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Governo libera Embraer para negociar com Boeing

Segundo uma fonte que acompanha as tratativas, o governo não deve interferir no que considera uma "etapa puramente empresarial"

Acordo: o interesse da Boeing é reforçar, com a aquisição, sua atuação na aviação comercial de médio porte, segmento no qual a Embraer figura entre as três maiores fabricantes mundiais (Roosevelt Cassio/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de julho de 2018 às 14h14.

Brasília - O governo brasileiro decidiu liberar a Embraer para negociar com a Boeing a criação de uma nova companhia na área comercial. Segundo uma fonte que acompanha as tratativas, o governo não deve interferir no que considera uma "etapa puramente empresarial". Segundo essa fonte, o governo só vai se posicionar quando for formalmente consultado.

De acordo com essa fonte, nos próximos dias deve sair um memorando de entendimento. O acordo entre as duas companhias foi anunciado no final do ano passado e pode resultar na criação de uma terceira empresa, na qual a Boeing teria 80% de participação e a Embraer, 20%.

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Nesta quarta-feira, 4, as ações ordinárias (com direito a voto) da companhia estão em forte valorização na bolsa. Às 12h40, os papéis eram negociados a R$ 26,88, alta de 3,54%. Em comparação, o índice com as principais ações da B3, o Ibovespa, subia 0,24%, aos 73.844 pontos.

Comunicado

A Embraer confirmou, em comunicado enviado à CVM, que as duas empresas continuam mantendo entendimentos, "inclusive por meio do grupo de trabalho do qual o governo brasileiro participa, com vistas a avaliar possibilidades para potencial combinação de negócios, que poderá envolver a segregação das atividades de aviação comercial das demais atividades da Embraer (especialmente área de defesa e aviação executiva)".

"Neste contexto, os entendimentos entre as partes continuam avançando e, quando e se definida a estrutura para combinação de negócios, sua eventual implementação estará sujeita à aprovação não somente do Governo Brasileiro, mas também dos órgãos reguladores nacionais e internacionais e dos órgãos societários das duas companhias. Reiteramos que a companhia manterá seus acionistas e o mercado informados na medida em que o assunto em questão evolua", diz o comunicado da Embraer.

A empresa respondeu a um questionamento da B3, a bolsa de São Paulo, sobre reportagem publicada no Estado.

Michel Temer

Na terça-feira, 3, o presidente Michel Temer reuniu-se à tarde com os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública); General Joaquim Silva e Luna (Defesa); Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional); e Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato (comandante da Aeronáutica).

Detentor de uma golden share (ação que dá direito a veto em importantes decisões) na Embraer desde a privatização, em 1994, o governo federal participou das negociações das duas empresas. Na terça, Temer recebeu um panorama de como andam as conversas.

Médio porte

O interesse da Boeing é reforçar, com a aquisição, sua atuação na aviação comercial de médio porte, segmento no qual a Embraer figura entre as três maiores fabricantes mundiais. O acordo, que envolve, por exemplo, a fabricação de aviões de 150 lugares, está em negociação desde o ano passado, quando a Airbus surpreendeu o mercado global ao anunciar a compra de 50,1% do programa de jatos comerciais da Bombardier.

Depois de concretizado o negócio com a Boeing, a marca Embraer usada nos jatos comerciais deixaria de existir, permanecendo apenas nas aeronaves produzidas pela Embraer Defesa, como o KC 390 e o Tucano. A proposta de associação prevê que Embraer Defesa detenha participação minoritária na receita da nova empresa, criada a partir da junção da Embraer com Boeing.

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