Greve na Boeing continua e prejuízo chega a US$ 1 bilhão por mês
O principal negociador de um sindicato disse que os membros da organização estavam preparados para um momento de impasse após negociações salariais fracassarem
Repórter colaborador
Publicado em 10 de outubro de 2024 às 08h06.
O principal negociador de um sindicato da Boeing, representando cerca de 33.000 trabalhadores que estão em greve há quase um mês, disse na quarta-feira que os membros da organização estavam preparados para esse momento de impasse após negociações salariais fracassarem.
"Estamos nisso [na greve] para o longo prazo e nossos membros entendem", disse Jon Holden em uma entrevista à Reuters.
Ele disse que a Boeing ofereceu apenas pequenas melhorias antes de interromper as negociações na terça-feira e que o sindicato tinha um fundo robusto para apoiar o pagamento de US$ 250 por semana aos membros durante a paralisação.
Chegar a um acordo aceito é fundamental para a Boeing.A agência de classificação S&P estima que a greve está custando US$ 1 bilhão por mês e corre o risco de perder sua classificação de grau de investimento.
Mesmo antes do início da greve, em 13 de setembro, a empresa passava por um momento delicado enquanto lutava para recuperar sua imagem. No início do ano, uma explosão de uma porta em pleno voo mostrou o que a Boeing iria ter pela frente.
Com as investigações do acidente avançando, ficou comprovado que os protocolos de segurança da Boeing eram frágeis, e a empresa passou a ficar na mira das autoridades - tanto que até restringiu a produção de aeronaves.
Qual a situação do momento?
A greve dos membros da Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM) encerrou a produção dos modelos 737 MAX e 767 e 777 da Boeing, modelos que venderam muito bem.
As ações da fabricante de aviões dos EUA fecharam em queda de 3,4% na quarta-feira. As ações perderam mais de 40% de seu valor em 2024.
A Boeing disse na terça-feira que retirou sua oferta salarial à IAM após dois dias de negociações e acusou o sindicato de não considerar "de uma forma séria" suas propostas.
A fabricante de aviões fez uma oferta no mês passado que daria aos trabalhadores um aumento de 30% e restauraria um bônus de desempenho. Mas o sindicato se recusou a votar na proposta que a Boeing chamou de "melhor e final", argumentando que uma pesquisa com seus membros concluiu que não era o suficiente.
Holden disse que a Boeing ofereceu algumas melhorias relacionadas a garantias mínimas para um bônus de desempenho anual, mas não avançou nas demandas gerais por salários mais altos.O sindicato quer um aumento salarial de 40% em quatro anos e melhorias nos benefícios de aposentadoria depois que mais de 90% rejeitaram um contrato proposto que oferecia um aumento salarial de 25% no mês passado.
Enquanto não chega a um acordo, a Boeing examina opções para levantar bilhões de dólares e reforçar seu balanço. A venda de título e ações estava sendo estudada pela direção, segundo a Reuters. A empresa também introduziu licenças temporárias para milhares de funcionários.