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Lucro líquido da BRF fica 19,9% abaixo das expectativas

De acordo com analistas de seis instituições financeiras, a companhia deveria apresentar um lucro líquido de R$ 259,781 milhões no segundo trimestre


	A receita líquida da BRF ficou em R$ 7,525 bilhões entre abril e junho, alta de 10% frente os R$ 6,842 bilhões do segundo trimestre de 2012
 (Adriano Machado/Bloomberg)

A receita líquida da BRF ficou em R$ 7,525 bilhões entre abril e junho, alta de 10% frente os R$ 6,842 bilhões do segundo trimestre de 2012 (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2013 às 12h00.

São Paulo - O lucro líquido de R$ 208 milhões reportado pela empresa de alimentos BRF no segundo trimestre ficou 19,9% abaixo das expectativas do mercado.

De acordo com analistas de seis instituições financeiras consultadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, (Bank Of America Merrill Lynch, BTG Pactual, Goldman Sachs, Itaú Corretora, JPMorgan e Morgan Stanley), a companhia deveria apresentar um lucro líquido de R$ 259,781 milhões no período, bem superior aos R$ 6 milhões no mesmo período de 2012.

Segundo os especialistas, exportações mais fortes e uma base de comparação mais fraca impulsionaram os resultados da companhia no período. A BRF ainda afirmou que o lucro líquido deste trimestre teve um efeito não caixa da desvalorização do real ante o dólar.

O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 801 milhões apresentado pela BRF no segundo trimestre também ficou abaixo (-9%) das expectativas. O projetado pelos especialistas para o período era de uma cifra de R$ 880,6 milhões. A margem Ebitda reportada ficou 1,6 ponto porcentual abaixo da esperada, de 11,6%.

A empresa ainda anunciou o Ebitda ajustado do segundo trimestre, que ficou em R$ 910 milhões, alta de 61% ante o de R$ 565 milhões do mesmo período de 2012.

A margem nesse conceito ficou em 12,1%. O indicador ajustado refere-se a outros resultados operacionais (despesas e receitas com troca de ativos), equivalência patrimonial e participação de acionistas não controladores.

Para a receita líquida, as estimativas apontavam uma cifra de R$ 7,568 bilhões e a apresentada pela BRF foi de R$ 7,525 bilhões, portanto, em linha. O Broadcast considera que o resultado está em linha com as projeções quando a variação para cima ou para baixo é de até 5%.


Desempenho

No relatório de resultados, a empresa destacou que os números do segundo trimestre foram "favoráveis, apesar do consumo mais retraído do mercado doméstico".

Segundo a BRF, o desafio da operação no mercado interno foi mitigar esses efeitos e da vendas dos ativos e suspensão de marcas definido pelo acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na época da fusão com Sadia e Perdigão.

A receita líquida da BRF ficou em R$ 7,525 bilhões entre abril e junho, alta de 10% frente os R$ 6,842 bilhões do segundo trimestre de 2012. A receita com vendas no mercado interno da BRF totalizou R$ 4,101 bilhões no segundo trimestre.

O resultado foi 3% maior do que a cifra de R$ 3,970 bilhões obtida no mesmo período do ano passado. Em volume, houve queda de 11,5%. Os preços médios praticados no período ficaram 17,8% superiores ante alta de 13,5% dos custos médios.

No primeiro semestre, a receita líquida da BRF totalizou R$ 14,734 bilhões, incremento de 12% ante a de R$ 13,179 bilhões dos primeiros seis meses do ano passado. A comercialização de itens no mercado doméstico gerou receita de R$ 8,170 bilhões, 4% maior do que a de R$ 7,886 bilhões do primeiro semestre de 2012. Os volumes caíram 9,5%, mas os preços médios subiram 15,2% e os custos tiveram alta de 10,4%.

"Para 2013, a empresa continua focada em ações estratégicas para o mercado interno que comportam: identificação do papel e o posicionamento de cada categoria no mercado; estabelecimento de estratégias para cada marca; e a captura das sinergias por meio de aumento da produtividade e eficiência a baixo custo, com o respaldo da consolidação da fusão e a integração da distribuição", afirma a companhia, no relatório.


Mesmo diante de um cenário desfavorável no mercado interno, a empresa conseguiu registrar fatias acima de 50% nas categorias as quais atua - exceto lácteos, com 10,4% (base abril/maio, dados AC Nielsen). Em margarinas e massas (mesma base de comparação de lácteos), as participações de mercado da BRF ficaram em 56,5% e 61,3%, respectivamente. Em industrializados, congelados e pizzas, as fatias correspondentes foram de 52,9%, 62,6% e 53,1%.

"No comparativo com o ano anterior, além dos lançamentos que respaldaram o desempenho no mercado interno, as exportações tiveram recuperação importante devido a um equilíbrio entre oferta e demanda mundial. Os segmentos de food service e lácteos também tiveram desempenhos superiores ao mesmo período do ano anterior", disseram o presidente do Conselho de Administração, Abilio Diniz, e o diretor-presidente da companhia, José Antônio do Prado Fay, que assinam a mensagem contida no relatório.

Diniz e Fay ainda afirmaram que, para se fortalecer e expandir os negócios no mercado internacional, a empresa avança nas discussões do "Plano de Aceleração de Crescimento" e examina "as oportunidades para revisão de processos que possam agregar valor aos negócios", mas não dá mais detalhes do que seriam as medidas.

O mercado espera por mudanças na companhia, com a chegada de Diniz à frente do colegiado e da contratação da Galeazzi & Associados, consultoria de gestão empresarial do ex-presidente do Pão de Açúcar Cláudio Galeazzi, homem de confiança de Diniz. Havia um prazo de cem dias estipulado pelo empresário - que entrou no lugar de Nildemar Secches, em 9 de abril - para analisar a empresa e concluir o que pode ser mudado.

Conhecida no mercado por fazer reestruturações especialmente na redução de custos e eficiência operacional com enxugamento de pessoal, a consultoria pode diminuir a quantidade atual de executivos - cerca de 50.

Além disso, o mercado já fala em algumas mudanças operacionais, como na estratégia de venda no mercado interno; uma nova onda de corte de custos nas operações, incluindo em eficiências de unidades, distribuição, entre outros e foco no capital empregado e retorno.

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