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Lucro da Marfrig bate recorde de R$ 3,3 bi em 2020 com operação nos EUA

A empresa, maior produtora mundial de hambúrgueres, registrou receitas líquidas de 67,5 bilhões de reais, um crescimento de 35,3% em relação a 2019

(Paulo Whitaker/Reuters)
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Reuters

Publicado em 8 de março de 2021 às 19h06.

Última atualização em 8 de março de 2021 às 20h07.

A Marfrig Global Foods reportou lucro líquido recorde de 3,3 bilhões de reais para 2020, uma disparada ante os 218 milhões de reais registrados no ano anterior, com forte participação da operação da empresa na América do Norte, informou a companhia nesta segunda-feira.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 2020 saltou 99,4%, para 9,6 bilhões de reais, com margem de 14,2%.

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A empresa, maior produtora mundial de hambúrgueres, ainda registrou receitas líquidas de 67,5 bilhões de reais, um crescimento de 35,3% em relação a 2019.

A Operação América do Norte, em meio a um ciclo extremamente positivo da pecuária, representa aproximadamente 72% da receita líquida total da Marfrig e cerca de 80% do Ebitda.

"Os principais drivers são maior disponibilidade de gado gordo... grande demanda por carne e também nos beneficiamos porque os consumidores (americanos) comeram muito mais em casa do que em restaurantes", disse à Reuters o CEO da Marfrig para América do Norte, Tim Klein.

Segundo ele, houve uma parcela do gado dos Estados Unidos que não foi para abate no segundo trimestre do ano passado, momento em que diversas industrias do setor reduziram suas capacidades de utilização para conter a disseminação do coronavírus.

Agora, a ampla disponibilidade de animais para abate reduz custos para a companhia e o cenário é promissor para o decorrer do ano -- cenário oposto ao visto no Brasil, onde a arroba bovina tem renovado máximas.

"Estamos nos beneficiando do amplo abastecimento de gado vivo, esperamos que as margens do trimestre levem a uma boa receita, um lucro bom", afirmou Klein sobre suas impressões para o primeiro trimestre de 2021.

Ele disse que, com certeza, o ciclo pecuário dos EUA vai continuar favorecendo a operação norte-americana da Marfrig neste ano, assim como a demanda naquele país, uma vez que a população contará com a contribuição de um pacote financeiro promovido pelo governo federal, para auxílio ante a pandemia.

No acumulado de 2020, o lucro bruto da Operação América do Norte atingiu 1,7 bilhão de dólares, expansão de 40,8%. O Ebitda da unidade registrou um crescimento de 46,5%, totalizando 1,4 bilhão de dólares.

Somente no quarto trimestre de 2020, o lucro líquido da Marfrig foi de 1,171 bilhão de reais, cerca de 43 vezes superior ao desempenho do mesmo período de 2019. O Ebitda ajustado cresceu 30,3% no comparativo anual, para chegando a 2,1 bilhões de reais e o fluxo de caixa operacional livre cresceu saltou 165% em bases anualizadas, ao atingir 1,5 bilhão de reais.

Neste cenário, o Conselho de Administração da Marfrig propôs à Assembleia Geral Ordinária, marcada para 8 de abril, a distribuição de 141 milhões de reais em dividendos, 0,20 real por ação --valor equivalente a 50% do lucro líquido distribuível aos acionistas.

AMÉRICA DO SUL

No acumulado de 2020, as receitas da Operação América do Sul --composta por Brasil, Argentina, Uruguai e Chile-- chegaram a 18,6 bilhões de reais, expansão de 25,4%. O lucro bruto subiu 65,1%, para 2,9 bilhões de reais e o Ebitda chegou a 2,1 bilhões, 106% acima do apresentado em 2019.

A região, principalmente o Brasil, se beneficiou de um avanço expressivo nas exportações de carne bovina, com destaque para a China, desvalorização das moedas locais e boa precificação dos produtos, disse o CEO da Marfrig para a América do Sul, Miguel Gularte.

"Conseguimos aumentar volume de vendas mesmo com diminuição nos abates", afirmou o executivo.

Em meio a um cenário de baixa oferta de gado, os abates da companhia no Brasil recuaram 14% no ano passado, enquanto o país, como um todo, reduziu em 10% seus abates, comparou o executivo.

Em contrapartida, as exportações de carne in natura da Marfrig no Brasil subiram 27% em volume e 25% em receita em 2020. No mesmo período, Gularte disse que o país avançou 10% em volume e 14% em receita com a venda da proteína.

Somente para a China, os embarques da Marfrig dispararam 152% em volume e 104% em faturamento, somando a entrada de produtos por Hong Kong, esses números passam para 111% e 285%, respectivamente.

"Isso acontece porque estamos trabalhando em um cenário... com diferença entre o dólar e o real que viabiliza as exportações e a Marfrig tem um sistema de 'price' (preços) onde está a todo tempo na melhor opção", explicou Gularte.

Ele ainda espera que a demanda externa permaneça aquecida em 2021, com China, Estados Unidos e melhores vendas para países do Oriente Médio que estão avançando em suas campanhas de vacinação contra a Covid-19.

No mercado doméstico, Gularte admitiu que o food service foi afetado pela pandemia, mas o setor representa somente cerca de 7% dos negócios da companhia.

Sobre o alto custo do gado no Brasil, ele afirmou que, mesmo com a diversificação de origens que a empresa possui na América do Sul e com ganhos na área de processados, as margens estão desafiadoras pressionados pelo valor da matéria-prima brasileira.

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