Latam pede recuperação nos EUA e reforça dificuldade das aéreas
Companhia afirmou que estava "saudável" antes da pandemia, e anunciou aporte de 900 milhões de dólares de seus investidores
Felipe Giacomelli
Publicado em 26 de maio de 2020 às 07h19.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 14h34.
A companhia aérea Latam confirmou as expectativas e entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na madrugada desta terça-feira. Estão incluídas no pedido o grupo Latam e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos -- Brasil, Argentina e Paraguai ficaram de fora.
Segundo comunicado, a companhia inicia o processo de reorganização e reestruturação voluntária de sua dívida com o apoio das famílias Cueto (do Chile) e Amaro (do Brasil) e da Qatar Airways, entre os maiores acionistas da companhia, que junto se comprometeram com financiamento de 900 milhões de dólares. O grupo tem, ainda segundo o comunicado, 1,3 bilhão de dólares em caixa.
"Diante dos efeitos da covid-19 no setor mundial de aviação, esse processo de reorganização oferece à Latam a oportunidade de trabalhar com os credores do grupo e outras partes interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando", afirmou a empresa.
Mundo afora a demanda por voos caiu mais de 90% na pandemia. Algumas empresas, como a britânica Flybe, já fecharam. Outra britânica, a RyanAir, anunciou queda de 99,5% no número de voos. Nos Estados Unidos, as sete maiores empresas aéreas valem menos que a startup de videoconferência Zoom.
A franco-holandesa Air France-KLM tem hoje reunião com investidores para apresentar um plano de retomada. A alemã Lufthansa acertou um pacote de resgate de 9,8 bilhões de dólares com o governo em troca de 20% das ações da empresa.
No Brasil, Azul, Gol e a própria Latam esperam um pacote de resgate do governo que pode chegar a 4 bilhões de reais. Para todas elas, a retomada aos negócios deve ser com assentos reduzidos e com medidas extras de segurança, o que tende a ampliar custos. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, sigla em inglês) prevê que a demanda por voos internacionais só volte aos patamares anteriores à pandemia em 2024.