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JBS anuncia parada em unidades no MS e afeta mercados de boi

A empresa informou a suspensão por tempo indeterminado após a Justiça bloquear R$ 30 milhões devido a questões tributárias no estado

JBS: a maioria dos frigoríficos no estado está fora das compras nesta quarta-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 19h12.

Última atualização em 18 de outubro de 2017 às 19h32.

São Paulo - Os preços da arroba do boi gordo apresentaram queda nesta quarta-feira em algumas praças do Brasil, com as baixas mais acentuadas em Mato Grosso do Sul, onde a empresa de alimentos JBS anunciou a paralisação das atividades de compra e abate em suas sete unidades de carne bovina.

A JBS, maior produtor global de carnes, informou em nota nesta quarta-feira que suspenderá por tempo indeterminado as atividades em Mato Grosso do Sul, grande produtor de gado, após a Justiça bloquear 730 milhões de reais devido a questões tributárias no Estado.

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Com a suspensão das compras, a maioria dos frigoríficos no Estado - onde a JBS tem como principal concorrente a Marfrig -, está fora das compras nesta quarta-feira, aguardando possivelmente melhores oportunidades de negócios, diante da suspensão de aquisições de boi pela empresa dos irmãos Batista.

Com isso, os preços de referência do boi gordo estão em torno de 130 reais a arroba, o que significa queda de mais de 4 por cento ante os valores registrados no início da semana, informou à Reuters a diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel.

Em outros Estados produtores de gado, como Rondônia e Pará, houve ligeira alta pela manhã, numa indicação de que o boi de outras regiões poderá ter alguma demanda adicional, caso continue o problema em Mato Grosso do Sul.

"Assustado está todo mundo... o negócio de gado parou tudo (em Mato Grosso do Sul), ninguém sabe para onde vai. Como eles (JBS) têm participação grande no Estado, os outros frigoríficos não têm como absorver", disse o vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Laucidio Coelho Neto, acrescentando que atualmente a JBS tem pouco mais de 50 por cento do mercado bovino local.

Segundo Coelho Neto, vai haver uma superoferta de gado para outros frigoríficos no Estado.

E, se a suspensão de abates da JBS perdurar em Mato Grosso do Sul, pode começar a haver uma oferta mais apertada de carne em São Paulo, grande mercado consumidor que importa o produto sul-mato-grossense.

"Começa a subir a carne em São Paulo. A carne da JBS ia praticamente toda para São Paulo... Vai sobrar boi aqui e faltar carne aí", disse.

Além disso, destacou o pecuarista, frigoríficos em outros Estados vão acabar se beneficiando, uma vez que poderão ocupar o espaço deixado pela JBS.

Ele não acredita, no entanto, que vai haver redução na oferta de carne na exportação do Brasil, maior exportador global de carne bovina.

"O Brasil tem muita carne, eles acabam redistribuindo em outros Estados, acredito que até o próprio JBS, se precisar, acaba comprando carcaças dos outros, o 'pepino' mesmo é nosso (de Mato Grosso do Sul)", disse Coelho Neto.

Mato Grosso do Sul está em segundo lugar no ranking de produção de gado, atrás de Mato Grosso, com um rebanho superior a 20 milhões de cabeças.

"Este ano já tivemos a Carne Fraca (operação da Polícia Federal), a suspensão da importação dos Estados Unidos (de carne in natura), a delação da JBS, houve uma crise de confiança...", disse o pecuarista, lembrando os problemas enfrentados pelo produtor este ano.

O vice-presidente da Acrissul revelou ainda que as unidades da JBS seguem abatendo gado comprado antes do anúncio da suspensão das atividades, cumprindo contratos com os pecuaristas.

Mas, conforme o anunciado, deverá suspender efetivamente as atividades após o fim dos contratos.

Questionada sobre o assunto, a JBS não respondeu imediatamente se as unidades estão funcionando enquanto ainda há bois comprados para serem abatidos. Também não forneceu imediatamente detalhes sobre as operações em Mato Grosso do Sul.

Insegurança jurídica

Segunda a empresa, o anúncio da paralisação das atividades em Mato Grosso do Sul ocorreu devido a uma "insegurança jurídica" após dois pedidos de bloqueio de recursos feitos por uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, que somaram 730 milhões de reais por supostos prejuízos fiscais causados ao Estado.

A assessoria de imprensa da JBS afirmou que a companhia entende que qualquer questão relacionada a ressarcimento de recursos por supostas irregularidades está coberta pelo acordo bilionário de leniência realizado pela holding do grupo, a J&F.

Parte dos recursos bloqueados é detida pela J&F, acrescentou a assessoria.

As ações da empresa operavam em baixa de 0,75 por cento, às 16h46, após terem caído mais de 3 por cento.

De acordo com a companhia, os colaboradores continuarão recebendo seus salários normalmente até que a companhia tenha uma definição sobre a questão em Mato Grosso do Sul.

"A JBS esclarece que está empenhando seus melhores esforços para a manutenção da normalidade das suas operações e trabalha para proteger seus 15 mil colaboradores diretos e 60 mil indiretos em Mato Grosso do Sul", disse a empresa.

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