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Loja da Animale na Oscar Freire, em SP, é acusada de racismo

Pai relata que loja da Animale na rua Oscar Freire expulsou, por racismo, um garoto de 8 anos que estava na calçada

Foto de loja da Animale na Oscar Freire que teria expulsado garoto negro de 8 anos da calçada (Reprodução/Facebook/Jonathan Duran)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2015 às 21h55.

São Paulo - Uma loja na Rua Oscar Freire, nos Jardins, em São Paulo , é acusada de ter expulsado, por racismo , um garoto de 8 anos que estava na calçada em frente à sua fachada.

O relato, publicado pelo pai do menino no Facebook, está reverberando nas redes sociais. "O meu filho e eu fomos expulsos da frente desta loja enquanto eu fazia uma ligação (telefônica) porque, em certos lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a cor errada", postou Jonathan Duran, americano que trabalha no mercado financeiro, radicado no Brasil há 19 anos, morador da zona oeste da cidade.

Por sugestão de uma amiga, ele tornou a postagem pública e logo recebeu o apoio de milhares de pessoas indignadas com o ocorrido - até às 19h30 desta terça, já eram mais de 2,5 mil compartilhamentos.

De acordo com Duran, seu filho de 8 anos foi vítima de racismo na porta da Animale, loja que tem uma de suas unidades na Rua Oscar Freire, em São Paulo.

No último sábado, 28, ele passeava pela região com o filho e a mulher, a assistente social Ednilce Duran.

"Ela estava em uma loja de sapatos e eu e meu filho fomos comprar sorvete. Como nos desencontramos, paramos na porta da loja para ligar para ela", conta ele.

"Foi quando uma vendedora saiu, olhou para meu filho e disse: ‘Ele não pode vender essas coisas aqui’. Fiquei sem reação e fomos embora." Duran disse que, revoltado, chegou a voltar à loja mas, ignorado pela funcionária, achou melhor sair sem brigar.

Ele não registrou boletim de ocorrência e diz que não pretende processar a marca. "Isso leva muito tempo e preferi levantar a questão de outra forma", afirma.

No início da noite desta terça, quando a reportagem telefonou para a unidade Oscar Freire da loja, quem atendeu diretamente a ligação foi um funcionário afirmando ser assessor de imprensa.

A empresa, entretanto, preferiu se posicionar por meio de nota, informando "que já entrou em contato com Jonathan Duran e reitera que repudia qualquer ato de discriminação".

Quando a reportagem perguntou o que foi dito nesse contato ou quais medidas a loja pretende adotar para coibir novos atos do tipo, a assessoria simplesmente afirmou que "a Animale repudia qualquer ato de discriminação e o evento está sendo apurado internamente".

A resposta não convenceu a família Duran, que ainda aguarda um pedido de desculpas oficial. "Não está nada resolvido. Abri um diálogo com eles, mas me decepcionei novamente com a postura da empresa. O pedido foi fraco", afirma o pai.

Em nota postada na página da grife no Facebook, a Animale diz que "sempre se posicionou de forma democrática em todas as sua expressões". Convidou ainda os clientes para conhecerem as lojas, que têm, segundo a empresa, "uma grande equipe formada por profissionais das mais diversas etnias, orientações sexuais e credos. Sem limitações de imagens perfeitas impostas pela moda".

Duran não parece convencido pela postagem. "Está claro que foi um texto escrito por advogados e relações públicas para não comprometer a imagem da marca", comenta.

Para ele, o racismo no Brasil ocorre de maneira velada e deve ser discutido com urgência. "Acho irônico que isso tenha acontecido bem na Oscar Freire. No mundo do meu filho, que é de classe média, não há muitos negros. Ele não entende o que é isso ainda, mas de alguma forma sente. Sou da Luisiana, estado americano que tem muitos negros. Em uma viagem recente para lá, ele me disse. ‘Eu gosto daqui porque tem muita gente marrom’."

Leia o post publicado por Jonathan Duran sobre o caso:

My son and I just got kicked out from in front of this store while I was making a phone call because in certain parts of...

Posted by Jonathan Duran on Sábado, 28 de março de 2015

São Paulo – Na última quinta-feira, a rede de lojas de departamento Riachuelo foi alvo de denúncias por racismo , ao publicar uma campanha em que uma mulher negra servia uma branca. Porém, este não foi o primeiro caso. Marcas como Nivea , Dove , Bombril e Microsoft já protagonizaram episódios assim e tiveram que se desculpar perante aos consumidores. Relembre, a seguir, outras campanhas acusadas de promover o racismo:
  • 2. Riachuelo

    2 /8(Reprodução/Youtube)

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    A Riachuelo causou polêmica nas redes na tarde de ontem ao divulgar a campanha para o Dia Internacional da Mulher. Nela, uma mulher negra serve uma branca. Com o conceito “O dia da mulher brasileira”, o filme de trinta segundos traz uma modelo branca como principal, seguida dos braços, mãos e sombras de uma mulher negra colocando acessórios da Riachuelo - como colares e sapatos - nela. A reação dos internautas nas redes sociais foi tão negativa que a marca retirou o vídeo da campanha do Youtube horas após a publicação.
  • 3. Microsoft

    3 /8(Getty Images)

  • Em 2009, a Microsoft pediu desculpas publicamente ao ter o nome de sua marca envolvida em uma denúncia de racismo. Ao publicar uma campanha global, a marca utilizou três modelos, sendo um deles negro. A polêmica foi gerada porque, apesar de ter âmbito mundial, a empresa de softwares substituiu o personagem negro por um branco para divulgar a peça na Polônia . A troca, no entanto, ocorreu apenas no rosto dos personagens, pois as roupas e as mãos permaneceram as mesmas, o que gerou comentários negativos por parte dos internautas que perceberam a gafe.
  • 4. Duloren

    4 /8(Divulgação/Duloren)

    Em 2012, a marca de lingerie Duloren teve que tirar de circulação uma campanha publicitária a pedido do Conar . O fato se deu, pois o anúncio trazia uma mulher negra vestindo lingerie ao lado de um militar desacordado sem o quepe. Ao lado da foto, o slogan “Pacificar foi fácil, quero ver dominar”, gerou polêmica entre os internautas, que consideraram a ação racista e machista.
  • 5. Bombril

    5 /8(Divulgação)

    A Bombril recebeu uma denúncia da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial em 2012, pela campanha “Mulheres que Brilham”. A polêmica ocorreu, pois o logo da marca estava sobre os cabelos de uma caricatura de mulher negra, o que acabou remetendo o produto da empresa aos cabelos crespos. Apesar da denúncia não ter sido acatada pelo Conar , a Bombril alterou a imagem da campanha para evitar outras confusões.
  • 6. PepsiCo

    6 /8(Bloomberg)

    No ano passado, a PepsiCo retirou uma campanha do refrigerante Mountain Dew do ar depois de ter sido acusada de racismo e de banalização da violência contra a mulher. A peça era um vídeo de um minuto, que retratava uma mulher indo à delegacia denunciar uma agressão. No local, o policial pediu para que a moça identificasse os agressores entre um grupo de suspeitos que estavam enfileirados. Entre os suspeitos, estavam homens negros e um bode. Para piorar a situação da marca, o bode ameaçou atacar a mulher no vídeo novamente, caso ela o denunciasse para a polícia. A PepsiCo pediu desculpas pelo anúncio e afirmou assumir total responsabilidade por qualquer ofensa causada pela propaganda.
  • 7. Dunkin Donuts

    7 /8(Reprodução)

    A marca de rosquinhas Dunkin’ Donuts pediu desculpas publicamente no segundo semestre de 2013, após ser acusada de racismo pela organização Human Rights Watch. De acordo com a organização, a peça publicitária, que era composta por uma mulher negra com lábios brilhantes segurando uma rosquinha preta, era chocante e racista. Após polêmica, a empresa tirou a campanha de circulação.
  • 8. Veja, também, 10 marcas que bombaram nas redes sociais com o Oscar

    8 /8(Reuters)

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