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Gabrielli discutiu a compra de Pasadena na Dinamarca

Na reunião de Copenhague o presidente da Petrobras discutiu a proposta da estatal de pagar US$ 700 milhões pelos outros 50% da refinaria


	O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli: a negociação foi implodida no ano seguinte pelo veto do Conselho de Administração da Petrobras, com Dilma no comando (Wikimedia Commons/EXAME.com)

O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli: a negociação foi implodida no ano seguinte pelo veto do Conselho de Administração da Petrobras, com Dilma no comando (Wikimedia Commons/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2014 às 16h07.

Houston, Texas - O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli participou de uma reunião em Copenhague, na Dinamarca, na qual foram acertados detalhes para a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

A reunião com representantes da Astra Oil, então sócios no negócio, aconteceu em setembro de 2007. Gabrielli estava acompanhado dos então diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto da Costa.

Cerveró tinha escrito, um ano antes, o resumo técnico que embasou a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de comprar 50% da refinaria. Então presidente do colegiado, a presidente Dilma Rousseff disse semana passada que só apoiou o negócio porque o resumo era "falho".

Costa está preso sob suspeita de ter recebido propina em contratos da Petrobras para obras de construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Na reunião de Copenhague Gabrielli discutiu a proposta da Petrobras de pagar US$ 700 milhões pelos outros 50% da refinaria. As informações estão em documento apresentado pela própria Petrobras em um dos processos judiciais nos quais as duas empresas se enfrentaram na Justiça do Texas. Nele, o então diretor da estatal na Holanda, Samir Passos Awad, disse ter participado da reunião.

A Astra foi representada por seu dono, Gilles Samyn, e seu representante nos EUA, Mike Winget. Em dezembro daquele ano de 2007, a proposta de compra da Petrobras foi oficializada em carta à empresa belga.

A negociação foi implodida no ano seguinte pelo veto do Conselho de Administração da Petrobras, com Dilma no comando.


Nos EUA, as duas sócias começaram a se desentender e a Petrobras decidiu recorrer a uma corte de arbitragem em junho de 2008. A Astra respondeu com o exercício da opção de venda de sua metade na refinaria, que a estatal brasileira estava obrigada a comprar nos termos do acordo assinado em 2006.

Depois de dez meses de disputa, a Petrobras foi derrotada na corte de arbitragem, que determinou que ela pagasse US$ 640 milhões à Astra. Desse total, US$ 295,6 milhões eram para a compra de metade de Pasadena e US$ 171 milhões correspondiam ao pagamento por 50% da trading de petróleo que integrava a sociedade.

A Petrobras foi condenada ainda a pagar US$ 160 milhões por um empréstimo que havia sido quitado pela Astra. Além disso, teria de desembolsar mais US$ 4,7 milhões para ressarcir as despesas da ex-sócia com advogados e custas do processo.

A recusa da Petrobras em levar a disputa ao Judiciário acabou aumentando ainda mais seu prejuízo. Os tribunais concluíram que o acordo entre as duas empresas previa de maneira expressa que a arbitragem seria o caminho preferencial para solução de controvérsias - elas só chegariam à Justiça no caso de risco de prejuízo irreparável.

E rejeitaram os argumentos da Petrobras de que a corte arbitral havia excedido suas atribuições.

Em 2012, ao fim de quatro anos, a Petrobras foi derrotada em última instância e acabou realizando acordo com a Astra, pelo qual concordou em pagar US$ 820 milhões -US$ 180 milhões a mais do que o determinado pela corte arbitral em 2009. No fim, á compra superou US$ 1 bilhão.

Gabrielli defendeu desde o princípio a entrada da Petrobras em Pasadena, sempre ao lado de Cerveró e Costa. O ex-presidente a estatal, substituído por Graça Foster em 2012, alega que as condições econômicas e a conjuntura naquela época eram propícias ao negócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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