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Lava Jato afeta 51 mil empresas e 500 mil empregos

51 mil empresas estão relacionadas às 23 empreiteiras investigadas; são fornecedoras, investidores, prestadores de serviços e outros


	AGU: 51 mil empresas estão relacionadas às 23 empreiteiras investigadas
 (Agência Petrobras)

AGU: 51 mil empresas estão relacionadas às 23 empreiteiras investigadas (Agência Petrobras)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 7 de maio de 2015 às 18h10.

São Paulo - Mais de 51 mil empresas estão em risco por conta da Operação Lava Jato, afirmou o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.

Essas milhares de companhias dependem das 23 empreiteiras que estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que podem fechar por conta do envolvimento com o escândalo de corrupção da Petrobras.

As 23 empresas que estão sendo investigadas compõe um quadro de 51 mil CNPJs. Estas são fornecedoras, investidores e prestadores de serviços, que seriam afetadas pela restrição ou fechamento das empreiteiras.

Segundo o advogado, elas também são responsáveis por quase 500 mil empregos. Juntas, elas correspondem a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Adams afirmou que o governo está fortalecendo instituições para eliminar a corrupção do país.

“Se a empresa, tendo os instrumentos para fazer essa mudança [para se adequar à Lei de Combate à Corrupção], não o faz ou não deseja fazer, vai sofrer as consequências da lei. Vai ser punida.”

No entanto, ele citou os impactos dessas medidas. “Fechar os olhos para esse impacto, no entanto, se torna um verdadeiro absurdo”, afirmou ele, durante seminário promovido pelo jornal Valor, que debateu a Lei Anticorrupção, a 12.846.

Consequências

A desaceleração dos investimentos da Petrobras, causada pelo prejuízo recorde da companhia, e a investigação das 23 empreiteiras envolvidas com a estatal pode levar a paralisações de projetos e cortes de funcionários.

Uma das empresas mais afetadas é a Lupatech. A empresa, que fornece tubulação para plataformas e passou por processo de recuperação extrajucicial, registrou um prejuízo 67% maior em 2014 em comparação com 2013.

A Sete Brasil, principal parceira da Petrobras na exploração do pré-sal, é outra companhia que está em risco por conta das investigações da Polícia Federal.

A estatal diminuiu o pedido de construção de sondas e a companhia passa por dificuldades para conseguir empréstimos e enfrenta rebaixamento de rating.

Outro exemplo são as obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). No fim de janeiro, a Petrobras rompeu o contrato com a empresa Alumini para esse projeto. Cerca de 2.500 devem ser demitidos do canteiro de obras.

Em outubro, outros 4.900 empregados da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, também haviam sido desligados após problemas com a principal cliente.

O estaleiro Engevix também não consegue obter recursos. A Caixa Econômica Federal não liberou a primeira parcela de um empréstimo de 260 milhões de reais. O valor está bloqueado desde outubro do ano passado.

Por isso, o estaleiro pode demitir 7 mil trabalhadores no município de São José do Norte (RS)

Desde dezembro do ano passado, estaleiros já demitiram 10 mil pessoas. Até julho, se a crise se agravar e a situação da Petrobras e da Sete Brasil continuarem indefinidas, o número pode subir para 40 mil demissões.

Para o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), as dificuldades no setor podem se prolongar por muitos anos. 

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