Junior Durski, dono da rede de hamburguerias Madero (Guilherme Pupo/Madero/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 16 de julho de 2020 às 08h50.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 12h52.
A rede de restaurantes Madero retomou os planos de crescimento traçados antes da pandemia do novo coronavírus. Em abril, a rede recebeu críticas ao demitir 600 pessoas, paralisando todas as obras de novos restaurantes em andamento. Agora, as obras foram retomadas e os funcionários estão sendo readmitidos.
O plano de expansão foi totalmente retomado, segundo Durski. A meta inicial era abrir 65 unidades em 2020. Agora serão 45. Os outros 20 ficarão para 2021. Antes, o objetivo era abrir 75 lojas em 2021, agora serão 95. Para 2022, o plano é abrir mais 85 unidades. “Retomamos 100% o investimento”, disse Junior Durski, presidente do Madero, à EXAME.
Duas unidades já foram inauguradas, uma no Rio de Janeiro, com investimento de 6 milhões de reais, e a outra em São Paulo, com investimento de 5 milhões de reais. O grupo tem hoje mais de 190 restaurantes no Brasil.
Segundo Durski, o Madero ficou no zero a zero em março, teve prejuízo em abril -- mês das demissões -- e voltou a ter equilíbrio nas contas em maio e junho. “Em junho, quando confirmamos um ponto de equilíbrio liberamos 100% das obras”, diz Durski.
"Faz todo sentido abrir, pois as obras já tinham sido iniciadas, com os devidos contratos de aluguel e já havíamos gasto de 60 a 70% do planejado", afirmou o empresário.
Os 600 demitidos eram funcionários ligados aos projetos de expansão: engenheiros, arquitetos, funcionários do setor de expansão e as equipes que estavam passando por treinamento para atuar nos novos restaurantes.
Hoje 200 dos funcionários demitidos já foram recontratados. A ideia é readmitir todos os demitidos até o fim do ano. Em 2021, a previsão é contratar mais 2.700 pessoas se o plano de expansão correr como previsto. O grupo tem atualmente 8.000 funcionários.
Ainda que não esteja no vermelho, a empresa sente os efeitos da crise no faturamento. Em junho, vendeu 43% do que venderia em condições normais. Para se reerguer, investiu em delivery, take away (quando o cliente busca o pedido na unidade para comer em outro local) e ações de marketing, com oferta de descontos para compras no delivery. Lançou também um aplicativo próprio.
Durski se envolveu em polêmicas desde o início da crise. A demissão dos 600 funcionários foi uma delas. O empresário também afirmou em vídeo que “não podemos parar por conta de 5 ou 7 mil que vão morrer”.
Em maio, Durski falou a EXAME sobre o tema. “Nunca desmereci o valor de uma vida e não é o que eu acredito. O que eu quis dizer é minha preocupação como empresário é também com a economia e com os milhões de desempregos”, disse.
Na semana passada, o apresentador Luciano Huck vendeu sua participação na empresa. Segundo a EXAME apurou, o valor do acordo, não confirmado pela companhia foi de 100.000 reais.
Os sócios vinham se desentendendo sobre o futuro do Madero há tempos, mas a relação teria azedado com a postura política conflitante.
Huck é um dos possíveis candidatos à presidência em 2022, e tem sido um crítico frequente da postura do presidente Jair Bolsonaro. Durski é apoiador de Bolsonaro e crítico do fechamento da economia com a pandemia do novo coronavírus.
A saída de Huck coloca mais pressão no negócio. Em 2018, o fundo de investimentos Carlyle avaliou a companhia em 3 bilhões de reais num aporte de 700 milhões de reais.
Ano passado, o Madero lançou novas marcas para acelerar sua entrada em novos nichos de mercado, como hambúrgueres mais populares e steaks. E chegou até avaliar a compra do parque de diversões Beto Carrero World.
Agora, no pós-pandemia, a companhia vê sua leva de desafios crescer. As novas marcas, como a Jerônimo, ainda não decolaram. E as lojas do Madero, consideradas caras por executivos do setor, precisarão se readequar a uma nova realidade. A resposta do Madero é reforçar sua aposta na expansão.