GOL: o presidente da companhia aérea atribuiu o resultado negativo ao cenário desafiador da economia (Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 14 de agosto de 2015 às 14h01.
São Paulo - Ao anunciar prejuízo líquido de 354,9 milhões de reais no segundo trimestre, a GOL afirmou que está se preparando para um período difícil, com aumento de caixa e busca por uma melhor proposta de valor.
“Estamos como formigas para o tempo de inverno. Estamos criando nossa base de mantimentos para o caso da situação econômica continuar desfavorável, afirmou Edmar Prado Lopes, vice-presidente financeiro e de relações com investidores, em coletiva com jornalistas.
Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea, atribuiu o resultado ao cenário desafiador, à desvalorização do real frente ao dólar em 40,9% na comparação com o mesmo período de 2014, e à inflação que registra 9,56% no acumulado dos últimos 12 meses.
Entre as medidas da empresa para atravessar o período difícil, está o aumento de caixa, que atingiu 2,1 bilhões de reais no trimestre, o que representa 20,9% da sua receita líquida dos últimos doze meses.
Ela está reforçando sua parceria com a Delta, que prevê um aumento de capital de até 146 milhões de dólares.
Além disso, ajusta sua capacidade por conta da demanda fraca no mercado doméstico. Desde 2011, a capacidade foi diminuída em 14% e, para esse ano, a projeção é manter a oferta estável ou com diminuição de 1%.
Para não deixar aeronaves ociosas, a GOL está ajustando sua frota - atualmente, 7 estão alugadas para companhias na Europa.
O incremento nas receitas auxiliares, que cresceram 13,8% no trimestre, também é foco da empresa. Assentos com mais conforto e venda de produtos a bordo estão entre essas medidas. O objetivo é atrair o segmento corporativo.
A GOL atingiu a liderança no número de passageiros transportados: foram 17,55 milhões no primeiro semestre do ano, alta de 2,5%.
A GOL apresentou prejuízo líquido de 354,9 milhões de reais no segundo trimestre de 2015. O ebit foi de 251,1 milhões de reais negativos. O presidente da empresa afirmou que essa é a primeira vez, em 9 trimestres, que o ebit da companhia fica no vermelho.
A receita líquida no período foi de 2,1 bilhões de reais, recuo de 10,5% quando comparada ao mesmo período de 2014.
Nesse trimestre, 50% dos custos da empresa estavam em dólar – no período anterior, a moeda estrangeira correspondia a 54% dos custos. O gasto com combustíveis é o mais expressivo em dólar.
A companhia aérea apresenta prejuízo líquido há anos. O último resultado positivo no balanço anual foi em 2010, quando a empresa registrou um lucro líquido de 214 milhões de reais.
Em 2011, o prejuízo líquido foi de 752 milhões de reais. No ano seguinte, o resultado foi negativo em 1,51 bilhão e, em 2013, 796,55 milhões de reais. Em 2014, as contas ficaram no vermelho em 1,12 bilhão de reais.
A empresa vem desenvolvendo a estratégia de se proteger da variação cambial há alguns trimestres, com maiores parcerias com empresas estrangeiras e receitas adicionais.