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iFood recebe aporte de US$ 500 milhões e acirra guerra do delivery

Este é o maior investimento em uma empresa de tecnologia na América Latina até o momento.

Aplicativo iFood (Foto/Divulgação)

Aplicativo iFood (Foto/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 14h07.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 14h41.

São Paulo - O iFood acaba de anunciar um novo aporte de 500 milhões de dólares, maior investimento em uma empresa de tecnologia na América Latina até o momento.

Além da Movile, os investidores Naspers e Innova Capital também entraram no aporte. No entanto, a rodada está aberta para a entrada de novos sócios, afirmou Fabricio Bloisi, CEO da Movile.

A companhia não abriu o novo valuation da empresa de delivery de alimentos, mas afirmou que ela já vale mais de 1 bilhão de dólares há um ano e meio.

O investimento será principalmente em tecnologia e logística. A Rapiddo, que atua com entregas, foi incorporada no começo do ano. A empresa chegou a 10,8 milhões de pedidos em outubro e deve chegar a 12 milhões em novembro. São 390 mil pedidos por dia.

O objetivo é dobrar o número de cidades em que atua, atualmente 483, dobrar os entregadores que hoje são 120 mil e triplicar os restaurantes cadastrados, 50 mil.

A meta do grupo Movile é chegar a um valor de 10 bilhões de dólares e atingir 1 bilhão de pessoas com seus aplicativos. Além do iFood, fazem parte do grupo o Playkids, Wavy, Rapiddo e Sympla, entre outras.

Guerra do delivery

O aporte leva a guerra do delivery a outro patamar. O mercado de entregas curtas está super aquecido. Apenas o conhecido delivery de alimentos faturou mais de 10 bilhões de reais no ano passado. No mesmo período, o comércio eletrônico faturou 59,9 bilhões de reais e enviou 203 milhões de pacotes.

O iFood nadou sozinho no oceano azul de delivery de restaurantes por um bom tempo. Em 2016, presenciou o surgimento de players como Uber Eats e a entrada da empresa de entregas Loggi nos alimentos. Mas foi a chegada da colombiana Rappi no ano passado, com uma tática agressiva inspirada nas gigantes chinesas, que sacudiu as entregas de comida por aqui. Diante da repercussão do serviço, com motoboys com caixas e roupas laranjas para todos os lados da cidade de São Paulo, nos últimos seis meses parecia que todos os outros players estavam patinando.

O sentimento só aumentou com a alçada da Rappi ao status de unicórnio – startup avaliada em um bilhão de dólares ou mais – , com um investimento de 826 milhões de reais. A Rappi possui hoje 3,6 milhões de usuários (800 mil no Brasil), “milhares” de estabelecimentos e dois mil funcionários. 

A ascensão da Rappi fez o líder do delivery de comidas se mexer para turbinar sua operação. Uma das linhas de investimento é a compra de 20.000 uniformes e mochilas vermelhos para motoqueiros, algo que a Rappi fez bem com o laranja. Com presença no Brasil, Colômbia e México, o iFood possui mais de 10,8 milhões de pedidos só no Brasil e mais de 6 milhões de usuários ativos. Segundo a empresa, registra um crescimento de 140% ao ano nos últimos cinco anos.

Com o aporte, o iFood ganha musculatura num mercado concorrido. Além da Rappi, o segmento tem ainda a espanhola Glovo que atua em 17 países e anunciou em agosto deste ano um aporte de 115 milhões de euros (ou 500 milhões de reais), dos quais “dezenas de milhares” serão colocados no mercado brasileiro, onde a startup atua desde fevereiro.

Outra concorrente de peso é a Loggi. A startup levantou recentemente um aporte de mais de 400 milhões de reais, liderado pelo fundo Vision, do SoftBank (Japão), e acompanhado pelo KaszeK Ventures (Brasil). A aposta em aplicativos de entrega não é novidade para o fundo do bilionário Masayoshi Son. No início deste ano, o Vision Fund liderou um investimento de US$ 535 milhões na DoorDash, um aplicativo de entrega de alimentos com sede em São Francisco. Também comprou 15% da gigante Uber, dona do spin-off Uber Eats.

Mesmo com rivais de peso, o iFood ainda é líder disparado no setor no Brasil. A empresa é 16 vezes maior que a segunda colocada, o Uber Eats. A companhia diz que se inspira nas gigantes da China, como a Meituan Dianping, e dos Estados Unidos, como o Grubhub. O novo aporte deixa o sonho de ser gigante um pouco mais próximo.

 

 

 

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