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Fibria perde R$ 2 bi em operações financeiras – um replay de 2008?

Empresa nasceu da fusão da VCP com a Aracruz, após esta sofrer perdas bilionárias com o câmbio há três anos

Fábrica da Fibria: o câmbio vai assustar as empresas como em 2008? (Germano Lüders/EXAME)

Fábrica da Fibria: o câmbio vai assustar as empresas como em 2008? (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2011 às 15h16.

São Paulo – Há algum tempo, o mercado se perguntava se o repique do câmbio causaria pesadas perdas às empresas brasileiras, como em 2008, quando apostas erradas levaram a prejuízos bilionários. Ao divulgar seus números trimestrais, a Fibria tornou-se o primeiro caso desta safra de balanço.

A empresa registrou, no terceiro trimestre, perdas financeiras líquidas de 2,015 bilhões de reais – um resultado tão impactante, que acarretou um prejuízo líquido de 1,114 bilhão de reais, o pior desde que a empresa foi criada em 2009. O efeito é contábil, isto é, sem efeito sobre o caixa.

Com 92% das dívidas atreladas ao dólar, as operações de hedge (proteção) causaram perdas de 558 milhões de reais. No mesmo período do ano passado, os mesmos instrumentos permitiram ganhos de 53 milhões de reais. No segundo trimestre, o resultado positivo foi ainda maior: 115 milhões de reais.

As despesas financeiras, compostas pelos juros sobre empréstimos em moeda local e estrangeira, também ficaram negativas em 168 milhões de reais – praticamente o mesmo que os 169 milhões do segundo trimestre, e abaixo dos 191 milhões do terceiro trimestre de 2010.

Mas mais de 50% das perdas financeiras veio da variação cambial. Entre julho e setembro, a flutuação do dólar gerou prejuízos de 1,296 bilhão de reais – ante um ganho de 328 milhões no segundo trimestre, e de 430 milhões no mesmo período do ano passado.


Repeteco

A Fibria aumentou suas operações com derivativos de câmbio nos últimos três meses – o que gerou as perdas com hedge. Um dos instrumentos utilizados foi o non-deliverable forward (NDF), cujos contratos somaram 1,185 bilhão de dólares no terceiro trimestre, ante 392 milhões no mesmo período do ano passado, e 919 milhões no segundo trimestre.

Segundo a empresa, o aumento dos contratos “cumpre os limites estabelecidos e os instrumentos utilizados, de acordo com a política de gestão de riscos, visando exclusivamente a proteção do seu fluxo de caixa.”

O curioso da situação é que a Fibria foi criada em 2009 a partir da compra, pela VCP, da Aracruz que, no ano anterior, fora abatida por pesadas perdas com derivativos de câmbio. Na ocasião, o estouro da crise de 2008 fez o dólar disparar, e a Aracruz contabilizou perdas financeiras de 2,1 bilhões de dólares. Com o caixa sufocado pela necessidade de honrar os contratos, a Aracruz não teve outra saída, a não ser se unir à rival.

De acordo com o gerente geral de relações com investidores da Fibria, André Luiz Gonçalves, a empresa não vive um novo 2008. "Não são períodos comparáveis", afirmou (leia a entrevista completa).

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