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Relatório climático do IPCC aumenta a pressão sobre o Brasil

Documento aponta para um cenário crítico, que é consenso científico, da interferência humana no clima, enquanto o Brasil reduz a ambição da própria meta

Os dados do IPCC indicam que conter o desmatamento na Amazônia será essencial para atingir a meta do Acordo de Paris (Secom-MT/Divulgação)

Os dados do IPCC indicam que conter o desmatamento na Amazônia será essencial para atingir a meta do Acordo de Paris (Secom-MT/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 9 de agosto de 2021 às 14h24.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 13h37.

Com a divulgação do novo relatório climático do IPCC, o Brasil deverá sofrer mais pressão para reduzir o desmatamento da Amazônia. Os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, organização ligada à ONU que estuda os efeitos da interferência humana no aquecimento global, apontam para um cenário crítico.

Publicado nesta segunda-feira, 8, o documento trouxe um dado alarmante: os seres humanos são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta. Dos cinco cenários de emissões de carbono avaliados, apenas um garante o atingimento da meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, a de manter o aumento da temperatura na era industrial em 1,5oC.

“A linguagem do relatório é muito forte e reflete o sólido consenso científico sobre o problema”, afirma Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, rede de ONGs ambientais formada por 66 entidades. “O IPCC diz claramente que é inequívoca a interferência humana no clima. Não é mais um debate sobre se as ações humanas dão causa à crise climática, mas do quanto.”

Mesmo se os países começarem a conter as emissões neste momento, o aumento da temperatura, nas próximas duas décadas, deve ficar acima da meta, o que aumenta consideravelmente o risco de mudanças permanentes nos ecossistemas globais. “Os resultados do IPCC implicam que a redução drástica do desmatamento na Amazônia será um elemento essencial da conta da estabilização do clima nos próximos anos”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.

Advertência mais séria já feita

Para Alok Sharma, presidente da COP26, conferência do clima da ONU que acontece em novembro, na Escócia, essa é a “advertência mais séria já feita” sobre mudanças climáticas. “Ainda temos tempo, mas não podemos esperar dois anos”, afirmou o ministro britânico, em entrevista ao jornal The Observer.

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Apesar dos dados alarmantes, o relatório mostra que há uma janela de oportunidade para evitar a tragédia. Para isso, é preciso atingir a neutralidade em carbono o mais rapidamente possível, e no máximo até 2050, o que requer um esforço coordenado entre todos os países – daí, também, a expectativa de que o Brasil sofrerá mais pressão.

A grande aposta da humanidade, neste momento, está na COP26. A expectativa é que a conferência destrave alguns pontos importantes do Acordo de Paris, em especial a criação de um mercado global de carbono, o que depende da regulamentação do seu artigo 6.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tem dado a entender que não poupará esforças para que a COP26 seja um sucesso, tão ou mais relevante do que a de Paris, em 2012. E Sharma é a pessoa encarregada da missão.

Na semana passada, ele esteve no Brasil para se encontrar com empresários, cientistas e membros do governo. O presidente Jair Bolsonaro chegou a marcar com o enviado duas vezes, porém, não o recebeu.

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