom Retiro.

Em 2009, a companhia recebeu um reforço: Artur Regen, que deixava o mercado financeiro, entrou na companhia para cuidar da parte estratégica de reposicionamento da empresa, além das áreas financeira e administrativa. Ao entrar na companhia, ele tinha um objetivo bem claro para a Marc4: profissionalizar a empresa para depois vendê-la.

Entre as mudanças na gestão que ele implantou, foi tirar o peso da empresa dos ombros dos diretores, dar a cada departamento mais liberdade para tomar decisões. “As empresas familiares são muito concentradas na figura do presidente”, disse ele. Também criou novos processos e investiu em governança.

Poucos meses depois, os empresários brasileiros foram convidados para um encontro global de todos os representantes da New Era pelo mundo. Aproveitaram para mostrar seu plano de transformação da companhia. Os americanos se impressionaram com a apresentação e, em dezembro de 2010, compraram uma participação majoritária na empresa de 80% na companhia.

De 2009 a 2015 a receita cresceu entre 50% e 70% ao ano. A companhia saiu de 8 funcionários para 120 hoje. Licenciou dezenas de novas marcas e abriu 10 lojas próprias em outlets. Ampliou os canais de atuação, passando apenas de lojas para surfistas para aquelas voltadas a esportes e estilo urbano, além de boutiques de moda.

Um dos executivos brasileiros foi trabalhar para a New Era global, para desenvolver o departamento de roupas de toda a companhia, replicando o modelo brasileiro de sucesso. Enquanto nos Estados Unidos a esmagadora maioria das vendas da New Era vem dos bonés, no Brasil roupas e outros itens correspondem a metade das vendas - e os americanos querem aprender a fazer o mesmo.

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