JBS é processado por pecuarista por supostas perdas em contratos
Frigorífico afirma que acordo seguiu as práticas do mercado de futuros
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 17h52.
São Paulo - O JBS Friboi, maior processador de carnes do mundo, está sendo processado por um pecuarista do Mato Grosso por, supostamente, ter lhe causado prejuízos com contratos futuros de boi. O produtor Milton Clemente Juvenal, de Nova Mutum, acionou três empresas do grupo: a JBS SA, o Banco JBS e o JBS Negócios Agropecuários – uma consultoria ligada ao banco.
O produtor afirma que, em março deste ano, contratou a JBS Negócios Agropecuários para projetar a produção de gado de corte. O acordo determinava que o projeto seria financiado pelo Banco JBS, e uma parte do gado seria vendida ao frigorífico.
Em junho, a consultoria do JBS teria negociado com o frigorífico do grupo a data de abate e o valor da arroba em condições que teriam causado “enormes prejuízos” ao pecuarista, segundo o seu advogado, Nacir Sales. O advogado afirma que a arroba foi negociada a 70 reais, quando o custo de produção era de 78 reais.
Diante disso, o produtor recorreu foi aos tribunais. O juiz da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, Júlio César Silva de Mendonça Franco, determinou um prazo de dez dias para que o JBS entregue ao pecuarista o projeto de produção de corte acertado com o JBS Negócios Agropecuários, bem como as notas de negociações, que, segundo Sales, teriam sido negociadas fora dos padrões.
O juiz também determinou que o frigorífico não pode arrestar o rebanho do reclamante.
Contrato-padrão
O diretor jurídico do JBS, Francisco de Assis e Silva, afirma que o grupo ainda não foi formalmente intimado a prestar depoimento. De acordo com Silva, as determinações da Justiça não fazem sentido, pois o pecuarista teria acesso a toda a papelada que está solicitando.
Segundo o advogado do JBS, o produtor possui dois contratos com o grupo. O primeiro é a linha de crédito que lhe foi aberta no Banco JBS, no valor de 7 milhões de reais. Esse financiamento vence em janeiro. “Ele não está inadimplente com o banco, porque a linha ainda não venceu”, afirma Assis e Silva.
O outro tipo de contrato que o liga ao JBS são os de boi a termo. Segundo o advogado do JBS, os contratos representam cerca de 4.000 cabeças-de-gado que deveriam ser entregues pelo produtor, de acordo com o vencimento dos papéis. “Nesse caso, ele já está inadimplente”, diz, referindo-se aos bois que não foram levados a abate.
Quanto ao modelo de contrato, Assis e Silva afirma que os acordos de boi a termo são padronizados. Por isso, o advogado afirma que não há sentido na queixa de que o JBS tenha, deliberadamente, prejudicado o produtor. “Quando se fecha um contrato de boi futuro, o preço pode tanto subir ou descer; depende da aposta do produtor”, afirma.
Para Assis e Silva, também não procede a reclamação de que o JBS Negócios Agropecuários teria agido de modo a favorecer o frigorífico e lesar o pecuarista. “Quem fixa o preço da arroba é o mercado, não o frigorífico”, diz.