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Grupo Pão de Açúcar cresce, mas tem um desafio nas mãos

Enquanto a varejista tem bons resultados no segmento alimentar, a Via Varejo enfrenta prejuízos

Supermercado Pão de Açúcar (Grupo Pão de Açúcar/Divulgação)

Supermercado Pão de Açúcar (Grupo Pão de Açúcar/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 15h18.

Cada vez mais focado no segmento alimentar, o Grupo Pão de Açúcar busca há anos um comprador para sua sua participação na Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio. Mas, enquanto a varejista apresenta resultados positivos para todos seus negócios do segmento alimentar, a Via Varejo enfrenta prejuízos e desconfiança no processo de venda.

O GPA Alimentar, com marcas Pão de Açúcar, Extra, Assaí e lojas de proximidade, mais do que dobrou seu lucro líquido no ano, atingindo a marca de 1,3 bilhão de reais. A receita bruta chegou a 53,6 bilhões de reais, alta de 10,7%. A empresa tem agressivos planos de reformar lojas Pão de Açúcar mais premium e de expandir o formato de atacarejo Assaí, responsável por quase metade das vendas, entre outras iniciativas.

Já na Via Varejo, o resultado é outro. A companhia reportou prejuízo de 267 milhões de reais em 2018, contra lucro de 168 milhões de reais no ano anterior.  A Via Varejo é controlada pelo GPA, mas está à venda desde 2016 e, dessa forma, os resultados das duas companhias são apresentados de forma separada desde então.

Os resultados fracos da dona da Casas Bahia desanimaram investidores. A Via Varejo passou o ano com ações para integrar suas operações físicas e online, com potencial de melhoria em questões logísticas. Mesmo assim, as medidas foram insuficientes para evitar o prejuízo.

Um anúncio do GPA, de venda de 3,09% de sua participação na Via Varejo, fez o papel abrir o dia em queda de 6,1%. Com a operação, o grupo deterá 36,27% do capital social da Via Varejo.

Não é a primeira vez que o GPA busca vender participações pequenas na dona da Casas Bahia. Em dezembro, o grupo anunciou operação semelhante com o Santander, para que o banco venda ao longo do ano 50 milhões de ações da Via Varejo.

O valor arrecadado com essas operações será usado para acelerar o crescimento do grupo no segmento alimentar, que já é forte. “O dinheiro dessa venda vem para o GPA, para nossa estratégia de transformação digital e expansão de nossos negócios”, disse Christophe Hidalgo, diretor financeiro em teleconferência a investidores.

O objetivo é vender toda a participação na Via Varejo para um investidor estratégico. No entanto, para os analistas da XP e Rico Investimentos, anúncios como estes e a divulgação de resultados fracos elevam a incerteza sobre o processo de venda.

"As coisas estão avançando. O cenário macro mais positivo alivia potenciais investidores", afirmou o diretor.

Iniciativas alimentares

Sem novos planos para a Via Varejo, o grupo investe fortemente no segmento alimentar, com uma série de iniciativas para reforçar sua presença no mundo digital e fidelizar clientes.

A rede varejista Pão de Açúcar lançou uma loja física, um aplicativo e um site dedicados a vinhos, o Pão de Açúcar Adega.

Em novembro, entrou no segmento de kits gastronômicos, com uma parceria com a startup Cheftime que dá direito ao grupo de varejo de adquirir o capital social da startup no período de 18 meses. Os kits são vendidos pela internet e em certas lojas da rede.

Logo em seguida, a empresa comprou a startup brasileira de encomenda e entrega de produtos James Delivery, que opera atualmente apenas em Curitiba e Balneário do Camboriú (SC). A ideia é acelerar muito o uso do app no negócio alimentar e também em outros serviços, além de chegar à cidade de São Paulo.

Outra aposta é o fortalecimento de marcas próprias. O plano é dobrar o número de itens da marca Qualitá nos próximos dois anos, dos atuais 1.300 para mais de 2.800, em todas as categorias. Os aplicativos, campanhas de descontos e os selinhos que podem ser trocados por itens de cozinha também são ações para conquistar os clientes.

O Pão de Açúcar não tem previsões para parar de acelerar. Para este ano, a perspectiva é de investir entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão.

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