Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:
seloNegócios

Liderando equipes remotas: o desafio do home office

Passada a turbulência da pandemia e também a empolgação com as novas formas de trabalho, surge uma questão muito importante: como liderar equipes remotamente?

Modo escuro

Continua após a publicidade
Durante a pandemia no Brasil, de acordo com levantamento da consultoria BTA em 2020, 43% das empresas tornou o home office um padrão, e segundo estimativas de diversas consultorias ao longo de 2020, havia a tendência de que este formato crescesse cerca de 30% após a pandemia (Alistair Berg/Getty Images)

Durante a pandemia no Brasil, de acordo com levantamento da consultoria BTA em 2020, 43% das empresas tornou o home office um padrão, e segundo estimativas de diversas consultorias ao longo de 2020, havia a tendência de que este formato crescesse cerca de 30% após a pandemia (Alistair Berg/Getty Images)

D
Diocélio Goulart e Henrique de Castro Neves, professores da Fundação Dom Cabral

Publicado em 12 de junho de 2022 às, 10h50.

Uma consequência provável da pandemia da Covid-19 foi a aceleração da digitalização dos negócios com a mudança de atividades predominantemente off-line para pontos de venda online e o desenvolvimento do trabalho por meio do home office. Mas será que todas empresas se beneficiaram da digitalização? Ou somente aquelas que já usavam a tecnologia de forma intensiva?

O trabalho remoto implica na realização das atividades da organização fora do escritório, em um local virtual, como a casa do colaborador. Embora muitas das tecnologias para permitir o trabalho remoto já existam há pelo menos uma década, a maioria das empresas a adotava.

Assine a newsletter EMPREENDA e receba, gratuitamente, conteúdos para impulsionar seu negócio!

Como liderar equipes remotamente?

Contudo, pela necessidade emergencial, muitas organizações passaram a usar ferramentas de videoconferência e aplicativos diversos de interação virtual. Tecnologias emergentes foram empregadas para mudar para atividades de trabalho e formação de habilidades remotas.

Essa mudança proporcionou para alguns profissionais um momento inicial de euforia e satisfação com os benefícios de um home office. Passada a turbulência e também a empolgação, surge uma questão muito importante: como liderar equipes remotamente?

Durante a pandemia no Brasil, de acordo com levantamento da consultoria BTA em 2020, 43% das empresas tornou o home office um padrão, e segundo estimativas de diversas consultorias ao longo de 2020, havia a tendência de que este formato crescesse cerca de 30% após a pandemia.

Com a imunização e a flexibilização das restrições, aos poucos as atividades presenciais foram sendo retomadas.

Contudo, o novo formato de trabalho permaneceu e vem se mostrando cada vez mais consistente e acessível a pelo menos 17,8% dos trabalhadores ocupados no Brasil, segundo dados de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) de 2021, que aponta um potencial de alcançar um quarto dos profissionais (25,5%), número bem próximo do auferido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2020 (22,7%).

Mas e o líder nesta história toda?

Líderes e gestores de todos os segmentos tiveram que reaprender a liderar e gerir pessoas remotamente, sem perder o engajamento e tantos outros importantes elementos que afetam o resultado. Além disso, começam a chegar os novos contratados por processos seletivos não presenciais e que nunca pisaram na sede da companhia, que não conhecem os líderes e tampouco colegas.

Por outro lado, como os escritórios virtuais não são limitados pelo espaço, as empresas têm acesso a novos grupos de mão de obra para recrutar talentos e em qualquer lugar do planeta, talvez podendo resolver demandas que antes eram complexas.

Já um grande desafio para as empresas é o fato de que o trabalho remoto exige videoconferências frequentes e/ou transmissão de dados em larga escala e nesse caso depende do acesso a conexões de internet de alta velocidade, o que muitas vezes é um dificultador em determinados locais e nas economias em desenvolvimento, como o Brasil.

Home office pode dimunuir eficiência?

Não é claro também se a perda dos meios de comunicação não-verbal, que são proporcionados pela interação presencial, pode diminuir a eficiência interna da empresa, resultar em mais mal-entendidos e reduzir a empatia.

Algumas organizações eventualmente podem adotar novas formas de vigilância digital intrusiva, que, mesmo não amplamente implantadas, podem levar a um aumento da desconfiança sobre as motivações do empregador.

E por um lado, existe a dificuldade de monitorar a produtividade do colaborador decorrente da digitalização do trabalho, o que pode levar as empresas a exigir maior produção dos funcionários.

Como fica equilíbrio vida pessoal e profissional?

Um aspecto negativo é que a digitalização pode atrapalhar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e os efeitos de longo prazo na saúde ainda permanecem desconhecidos.

Trabalhadores com filhos pequenos precisam equilibrar as demandas de trabalho em tempo integral e administrar o lar e cuidar das crianças, colocando-os sob maior estresse do que pessoas sem filhos ou com a prole crescida.

Algumas dicas para os gestores de equipes em home office:

  • Flexibilidade

Talvez esta tenha sido a palavra de ordem na pandemia, mas sem dúvidas quando tratamos do home office é chave. A inflexibilidade organizacional caracterizada pela falta de vontade de mudar o regime de trabalho e também pela falta de conhecimento das empresas sobre as mais recentes tecnologias e os ganhos potenciais da digitalização podem contribuir negativamente para a adoção do trabalho remoto. Uma alternativa pode ser o regime híbrido, no qual os trabalhadores podem se revezar entre o trabalho remoto e presencial, podendo usufruir do melhor dos dois mundos. E facilitando nesse caso o engajamento dos times por meio dos encontros presenciais.

  • Talentos globais

Sabe aquela descrição de cargos com, literalmente, tudo aquilo que você gestor esperava encontrar para preencher aquela posição-chave? A boa notícia é que mesmo que este candidato esteja morando no Camboja, na Noruega ou na Austrália, isso não necessariamente será um problema para contratá-lo. A flexibilidade e o crescimento do espaço de trabalho no mundo digital possibilitaram o advento da chamada Gig economy, conceito novo no qual os trabalhadores têm a possibilidade de atuar com mais liberdade, com flexibilidade de espaço e horários e com relações de trabalho mais dinâmicas, são os chamados freelancers dessa nova economia.

  • Ampliação da Diversidade

O teletrabalho não só permite a contratação de profissionais em qualquer canto do mundo, como também oportuniza a contratação de talentos de grupos considerados minoritários no universo corporativo, afinal, trabalhando de casa temas como acessibilidade e mesmo questões pessoais são mais facilmente equilibradas.

  • Ficar atento ao risco do Burnout

Esta síndrome, também chamada de esgotamento profissional, é uma doença laboral que, lamentavelmente, cresceu em paralelo ao teletrabalho. É comum colaboradores se pegam trabalhando fora do horário comercial, em busca de mais tranquilidade em casa, ou porque a conexão à internet fica melhor. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência, em 2020 houve 20% mais afastamentos por burnout do que no ano anterior. O resultado é a redução na produtividade provocada pelos afastamentos e o aumento do estresse causado pela intensificação do trabalho.

  • Foco no engajamento das equipes

Faz parte da natureza do ser humano as interações sociais. É demonstrado pela ciência que, quanto melhor e mais saudáveis forem estas relações, há a criação de fortes vínculos com as outras pessoas. Diversos valores, pessoais ou corporativos, como a empatia e o respeito, nascem de relacionamentos. Por isso, é importante um tempo para as interações individuais e atividades que permitam que os colaboradores interajam mesmo sem atividades laborais específicas.

  • Cultura digital

É fundamental a existência de acesso a uma conexão estável para os colaboradores com a Internet e aos sistemas e bancos de dados da empresa. Um plano de investimentos robusto e consistente deve existir para adoção de novas tecnologias para colaboração corporativa. O conhecimento técnico deve ser incentivado para facilitar a digitalização por meio de treinamentos e workshops.

  • Segurança e privacidade

As preocupações com a privacidade dos trabalhadores e outras partes interessadas devem ser consideradas e respeitadas. As incertezas sobre os riscos de segurança e instalações virtuais não seguras devem ser minimizadas com a adoção de ferramentas de proteção, como antivírus e também realização de auditorias periódicas. A empresa deve demonstrar que tem capacidade de resistir à ameaça de ataques cibernéticos e hackers. Dessa forma reduzindo os riscos de interrupções de internet, de acesso e vazamento de dados. É preciso incentivar o desenvolvimento do conhecimento das medidas de segurança e proteção inerentes à digitalização dos processos.

Enquanto caminhamos para uma visão mais clara acerca da vida pós-pandemia, precisamos avaliar as novas rotinas, especialmente dos gestores em home office e suas equipes, não apenas para preservar a saúde e a segurança dos colaboradores, mas também, para garantir que as relações seguirão saudáveis e que as empresas e suas equipes seguirão crescendo sem que velhos e novos problemas surjam de uma geração de funcionário que só se conhece virtualmente.

Do ponto de vista prático, a crise apresentou oportunidades para as empresas adotarem mais estratégias de digitalização por meio do trabalho remoto. Com a visão adequada das lideranças, essa pode ser uma estratégia eficaz para enfrentar tempestades e ajudar as companhias a enfrentarem crises de forma mais resiliente.

VEJA TAMBÉM:

Sócios na vida e nos negócios: casais dão dicas de como empreender juntos

Aos 60, ela abandonou CLT e decidiu abrir empresa de marmitas fitness

“Rainha do vaso sanitário”, ela comanda um negócio de R$ 1 bilhão

Últimas Notícias

Ver mais
Bares e restaurantes esperam faturamento 7% maior com festas corporativas

seloNegócios

Bares e restaurantes esperam faturamento 7% maior com festas corporativas

Há 3 horas

Programa do Sebrae vai investir R$ 400 milhões em inovação para pequenos negócios

seloNegócios

Programa do Sebrae vai investir R$ 400 milhões em inovação para pequenos negócios

Há 4 horas

30 franquias baratas para empreender sem funcionários a partir de R$ 4.520 em 2024

seloNegócios

30 franquias baratas para empreender sem funcionários a partir de R$ 4.520 em 2024

Há um dia

Esta empreendedora criou o sushittone — e já faturou mais de R$ 165 mil em uma semana

seloNegócios

Esta empreendedora criou o sushittone — e já faturou mais de R$ 165 mil em uma semana

Há um dia

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Oracle realiza evento gratuito sobre o poder da IA para transformar os negócios

Oracle realiza evento gratuito sobre o poder da IA para transformar os negócios

Lead Energy quer reduzir R$ 1 bi na conta de luz dos brasileiros até 2027

Lead Energy quer reduzir R$ 1 bi na conta de luz dos brasileiros até 2027

Ceará deve se tornar um dos maiores produtores do combustível do futuro

Ceará deve se tornar um dos maiores produtores do combustível do futuro

“O número de ciberataques tem crescido 20% ao ano”, diz a Huawei

“O número de ciberataques tem crescido 20% ao ano”, diz a Huawei

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais