JBS inaugura no Pará no próximo semestre um laboratório de controle de qualidade e está modernizando outras seis instalações de análise (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 14 de maio de 2018 às 11h51.
São Paulo - A JBS inaugura no Pará no próximo semestre um laboratório de controle de qualidade e está modernizando outras seis instalações de análise pouco mais de um ano após o surgimento da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que envolveu grandes nomes do setor em investigações sobre irregularidades sanitárias.
O novo laboratório faz parte de um plano de 5 milhões de reais da JBS em investimentos para modernizar e agilizar processos internos voltados ao controle de qualidade de seus produtos. Anualmente, a empresa investe cerca 65 milhões de reais na área de qualidade da divisão de carnes.
A nova unidade de análise será aberta em Redenção (PA) e será a segunda construída em menos de um ano pela companhia.Desde outubro de 2017, entrou em operação um novo laboratório em CampoGrande, no Mato Grosso do Sul. No total, a empresa tem 10 laboratórios, incluindo unidades recém-construídas.
A diretora de garantia da qualidade da JBS Carnes, Emilia Raucci, disse que a companhia começou a planejar a construção e modernização de seus laboratórios antes de todas as perturbações geradas no mercado brasileiro pelas investigações da Polícia Federal.
"Nós realmente fizemos isso por uma questão de melhora contínua no nosso processo, para ganhar escala analítica e qualidade nas análises, além de conseguir ampliar nosso escopo", afirmou a executiva à Reuters. Segundo ela, a decisão de investir nas mudanças foi tomada no final de 2016. "Tomamos a decisão para termos os resultados mais rápidos, com confiabilidade maior", disse.
Em março de 2017, as Polícia Federal deflagrou a operação Carne Fraca, com as investigações apontando que fiscais recebiam propina para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva. Entre as companhias citadas estavam JBS e BRF. Apesar de alguns erros na divulgação das informações, a operação foi suficiente para arranhar a imagem de qualidade dos produtos do país e afetar o desempenho das companhias.
A Carne Fraca ainda teve outras duas fases (maio de 2017 e março de 2018), mas sem citar o grupo JBS.
O laboratório de Redenção realizará análises microbiológicas e fisico-químicas para apoiar as unidades da JBS Carnes no Pará (Redenção, Marabá, Tucumã e Santana do Araguaia) e em Tocantins (Araguaína). De acordo com a empresa, serão em média 2,5 mil análises por dia.
Em Campo Grande (MS), o laboratório inaugurado em março tem como objetivo realizar cerca de 4,5 mil análises por dia e atenderá unidades da empresa na capital, além de Nova Andradina, Ponta Porã, Anastácio e Naviraí, todas no Mato Grosso do Sul.
A unidade na capital do Mato Grosso do Sul conta com uma área focada em análises microbiológicas e físico-químicas, mas a partir do segundo semestre começará a fazer análises de biologia molecular (testes de DNA) para algumas espécies de microorganismos em amostras de carne bovina e de ambiente em tempo real.
Raucci destacou que a novidade vai permitir uma queda acentuada na obtenção dos diagnósticos. Segundo ela, algumas amostras eram enviadas para serem examinadas no exterior e levavam em torno de 15 dias para ficarem prontas. "Agora vamos trabalhar com um máximo de 72 horas para ter esses resultados."
Os laboratórios da JBS Carnes realizam cerca de 70 mil diagnósticos por mês. De acordo com a executiva, a empresa vem aumentando em torno de 8 a 10 por cento por ano a quantidade de análises.