Julien Imbert, sócio da consultoria BCG, durante palestra no EXAME Fórum em 4 de setembro de 2017 (Germano Luders/Exame)
Camila Pati
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 16h57.
Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 17h49.
São Paulo - Os robôs estão ficando mais baratos, o big data já é uma realidade, novos hábitos e novas formas de trabalhar surgem com velocidade no horizonte. Para Julien Imbert, sócio da consultoria BCG, essas são as quatro grandes tendências que estão mudando negócios e indústrias, segundo ele afirmou durante palestra sobre tecnologias digitais hoje no EXAME Fórum
O ponto crítico desse cenário - um calcanhar de Aquiles global, e não só do Brasil - é em relação à falta de gente preparada para trabalhar nele. "O BCG fez uma pesquisa com 600 empresas na Alemanha e nos Estados Unidos para saber qual o principal desafio e o primeiro citado é a falta de mão-de-obra, 89% das empresas consideram isso um entrave", disse.
É fato que a natureza dos empregos está mudando. De um lado, atividades repetitivas e de menor valor agregado tendem a diminuir em número de empregos. O consultor do BCG cita carreiras administrativas, funções na manufatura e produção como as mais ameaçadas pela automatização.
Por outro lado, carreiras ligadas à ciência de dados, ciência da computação, engenharia e matemática tendem a crescer. " Muitas vezes, a gente foca o lado negativo e fala que a tecnologia vai tirar empregos, mas não podemos deixar de ver as oportunidades que estão por trás", disse Imbert.
No mundo que emprega robôs, há certamente vagas exclusivas para os humanos. Arquiteto de TI para indústria, coordenador de robô, cientista de dados, desenvolvedor de interface para máquinas. Essas são algumas das profissões que ficarão conosco enquanto aos robôs ficam atividades na linha de produção das fábricas, tarefas de assistência virtual de gestão de agenda e interação em redes sociais e outros canais de comunicação, por exemplo.
O saldo entre empregos automatizados e a criação de novas atividades é positivo porque, com o ganho de produtividade, há crescimento econômico que também cria novas vagas, diz Imbert.
Como o Brasil pode se preparar
Só com um trabalho coordenado de governo, empresas e setor educacional é que o Brasil conseguirá acompanhar e se beneficiar das chamada Revolução 4.0, segundo o sócio do BCG. "As empresas precisarão capacitar ou recapacitar a sua força de trabalho", diz.
A adoção de novas formas de trabalho e planejamento estratégico dessa força de trabalho são medidas necessárias. "A natureza dos empregos vai mudar e é preciso estar preparado para isso", diz o sócio do BCG.
Para o governo, o trabalho é promover a indústria 4.0 por aqui, facilitar a criação de novas empresas e colaborar com o setor privado e educacional na gestão estratégica de talentos, segundo Imbert.
No setor educacional, o caminho é a multidisciplinaridade. " É preciso ensinar matemática e programação não só para matemáticos e programadores", diz o sócio do BCG. A urgência é em ampliar a capacitação em TI e áreas digitais e fomentar ações de educação contínua.