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Fox mais Disney: o ápice do ambicioso plano de Bob Iger

A compra da 21st Century Fox é o mais audacioso capítulo dos 12 anos de gestão do executivo que remodelou a Disney para duelar com Netflix, Amazon e afins

ROBERT IGER, PRESIDENTE DA DISNEY: ele estendeu seu contrato até 2021 para comandar a integração com a Fox / Gary Cameron/File Photo/ Reuters
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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 12h59.

Última atualização em 14 de dezembro de 2017 às 13h24.

As mudanças no mercado de entretenimento e distribuição de conteúdo são tão eletrizantes que não deixam o presidente-executivo da Disney , Bob Iger, de 66 anos, se aposentar.

Ele já tentou três vezes, mas há sempre um peixe maior para fisgar. Iger tornou-se o comandante da Disney em 2005 em meio a uma campanha para “salvar” a empresa, que passava por um período de incertezas quanto ao futuro tanto dos estúdios como dos parques.

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Desde então, ele colocou em prática um agressivo plano de aquisições, iniciado com a Pixar, em 2006, por 7,4 bilhões de dólares. Em 2009, foi a vez de comprar a Marvel Entertainment, por 4,2 bilhões de dólares e, em 2012, a Lucas Film, responsável pela saga Star Wars, por 4 bilhões de dólares.

Nesta quinta-feira, a Disney fechou seu mais ambicioso negócio sob a batuta de Iger: A compra dos negócios de filmes, televisão e internacional da Twenty-First Century Fox , de Rupert Murdoch, por 52,4 bilhões de dólares em ações.

Os ativos da Fox que serão vendidos para a Disney incluem as redes de filmes e de cabo da Twentieth Century Fox. A Disney também assumirá a dívida líquida de cerca de 13,7 bilhões de dólares. Com isso, Iger adiou de novo a aposentadoria. Ele planejava sair de cena em 2016, em 2018 e, em seu último acordo, em 2019. Agora, já concordou em ficar até 2021 para finalizar a integração da Fox.

Trabalho não vai faltar; dinheiro, também não. Iger é há anos um dos presidentes mais bem pagos do mundo. Embolsou 44,9 milhões de dólares em 2015 e 43,9 milhões em 2016. Com a Fox, ele deixa claro que, mude o que mudar na indústria do entretenimento, a Disney será protagonista.

Fica cada dia mais claro que a indústria de mídia será dominada por um punhado de gigantes que produzem e distribuem seu próprio conteúdo. A Disney-Fox será um deles. A Comcast-NBC Universal, outro. CBS, Viacom e Sony querem entrar na disputa. Com a venda de seu estúdio para a Disney, o bilionário Rupert Murdoch parece ter abandonado as pretensões de dominar jornalismo, entretenimento e distribuição — embora ainda continue à frente de ícones do jornalismo, como o jornal Wall Street Journal e o canal Fox, favorito do presidente americano Donald Trump.

A empresa de streaming Netflix, a varejista online Amazon e a Apple, fabricante do iPhone, também vêm investindo cada vez mais na produção de seus próprios conteúdos, transformando-se em competidores diretos da Disney.

Mudança gradativa

O anúncio consolida uma mudança gradativa da Disney. A companhia mostrou nos últimos trimestres o esgotamento de uma estratégia vencedora por anos a fio. Desde sua chegada, Iger levou o valor de mercado da companhia de 52,8 bilhões de dólares, em 2005, para 162,5 bilhões de dólares. Mas nos últimos 30 meses a companhia andou de lado na bolsa, por causa principalmente das dúvidas sobre seu futuro turbinadas por um aumento feroz de concorrência e por mudanças nos hábitos dos consumidores.

Em agosto, a empresa anunciou uma queda de 9% no lucro trimestral, que foi atribuída aos altos custos de programação e à redução dos assinantes do canal esportivo ESPN. No mesmo dia, anunciou que vai lançar dois canais de streaming (a transmissão pela internet consagrada pelo Netflix) nos Estados Unidos a partir do ano que vem. Foi o reconhecimento, pela Disney, que precisava de outras plataformas para distribuir seu conteúdo, além da TV a cabo e dos cinemas.

“Já era mais que hora de entrarmos nesse negócio”, disse Robert Iger, o CEO da Disney, na época. “A lucratividade e a capacidade de geração de receitas dessa iniciativa são substancialmente maiores do que as dos modelos de negócios que estão nos servindo no momento.”

No modelo de negócios em vigor, o conteúdo da Disney (filmes, desenhos, shows, transmissões esportivas) é vendido para as operadoras de cabo, que o empacotam com diversos outros canais em sua oferta ao consumidor. Ocorre, porém, que o mundo do streaming ficou de repente muito competitivo, e para se diferenciar (e aumentar a lucratividade) as empresas passaram a produzir conteúdo. A Netflix prevê gastar 7 bilhões de dólares em conteúdo este ano. A HBO, por sua vez, uma das maiores produtoras de conteúdo da história, lançou seu serviço de streaming, o HBO Now. A varejista online Amazon e a Apple, fabricante do iPhone, também investem cada vez mais em conteúdo. Todas elas tentam virar produtoras e distribuidoras de conteúdo mais eficientes e mais amadas do que a concorrência.

Com o anúncio da compra da Fox, a Disney mostra que também não quer deixar brechas para perder sua histórica liderança na criação dos melhores e mais premiados filmes, séries e transmissões esportivas.

O negócio por si só dará para a Disney o acesso a um acervo de conteúdo nada modesto e o estúdio que pode surgir da união Disney/Fox tem o potencial de ser o maior da indústria, segundo especula o site Deadline.com. Fãs de “Star Wars” também serão afetados, já que o primeiro filme da saga ainda era parte do acervo da Fox. Com a confirmação da aquisição, todos os direitos da franquia estarão sob o mesmo chapéu.

Até lá, quem garante que a Disney não terá investido sobre um novo concorrente? Os fãs agradecem com novas combinações possíveis de personagens, como Wolverine no meio do Quarteto Fantástico, ou até mesmo combatendo o lado negro da força em Star Wars. A conta bancária de Bob Iger, também.

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