Marcelo Scandian, Daniel Scandian e Robson Privado, cofundadores da MadeiraMadeira (MadeiraMadeira/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 10 de agosto de 2022 às 09h49.
O e-commerce de móveis MadeiraMadeira está ampliando seu portfólio para incluir itens que vão do material de construção à decoração. A companhia também tem investido para adicionar serviços à plataforma e expandir suas lojas físicas. Nascida na internet, a MadeiraMadeira já tem 114 lojas espalhadas pelo país e vê espaço para mais. “A ideia é ser uma one stop shop de itens para casa”, diz o CEO Daniel Scandian.
Dentre as categorias disponíveis ao cliente agora estão pisos e revestimentos, portas e janelas, eletrodomésticos, cama, mesa e banho e decoração. A oferta das novas categorias funciona no mesmo modelo que a venda de móveis do marketplace, chamado de dropshipping. Nele, a MadeiraMadeira integra o estoque do fornecedor ao seu próprio sistema.
Assim, quando o cliente faz um pedido, o produto sai diretamente do estoque do fornecedor. Isso permite a oferta de uma gama maior de produtos, com possibilidade de disponibilizar todo o portfólio de um fornecedor. Ao mesmo tempo, garante uma operação mais leve e barata para a MadeiraMadeira, que não precisa investir em estoque próprio.
Em tempos de inflação alta, ter uma operação mais leve é um importante trunfo para a MadeiraMadeira se manter competitiva. A desvantagem é que o tempo de entrega tende a ser um pouco mais longo do que quando o estoque é gerenciado pelo próprio marketplace.
Em outra frente de expansão, a MadeiraMadeira está investindo na adição de serviços oferecidos ao consumidor. Em abril, anunciou a compra da IguanaFix, plataforma de tecnologia de serviços para casa, com foco em montagem de móveis. Outras aquisições estão no radar, em especial no segmento de serviços.
Ao todo, a expansão de categorias de produtos e de serviços oferecidos levou à contratação de cerca de 50 pessoas na companhia.
A MadeiraMadeira também estuda expandir sua presença no varejo físico. A empresa acelerou a abertura de lojas no ano passado -- foram 100 lojas só em 2021 -- e hoje tem 114 unidades. A opção foi por abrir lojas pequenas, entre 100 e 150 metros quadrados, cujo investimento fica em torno de 500 mil reais. “Como estamos optando por lojas menores, temos mais possibilidade de testar ideias”, diz Scandian. O benchmark é a indiana Pepperfry, maior varejista de móveis da Índia, com cerca de 200 lojas no país.
A expansão rápida no varejo físico foi pensada para criar uma massa de dados que permitisse medir com mais precisão o que funciona e o que não funciona nessa operação. Após os ajustes necessários, a ideia é voltar a expandir, possivelmente ainda em 2022. Um dos testes a serem feitos nas unidades já abertas será vender as categorias recém incluídas no portfólio do site, como material de construção e itens de decoração.
A presença no varejo físico também tem impulsionado a venda dos móveis da marca própria da MadeiraMadeira, a CabeCasa. "Hoje, 40% do que é vendido nas unidades físicas são itens da marca própria", diz Ana Gabardo, diretora de marketplace e lojas da MadeiraMadeira.
A aposta nas lojas físicas faz parte da estratégia da companhia para ganhar mercado mantendo-se como um player de nicho. Segundo Scandian, ainda que as compras pela internet estejam avançando, 90% do mercado de móveis ainda é offline. “A migração para o online ainda vai demorar muito. Até lá, para aumentar o meu mercado eu tenho que ir aonde o cliente está”, diz.
No início do ano passado, a MadeiraMadeira recebeu aporte de 190 milhões de dólares, e entrou para o seleto grupo de unicórnios, como são chamadas as empresas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares.
A empresa tem se focado em se tornar um ecossistema de soluções para casa e decoração. Em 2019, criou a BulkyLog, focada em logística. No ano passado, lançou um centro de desenvolvimento de produtos para casa e a sua marca própria.
Apesar dos planos de expansão, a MadeiraMadeira não ficou imune à onda de demissões nas startups. Nesta terça-feira (9), a companhia comunicou o desligamento de cerca de 3% de seus funcionários. Em nota, afirmou que "a decisão faz parte de um movimento da empresa de revisar as estruturas com foco em ganho de eficiência e repriorização de projetos, continuando sua estratégia de crescimento e ganho de escala".
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