Greve nas estradas dificulta reabastecimento de perecíveis no varejo
Carne, leite e derivados, panificação congelada e industrializados com proteínas no processo de fabricação já estão com entregas comprometidas, segundo Apas
Reuters
Publicado em 24 de maio de 2018 às 16h46.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 17h02.
São Paulo - A greve dos caminhoneiros que entra nesta quinta-feira em seu quarto dia já compromete a reposição de produtos, especialmente perecíveis, nas prateleiras de lojas e supermercados do país, levando alguns grupos varejistas a adotar medidas preventivas para evitar uma crise mais aguda de desabastecimento, em meio a incertezas sobre quando o governo e a categoria chegarão a um acordo para resolver o impasse.
Motoristas autônomos iniciaram na segunda-feira um protesto nacional contra tributos que elevam o custo do diesel, bloqueando estradas e rodovias em 23 Estados e no Distrito Federal, movimento que na quarta-feira ganhou a adesão de transportadoras de cargas.
Não tardou para que a paralisação se refletisse nas cadeias de abastecimento, afetando a produção de alimentos e gerando longas filas em postos de combustíveis em todo o país.
"Combustível e alimentos são produtos que dependem de abastecimento diário. Vamos sentir mais o problema nos bens não duráveis... Vamos ver quanto dura (a greve), o impacto é maior quanto mais demorar", disse à Reuters nesta quinta-feira o assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina.
Pelo menos 13 Estados reportaram problemas de abastecimento em supermercados até agora, informou a entidade que representa o setor no país, Abras. "Por enquanto, ainda não temos estimativas de perdas e prejuízos", disse a associação em nota à Reuters.
Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), itens perecíveis e de abastecimento diário, principalmente frutas, legumes e verduras, são os mais atingidos pela greve. "Carnes, leite e derivados, panificação congelada e industrializados que levam proteínas no processo de fabricação já estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento", disse.
Grupos supermercadistas se empenham para administrar os estoques e evitar uma crise de desabastecimento, com alguns já recorrendo a ações preventivas, como limitar a quantidade máxima de venda por comprador, acrescentou a Apas.
O Carrefour Brasil disse o abastecimento prossegue "sem grandes problemas nas lojas por enquanto, em função dos volumes dos estoques", embora esteja em contato com fornecedores locais em caráter preventivo para garantir a reposição de produtos.
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) não respondeu ao pedido de comentário até a publicação da reportagem, enquanto a unidade brasileira do Walmart não quis se manifestar.
Entre os principais grupos de comércio eletrônico, B2W, Magazine Luiza, Via Varejo e Mercado Livre também não retornaram o contato.