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Gamesa busca liderança na indústria de turbinas eólicas

A fabricante de turbinas eólicas vê o Brasil como o maior e mais atraente mercado da América Latina e aposta em estratégia para buscar a liderança no país

Funcionária inspeciona turbina eólica em fábrica da Gamesa, na Espanha: "estamos muito felizes com o Brasil", diz a empresa (Antonio Heredia/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 15h57.

São Paulo - A fabricante espanhola de turbinas eólicas Gamesa vê o Brasil como o maior e mais atraente mercado da América Latina e aposta em uma estratégia de longo prazo para buscar a liderança no país, que deverá ter neste ano e em 2016 um pico de obras de usinas de energia movidas a vento, afirmou um executivo da empresa à Reuters.

A Abeeólica, associação que representa os investidores na fonte renovável, estima que a capacidade instalada eólica no Brasil pode chegar a 27 gigawatts até 2017, ante 6,6 gigawatts atuais, enquanto regras que favorecem o conteúdo local aqueceram o mercado doméstico de turbinas, onde se trava uma acirrada disputa entre grandes nomes do mercado global, que incluem a norte-americana GE e a francesa Alstom --que agora se uniram-- e a espanhola Acciona, que também anunciou recentemente fusão com a alemã Nordex.

"Estamos muito felizes com o Brasil... ser hoje o segundo fornecedor no mercado brasileiro nos deixa confiantes... Queremos continuar investindo por muito tempo, e queremos ser o número um no Brasil, e não o segundo", afirmou à Reuters o CEO da companhia para a América Latina, José Antonio Miranda.

A Gamesa já investiu um acumulado de 128 milhões de reais no Brasil e, em meio a um momento conturbado na economia e na política local, vê como diferencial uma carteira de clientes com grandes nomes, como o grupo industrial Votorantim e a espanhola Iberdrola.

Miranda acredita que o cenário de crise, que aumenta os custos financeiros, vai pesar sobre investidores menos robustos do setor de usinas eólicas, que devem ser alvo de nomes de maior poder de fogo, com uma possibilidade também de movimentação de estrangeiros atraídos por ativos mais baratos em moeda forte.

Na indústria de equipamentos eólicos, os reflexos do cenário se dão principalmente pela desvalorização do real, que impacta custos devido a componentes que ainda são importados e cotados em dólares e euros. Com isso, segundo Miranda, a Gamesa e clientes têm recorrido imediatamente a operações de hedge após cada venda, para travar os custos em moeda local.

O real tem perda de cerca de 32 por cento ante o dólar neste ano, o que tem elevado os preços da energia eólica nos leilões promovidos pelo governo federal para contratação de usinas.

APOSTA NO LONGO PRAZO

A entrada da Gamesa no Brasil com a construção de uma fábrica foi bastante discutida entre a direção da companhia em 2010, quando a decisão foi tomada. O que pesou na aposta foram os ventos do país --tanto o "forte e estável" do litoral do Nordeste quanto o favorável às energias renováveis no campo político e regulatório, disse o CEO para a América Latina.

O Brasil iniciou um regime de contratação de energia eólica em leilões em 2009, em movimento para diversificar a matriz elétrica, muito dependente de chuvas por causa da predominância de hidrelétricas. Hoje, as usinas a vento competem diretamente em preço com as hídricas, que sempre foram consideradas a fonte mais barata de energia, e que produzem mais que as hidrelétricas atualmente no Nordeste, que enfrenta uma forte seca.

"No final, o que nossa indústria sempre vem tentando é mostrar que a energia eólica pode ser competitiva com as outras fontes, e no Brasil é onde provavelmente isso é mais claro, porque temos que competir em leilões", comentou Miranda, ao resumir um dos atrativos do mercado.

A Gamesa vinha então em uma expansão internacional que incluíra incursões anteriores nos Estados Unidos, China e Índia. No Brasil foi instalada uma fábrica de nacelles na Bahia, que recentemente recebeu aporte de 30 milhões de reais para uma expansão. Hoje tem capacidade de produzir 640 megawatts anuais em equipamentos.

Com cerca de 2 gigawatts em contratos fechados no país, a companhia está atrás apenas de GE e Alstom entre as maiores fornecedoras do setor, disse Miranda, que aposta em uma máquina lançada recentemente, com 2 megawatts de potência, para buscar a liderança.

"Estamos confiantes em nossa nova máquina, temos tido sucesso em vender esse modelo".

Para Miranda a atual crise no país deve ser superada "em dois ou três anos", que é o mesmo período no qual a empresa deverá ter um pico de máquinas a serem entregues, o que faz com que novas ampliações não sejam consideradas nesse horizonte, a partir do qual o ritmo de crescimento do mercado ditaria eventual necessidade de novos investimentos.

"O que é importante dizer é que a Gamesa, quando entra em um mercado, não sai mais desse mercado. Foi assim na China, na Índia, e tem sido assim no Brasil", disse Miranda.

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São Paulo - A fabricante espanhola de turbinas eólicas Gamesa vê o Brasil como o maior e mais atraente mercado da América Latina e aposta em uma estratégia de longo prazo para buscar a liderança no país, que deverá ter neste ano e em 2016 um pico de obras de usinas de energia movidas a vento, afirmou um executivo da empresa à Reuters.

A Abeeólica, associação que representa os investidores na fonte renovável, estima que a capacidade instalada eólica no Brasil pode chegar a 27 gigawatts até 2017, ante 6,6 gigawatts atuais, enquanto regras que favorecem o conteúdo local aqueceram o mercado doméstico de turbinas, onde se trava uma acirrada disputa entre grandes nomes do mercado global, que incluem a norte-americana GE e a francesa Alstom --que agora se uniram-- e a espanhola Acciona, que também anunciou recentemente fusão com a alemã Nordex.

"Estamos muito felizes com o Brasil... ser hoje o segundo fornecedor no mercado brasileiro nos deixa confiantes... Queremos continuar investindo por muito tempo, e queremos ser o número um no Brasil, e não o segundo", afirmou à Reuters o CEO da companhia para a América Latina, José Antonio Miranda.

A Gamesa já investiu um acumulado de 128 milhões de reais no Brasil e, em meio a um momento conturbado na economia e na política local, vê como diferencial uma carteira de clientes com grandes nomes, como o grupo industrial Votorantim e a espanhola Iberdrola.

Miranda acredita que o cenário de crise, que aumenta os custos financeiros, vai pesar sobre investidores menos robustos do setor de usinas eólicas, que devem ser alvo de nomes de maior poder de fogo, com uma possibilidade também de movimentação de estrangeiros atraídos por ativos mais baratos em moeda forte.

Na indústria de equipamentos eólicos, os reflexos do cenário se dão principalmente pela desvalorização do real, que impacta custos devido a componentes que ainda são importados e cotados em dólares e euros. Com isso, segundo Miranda, a Gamesa e clientes têm recorrido imediatamente a operações de hedge após cada venda, para travar os custos em moeda local.

O real tem perda de cerca de 32 por cento ante o dólar neste ano, o que tem elevado os preços da energia eólica nos leilões promovidos pelo governo federal para contratação de usinas.

APOSTA NO LONGO PRAZO

A entrada da Gamesa no Brasil com a construção de uma fábrica foi bastante discutida entre a direção da companhia em 2010, quando a decisão foi tomada. O que pesou na aposta foram os ventos do país --tanto o "forte e estável" do litoral do Nordeste quanto o favorável às energias renováveis no campo político e regulatório, disse o CEO para a América Latina.

O Brasil iniciou um regime de contratação de energia eólica em leilões em 2009, em movimento para diversificar a matriz elétrica, muito dependente de chuvas por causa da predominância de hidrelétricas. Hoje, as usinas a vento competem diretamente em preço com as hídricas, que sempre foram consideradas a fonte mais barata de energia, e que produzem mais que as hidrelétricas atualmente no Nordeste, que enfrenta uma forte seca.

"No final, o que nossa indústria sempre vem tentando é mostrar que a energia eólica pode ser competitiva com as outras fontes, e no Brasil é onde provavelmente isso é mais claro, porque temos que competir em leilões", comentou Miranda, ao resumir um dos atrativos do mercado.

A Gamesa vinha então em uma expansão internacional que incluíra incursões anteriores nos Estados Unidos, China e Índia. No Brasil foi instalada uma fábrica de nacelles na Bahia, que recentemente recebeu aporte de 30 milhões de reais para uma expansão. Hoje tem capacidade de produzir 640 megawatts anuais em equipamentos.

Com cerca de 2 gigawatts em contratos fechados no país, a companhia está atrás apenas de GE e Alstom entre as maiores fornecedoras do setor, disse Miranda, que aposta em uma máquina lançada recentemente, com 2 megawatts de potência, para buscar a liderança.

"Estamos confiantes em nossa nova máquina, temos tido sucesso em vender esse modelo".

Para Miranda a atual crise no país deve ser superada "em dois ou três anos", que é o mesmo período no qual a empresa deverá ter um pico de máquinas a serem entregues, o que faz com que novas ampliações não sejam consideradas nesse horizonte, a partir do qual o ritmo de crescimento do mercado ditaria eventual necessidade de novos investimentos.

"O que é importante dizer é que a Gamesa, quando entra em um mercado, não sai mais desse mercado. Foi assim na China, na Índia, e tem sido assim no Brasil", disse Miranda.

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