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Grupo Mateus, do maior IPO do ano, diz que falha interna não tem impacto

Auditoria independente recomendou melhorias após apontar deficiências leves e moderadas nos controles internos; pela monta, divulgação não era obrigatória

 (Grupo Mateus/Divulgação)

(Grupo Mateus/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 18 de outubro de 2020 às 14h53.

Última atualização em 18 de outubro de 2020 às 19h18.

O Grupo Mateus, protagonista do maior IPO do ano no Brasil, informou no sábado, 17, que não são significativas as "deficiências leves e moderadas" em seus controles internos apontadas por uma auditoria segundo reportagem do jornal Valor Econômico da véspera. O varejista disse em comunicado oficial ao mercado que as recomendações de melhoria nos processos e controles internos sugeridas pela auditoria não são capazes de causar impacto financeiro nas demonstrações já divulgadas. Segundo EXAME apurou, o valor das diferenças não chega a 1 milhão de reais.

Para o Grupo Mateus, o mapeamento de potenciais melhorias em seus processos "é parte do curso regular dos trabalhos desenvolvidos no processo de auditoria de qualquer companhia aberta". Encontradas por auditor independente, a Grant Thornton, as 21 falhas foram primeiro divulgadas em um formulário de referência anexado ao prospecto para a distribuição primária de ações, nos dias 5 a 9 de outubro, ou seja, antes da abertura de capital. Segundo a varejista, esse relatório foi divulgado como um excesso de transparência, já que só as falhas significativas devem ser divulgadas obrigatoriamente - o que não é o caso.

"Portanto, a divulgação de informações relativas às deficiências leves e moderadas identificadas pelo seu auditor independente e presentes no relatório circunstanciado acima referido, não é obrigatória, tendo sido divulgadas pela Companhia com vistas a garantir a disponibilização de informações completas e cumprir com o seu compromisso de adotar melhores práticas de governança corporativa e dar ampla transparência aos seus investidores e ao mercado em geral", escreve a companhia.

Entre as recomendações da auditoria, estão evitar lançamentos off-book (fora dos balanços) para possibilitar o rastreio de todas as movimentações, verificar as entradas de produtos em seus estoques para acompanhar a evolução de custo histórico, revisar a prática de provisão de juros, entre outros. Outro risco apontado é em relação aos autônomos. No caso de os profissionais pleitearem na Justiça do Trabalho o reconhecimento do vínculo empregatício, a varejista poderá ser obrigada ao pagamento de férias, 13º salário e demais verbas decorrentes do contrato de trabalho, além dos encargos sociais (INSS e FGTS).

"Com base nas recomendações de seu auditor independente, a Companhia continuamente faz estudos e análises relativos aos seus processos e controles internos, estando comprometida a todo momento com seus aprimoramentos, de acordo com a avaliação da administração considerando os respectivos custos e benefícios para aprimorar a qualidade dos controles internos", escreveu a empresa em fato relevante. 

Maior IPO do ano e do Nordeste na história

O Grupo Mateus uma das maiores redes varejistas de alimentos das regiões Norte e Nordeste, realizou abertura de capital no dia 13 de outubro. Com arrecadação de 4,63 bilhões de reais, será o maior IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) de 2020, até agora. 

O Grupo Mateus é o quarto maior atacarejo do País, hoje com 137 lojas no Maranhão, Pará e Piauí. Ilson Mateus, ex-garimpeiro da Serra Pelada, construiu a rede que hoje emprega mais de 20.000 pessoas do zero, começando com uma pequena mercearia.

O negócio foi crescendo até atingir quase 10 bilhões de reais de faturamento, em 2019. Apesar da atuação regionalmente restrita, a companhia hoje só fica atrás do Assaí (do GPA), Atacadão (do Carrefour) e do grupo chileno Censosud no nicho de atacarejos. Mateus se tornou o mais recente brasileiro a ingressar no ranking dos mais ricos do mundo.

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