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Como o Interlagos popularizou o conceito de shopping center

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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  • Seis horas da manhã. As lojas ainda estão fechadas, mas clientes e funcionários já começam a chegar. Cerca de 150 pessoas ficam do lado de fora mesmo e fazem aquecimento enquanto aguardam o instrutor para mais uma manhã de atividade física no pátio ainda vazio do estacionamento. Outros aguardam a vez de realizar exames clínicos no laboratório e de lá seguirão para aulas de culinária, eletricidade ou para uma palestra sobre temas atuais com algum especialista. Famílias completas, após as compras, escolhem o cardápio entre 30 opções. E animadas turmas de jovens se encontrarão ali, após o expediente, para uma partida de boliche, uma sessão de cinema ou para pilotar um kart numa das pistas "indoor" sobreviventes ao modismo dos anos.

    Eis um dia típico no Interlagos, o maior shopping center da Grande São Paulo. Inaugurado em 1988, o empreendimento já nasceu sob a crença de que o sucesso dependeria de estabelecer uma relação amigável com a comunidade que o cerca. Por lá circulam a cada dia 80 000 consumidores, sem contar os que freqüentam apenas os outros empreendimentos que gravitam em torno da área do shopping -- Interlar, Makro e a primeira Leroy Merlin (loja francesa de bricolagem) do Brasil.

    Há sete anos na superintendência do Interlagos, a executiva Carla Bordon Gomes passa várias vezes por semana por seus corredores, observando de perto o comportamento da clientela e dos lojistas. É quando confere "ao vivo" os dados das pesquisas realizadas para nortear ações e indicar tendências. "O Interlagos faz parte da vida dessas pessoas e vai além de sua função comercial", diz Carla. "É também um espaço de convívio social para os moradores da região."

    O shopping cobre grande parte da zona sul da cidade. Santo Amaro, Socorro e Campo Grande foram bairros que receberam forte impulso imobiliário e valorização com a inauguração do Interlagos, 14 anos atrás. Surgiu com 160 lojas distribuídas num único piso térreo, testando uma nova modalidade de arquitetura racional e econômica -- iluminação natural, poucos elevadores ou escadas rolantes, acabamentos de qualidade mas sem luxo desnecessário. Foram medidas capazes de enxugar custos de manutenção e de atrair, por um lado, lojistas estreantes em shopping center. De outro, um público novo, das classes B e C, que ainda se intimidava em freqüentar os shopping centers sofisticados de bairros nobres.

    O espaço do Interlagos já nasceu projetado para integrar um sistema que hoje se tem tornado a base para a implantação dos novos shoppings: os centros comerciais. Capazes de abrigar várias modalidades de negócio, os powertowns possuem um mix de produtos e serviços complementares. Vão de artigos para automóveis, decorações, material de construção, hipermercados a cinemas multiplex -- todos compartilhando administração, serviços, segurança e espaços comuns de estacionamentos.

    Foi após uma reforma em 1997 que o Interlagos passou a contar com a maior área bruta locável (ABL) entre os shoppings da Grande São Paulo. São mais de 75 000 metros quadrados, distribuídos em 300 lojas. Algumas delas exibindo números surpreendentes em desempenho de vendas. Um dos recordes pertence ao McDonalds, que ali possui o restaurante campeão de vendas no Brasil, e o quinto do mundo em volume de atendimento. Há pouco mais de um ano o McDonalds inaugurou uma segunda unidade no Interlagos.

    Essa prática vem se tornando cada vez mais comum entre lojistas com tradição em shopping. Veja a rede de farmácias Drogão. Com 43 unidades (34 delas em centros de compras), a loja do Interlagos figura entre as cinco de maior faturamento. Assim como fez o McDonalds, o Drogão está inaugurando sua segunda loja no mesmo empreendimento.

    Figurar entre os espaços que mais vendem no Interlagos não foi surpresa para o empresário Mauro Razuk, da segunda geração de proprietários da Zêlo, marca estabelecida em 15 shopping centers e sinônimo de artigos de cama, mesa e banho. A unidade do Interlagos -- 190 metros quadrados, apenas 10% da área da matriz no Brás -- é a terceira em vendas por metro quadrado entre as 19 da rede.

    De braços com a comunidade

    Em busca de uma relação positiva e duradoura com a comunidade, o Interlagos opera em várias frentes com projetos sob medida para seu público. O Pratique Saúde é um programa pioneiro em shopping e oferece a 150 participantes a prática de atividades físicas supervisionadas por profissionais qualificados. Outro projeto de sucesso -- Vivendo e Aprendendo -- atrai 2 000 pessoas mensalmente para cursos e palestras de temas variados, como culinária, artesanato, trânsito. Existe ainda -- para todos os funcionários do shopping -- uma central de aperfeiçoamento profissional com workshops e cursos ministrados por especialistas. Todas essas atividades são gratuitas e a única condição para participar é doar 1 quilo de alimento, que segue em cestas básicas para entidades sociais da região. Outra fonte de recursos para obras de assistência é a proveniente da venda de material reciclável, tanto da coleta interna do shopping como o trazido pelos clientes. O projeto -- que reforça com folhetos e palestras o caráter educativo da coleta seletiva do lixo -- foi implantado há pouco mais de um ano e rende cerca de 15 toneladas por mês.

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