Gol lança incubadora para criar novos serviços no setor de aviação
Apesar de ter sido criado há pouco tempo, o laboratório já dá lucro e sua receita vem das melhorias que gera para os outros departamentos da empresa
Karin Salomão
Publicado em 16 de julho de 2018 às 08h00.
Última atualização em 16 de julho de 2018 às 17h20.
São Paulo – A Gol acaba de lançar sua incubadora para criar novos produtos e serviços para a companhia. A aérea decidiu criar uma divisão independente já que não estava conseguindo lançar novidades com a velocidade que gostaria.
A Gol Labs fica dentro de um antigo depósito na sede da Gol, em São Paulo. O espaço foi reformado para se tornar um ambiente mais informal e colaborativo. No térreo ficam mesas de trabalho e no mezanino há um espaço para reuniões. Os projetos duram apenas duas semanas: se derem certo, o desenvolvimento continua e, se não, são abandonados.
A separação da Gol Labs do departamento de TI dá mais agilidade à criação de novos produtos, diz Paulo Palaia, diretor de TI. Para atualizar ou acrescentar algo ao sistema da Gol, há uma série de regras de segurança e governança que precisam ser seguidas. As mudanças também precisam ser auditadas. Todos esses procedimentos atrasam as novidades.
O sistema do laboratório é independente e não tem nenhum contato com as plataformas da Gol e, por isso, não precisa passar por toda a burocracia. Para testar certos produtos, os desenvolvedores usam um banco de dados fictício de clientes, com nomes, dados e endereços embaralhados.
Atualmente há 9 funcionários no laboratório e o objetivo é chegar a 19 até o fim do ano. A maior parte da equipe veio da própria Gol, já que para Palaia é importante que a equipe seja multidisciplinar e conheça bem a companhia. Se há um projeto que toca envolve a área financeira, por exemplo, um colaborador desse setor irá participar da equipe de desenvolvimento.
Apesar de ter sido criado há pouco tempo, o laboratório já dá lucro. A sua receita vem das melhorias que gera para os outros departamentos da empresa. Se, por conta de uma atualização, o time de marketing consegue vender mais, ou o time de aeroporto reduz o custo, essa receita extra é contabilizada no balanço da startup.
Startup interna e especializada
A Gol Labs surge em um momento em que várias empresas criam aceleradoras ou incubadoras para incorporar novas tecnologias ao negócio. Itaú e Bradesco tem seus próprios centros de empreendedorismo, Cubo e InovaBra, respectivamente.
Essas companhias trazem startups e empreendedores para perto e, eventualmente, adquirem a empresa ou sua solução. O motivo é que essas startups são mais ágeis e têm ideias fora da caixa.
Já a Gol optou por deixar essa tarefa dentro de suas paredes. “Nós olhamos bastante para o mercado, mas não existe nenhuma empresa que consiga trazer uma solução completa”, afirma o diretor da Gol.
Enquanto há uma empresa que criou uma tecnologia para balancear o peso de uma aeronave, ela não está integrada ao sistema de check-in, que pesa as malas, por exemplo. É papel da Gol fazer com que um sistema converse com o outro.
Além disso, a aviação é um dos setores mais complexos da economia, segundo o diretor. As empresas sofrem com diversas variáveis, como dólar, preço do combustível, clima, infraestrutura de aeroportos, entre outros.
Por isso, é muito difícil para uma startup jovem entrar nesse segmento, diz ele. Há algumas que trazem aplicações específicas para um ou outro segmento, como a Selfe Check In. Criada em 2016, permite o sistema usar uma selfie para evitar a fila no balcão de atendimento. A Gol contratou o algoritmo de uma startup especializada em reconhecimento facial para a criação dessa funcionalidade, que já tem mais de 500 mil clientes cadastrados.
Um dos funcionários da Gol Labs é responsável por olhar o mercado de stratups e manter contato com aceleradoras – caso algo interessante surja, a Gol pode comprar a aplicação ou firmar um contrato com a startup.