Fundo Abu Dhabi pede indenização à Petrobras
Fundo está pedindo ressarcimentos pelas perdas com ações e bônus depois que escândalo de corrupção foi revelado
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de março de 2017 às 08h09.
Última atualização em 24 de março de 2017 às 14h44.
São Paulo - O multibilionário fundo soberano dos Emirados Árabes, o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), entrou com um processo contra a Petrobras na corte Sudeste de Nova York pedindo indenização pela desvalorização de ações e bônus da companhia de petróleo em função dos casos de corrupção apurados nos últimos anos.
O fundo engrossa a lista de grandes investidores que estão pedindo ressarcimento à empresa, alegando que ela mentiu e omitiu em seus balanços os verdadeiros resultados e receitas, contaminados pelos pagamentos de propinas que vieram à tona com a Operação Lava Jato.
A Petrobras já fechou 19 acordos individuais para indenizar investidores. De acordo com o balanço da companhia divulgado nesta semana foi feita uma provisão de R$ 1,2 bilhão para pagamento dos acordos já firmados.
Foram 15 no ano passado e os últimos quatro fechados em fevereiro deste ano. Mas a empresa informa que não é capaz de fazer uma previsão sobre outros casos em curso.
Apesar da importância e do tamanho de diversos fundos que entraram com pedido de indenização contra a empresa, como a famosa gestora Pimco, o fundo Abu Dhabi é um dos maiores investidores da companhia, segundo fontes.
Não há dados públicos sobre a posição do fundo na companhia, mas a estimativa de fontes é de que o pedido de indenização poderia girar em torno de US$ 1 bilhão.
Mas o número não foi confirmado já que os advogados que defendem o fundo, do escritório americano Robbins, Geller, Rudman e Dowd LLP não retornaram os pedidos de entrevista e a Petrobras também não comentou o assunto.
No processo judicial aberto pelo ADIA, os advogados apresentam diversos casos de corrupção que foram apurados até agora na Petrobras. O valor de desvios apontados seria de US$ 800 milhões sobre contratos de US$ 81 bilhões.
A alegação é de que a empresa já tinha conhecimento dos fatos quando lançou bônus em 2013 e 2014 e também quando reportou seus resultados naquele anos.
Além das ações individuais, a empresa também responde a uma ação coletiva de investidores que compraram as ações negociadas na bolsa de Nova York (ADRs).
A empresa informa em seu balanço que esta ação consolidada e também algumas ações individuais ainda estão em tramitação.
"Essas ações envolvem questões bastante complexas, sujeitas a incertezas substanciais e que dependem de fatores como: ineditismo de teses jurídicas, o cronograma definido pela corte, o tempo das decisões judiciais, a obtenção de provas em poder de terceiros ou oponentes, a decisão da corte em questões chave, análises de peritos e a possibilidade de as partes, de boa-fé, negociarem um potencial acordo", diz a empresa.
"As incertezas inerentes a todas estas questões afetam o montante e o tempo da decisão final e a companhia não é capaz de produzir uma estimativa confiável da potencial perda na Ação Coletiva Consolidada e nas ações individuais para as quais não foi reconhecida provisão".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.