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Fusões e aquisições devem continuar aquecidas em 2011, segundo Anbima

Países asiáticos e infra-estrutura devem movimentar as operações nesse ano

Aquisição da participação da Portugal Telecom na Brasilcel (Vivo) pela Telefônica no valor de 18,2 bilhões de reais foi a maior operação do ano (Arquivo)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 14h02.

São Paulo – O ano de 2010 registrou um volume financeiro recorde de operações de fusões e aquisições. Foram anunciadas 143 operações que movimentaram 184,8 bilhões de reais. E esse ano deve acompanhar esse crescimento. “Acho que 2011 começou tão forte quanto 2010”, disse Bruno Amaral, coordenador da subcomissão de fusões e aquisições da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Em 2011, o coordenador espera maior participação de empresas de infra-estrutura e também de mineração nas operações. “Percebo interesse de companhias por ativos de infraestrutura e essas operações geralmente tem volumes grandes e podem levar a um volume importante de operações em 2011”, disse Amaral.

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Origem dos recursos

A participação de empresas estrangeiras também deve continuar forte no Brasil em 2011 segundo Amaral. Nos anos anteriores houve predominância de aquisições entre empresas brasileiras (72,1% em 2009 e 74,5% em 2008). Já em 2010 as operações anunciadas apresentaram maior equilíbrio. A aquisição de brasileiras por estrangeiras correspondeu a 30,8% do montante total, seguida pela aquisição de empresas estrangeiras por brasileiras com 25,7% do total; aquisições entre empresas estrangeiras (com empresas alvo brasileira) representaram 22% e as aquisições entre empresas brasileiras, 21,5%.

O coordenador destacou Europa e Ásia como regiões cujas empresas podem gerar operações nesse ano. “Vejo a Ásia como algo que veio pra ficar nas operações no Brasil”, disse Amaral. Entre as asiáticas destacam-se as chinesas, coreanas e japonesas. No ano passado, as empresas asiáticas responderam por 17,7% do valor total movimentado com a aquisição de empresas brasileiras por estrangeiras – e  nenhuma asiática foi adquirida por empresas brasileiras no ano.  “O interesse está vindo de todos os lados, inicialmente isso é em óleo e gás, infraestrutura, mas a tendência é que passe a ser menos em commodities”, disse.

Em 2010 a participação da Europa foi bastante destacada. As empresas européias lideraram as aquisições de estrangeiras por brasileiras e também de empresas brasileiras por estrangeiras em 2010, com participação de 44,1% no valor total de aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras e de 69,7% no valor de aquisições de estrangeiras por brasileiras.

“A única incógnita para mim é a participação de companhias americanas, porque a economia americana ainda tem algumas incertezas de como vai seguir daqui pra frente”, disse Amaral. Entre as operações de 2010 os Estados Unidos participaram como alvo de 25,9% do montante total e de 4,9% no valor de aquisições de brasileiras por estrangeiras.


Setores

O setor de TI/Telecom participou com 18% do volume financeiro total de operações, seguido pelo agronegócio com 13,2% e por siderurgia e metalurgia, com 12,6%."Siderurgia e metalurgia não tem nenhuma operação entre as quatro maiores, mas teve várias operações", disse o coordenador. A distribuição por número de operações é bem mais equilibrada, o setor que concentrou maior quantidade foi agronegócio, com 11,1%, seguido por assistência médica/produtos farmacêuticos com 7,7%.

O setor financeiro sempre tem uma participação significativa, segundo Amaral, o que não ocorreu no ano passado. "Em 2010 ele foi mais comportado. Não teve um destaque tão grande, mas sempre tem operações importantes", disse. O setor financeiro respondeu por 8,6% dos 184,8 bilhões de reais movimentados pelas operações do ano, e por 7,0% das 143 operações do ano.

Em 2010 aumentou o uso de recursos oriundos de IPOs em aquisições. No ano, 19,1% dos recursos oriundos das emissões de mercado de capitais destinaram-se à aquisição de participação acionária (com exceção da oferta de ações da Petrobras). A participação em 2009 havia sido de 9,6%.

Tanto o primeiro quanto o segundo semestre de 2010 registraram volumes recordes de anúncios de fusões e aquisições em comparação com os últimos quatro anos. Em 2010 foram anunciadas 143 operações – o valor total foi de 184,8 bilhões de reais. Foram fechadas 102 operações no ano, com o valor total de 110,3 bilhões de reais. O número é maior que o de operações fechadas em 2009, mas o valor registrou uma queda de 21,4%. Os dados que melhor indicam a temperatura do mercado são os de anúncio, segundo Amaral.

Das 143 operações, 31% foram transações acima de 1 bilhão de reais – e três apresentaram valores superiores a 10 bilhões de reais: Portugal Telecom e Telefônica, Tam e Lan e Shell e Cosan. Das dez maiores operações de 2010 apenas uma ocorreu no último trimestre, a aquisição de participação de 5% no Santander Brasil pela Qatar Honding, por 4,5 bilhões de reais.

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