Amil: inventário pode mudar a estratégia traçada para um dos negócios da família (Amil/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de maio de 2017 às 09h43.
São Paulo - A herança de um dos principais empresários do país, o médico Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil, morto em fevereiro vítima de um enfarte aos 73 anos, virou alvo de disputa entre seus herdeiros, apurou o Estado. O processo de inventário foi aberto em abril e está na fase de levantamento do tamanho da fortuna dele, estimada em até R$ 15 bilhões, segundo fontes.
Mais do que uma simples divisão de bens, o inventário pode mudar a estratégia traçada para um dos negócios da família: o grupo Ímpar, que reúne oito hospitais e é avaliado entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, de acordo com fontes. É justamente no destino dos hospitais que reside o conflito.
Três fontes ouvidas pelo Estado afirmaram que o plano do filho do empresário, o economista Pedro Bueno, é vender a rede de hospitais, projeto que já estava em estudo por seu pai nos últimos meses. Mas essa decisão estaria encontrando a resistência de sua madrasta, Dulce Pugliese, sócia desse negócio e de outros ativos da família.
A família Bueno também é controladora do laboratório de diagnósticos Dasa, com bandeiras como Delboni Auriemo, Lavoisier e SalomãoZoppi - esta última adquirida quase um mês antes da morte do empresário.
Dentro do inventário está também a fatia que Bueno ainda detinha na Amil, após a venda de 90% do negócio à americana United Health, por R$ 10 bilhões, em 2012 - os 10% restantes foram divididos entre Bueno e Dulce, sua ex-mulher. O espólio ainda inclui diversos imóveis.
O processo de inventário só deverá ser concluído no segundo semestre. "A relação entre Dulce e Pedro sempre foi muito civilizada. Só que os dois têm projetos diferentes para o negócio de hospitais", contou uma pessoa a par do assunto.
"Dulce ficou mais atuante nos negócios após a morte de Edson. Ela sempre foi uma pessoa de confiança do empresário, mesmo após a separação", disse outra fonte.
Sem mandato
Embora não existisse mandato formal de bancos para a venda dos hospitais, as conversas sobre a saída do setor estavam em andamento havia alguns meses.
Pedro Bueno - que passou pelos bancos Credit Suisse e BTG Pactual antes de assumir o comando da Dasa em 2015, aos 24 anos - tem a intenção de levar o processo adiante, segundo uma fonte do mercado financeiro.
Por ora, no entanto, a decisão está congelada - e não apenas pela oposição de Dulce. O inventário, que corre em segredo de Justiça, deve demorar para ser concluído. Isso porque ainda há um processo em curso para o levantamento do valor exato dos bens de Bueno.
Procurada, a família informou, por meio de sua assessoria, que não iria comentar o assunto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.