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Falta de concorrência em Libra beneficia Petrobras

Companhia pagará junto com as parcerias no certame o mínimo estabelecido pelo governo para ficar com a área gigante no pré-sal

Operador da Petrobras testa amostra de petróleo extraído da Bacia de Campos: ações preferenciais fecharam com alta de 5,3% nesta segunda-feira (Rich Press/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2013 às 20h15.

Rio de Janeiro - Se por um lado a falta de concorrência no leilão de Libra dá munição aos críticos do governo, o resultado favorece a Petrobras, que pagará junto com as parcerias no certame o mínimo estabelecido pelo governo para ficar com a área gigante no pré-sal.

A Petrobras não precisou disputar Libra nem correu o risco de migrar para um consórcio rival, como reza o edital em caso de derrota do seu próprio grupo, destacaram especialistas do setor ouvidos pela Reuters.

"Foi bom para a Petrobras, que poderia ter sido obrigada a fazer uma oferta elevada", afirmou o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

As ações preferenciais da Petrobras fecharam com alta de 5,3 por cento nesta segunda-feira.

A Petrobras venceu nesta segunda-feira o leilão pelo direito de exploração da área de Libra --maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil-- em parceria com a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC.

O consórcio liderado pela estatal brasileira foi o único a apresentar proposta no evento organizado pelo governo, com uma oferta mínima de óleo lucro de 41,65 por cento --parcela de petróleo destinada à União após serem descontados todos os custos de produção.

Se houvesse maior disputa e o lance vencedor fosse mais alto, a parcela de óleo lucro ao governo --que prevê investir os recursos do pré-sal em saúde e educação-- também seria mais robusta.

Um sucesso estonteante para o governo, no entanto, seria um fracasso perigoso para a Petrobras, disse um executivo do setor que preferiu não se identificar.

"Essa história de que o governo precisava de mais de um consórcio para ter resultado em Libra é uma mentira, vão sair com 15 bilhões (de reais do bônus de assinatura) no bolso sem afetar a Petrobras", disse. "Excelente para Petrobras e para o Brasil, ganharam os dois", afirmou, fazendo coro a autoridades presentes ao leilão.


Com um percentual de 40 por cento no consórcio, a Petrobras terá que pagar 6 bilhões de reais de bônus.

No mercado, temia-se a possibilidade de a Petrobras ter de acompanhar ofertas sem rentabilidade, de asiáticas buscando em Libra suas necessidades energéticas, ávidas por óleo.

Sinopec Barrada

O risco da concorrência acirrada existiu para a Petrobras.

Mas, por uma determinação do governo chinês, outra companhia da China, a Sinopec, não participou do leilão, afirmaram duas fontes com conhecimento direto do assunto.

A Sinopec, segundo as fontes, queria entrar no certame, mas teria sido preterida em favor das irmãs chinesas. O governo chinês não queria que as empresas disputassem entre si, disseram as fontes.

As chinesas CNOOC e CNPC entraram no consórcio da Petrobras com participação menor do que se esperava, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), João Carlos De Luca.

As duas chinesas entraram com 10 por cento de participação cada uma, enquanto Shell e Total terão 20 por cento do bloco cada uma.

Estatal Forte

A falta de concorrência no leilão de Libra, por outro lado, corroborou o argumento de alguns críticos da forte presença estatal no regime de partilha brasileiro.


De Luca considerou parcialmente positivo o resultado do certame. Segundo ele, se por um lado as vencedoras representam gigantes do setor de petróleo, por outro não houve disputa entre consórcios.

"É um super consórcio e ninguém tem dúvida de que tecnicamente as empresas vão entregar os resultados previstos... O ideal seria ter mais consórcio e poderia ser melhor." O representante das petroleiras defendeu mudanças para os próximos leilões da partilha, sem a obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora única do pré-sal.

As regras da partilha dão plenos poderes à estatal PPSA para decidir sobre a estratégia de Libra. E entregam a operação da área à Petrobras. As estatais brasileiras terão pelo menos 65 por cento do poder de voto sobre as decisões estratégicas da área exploratória.

O governo descartou que haverá mudança do regime, ao menos por ora, mesmo com a presença de um consórcio no primeiro leilão.

"Para a largada foi bom, mas esperamos que nos próximos leilões tenham mais blocos para que outras empresas possam participar", acrescentou De Luca.

"O setor de petróleo vai observar como será a gestão da PPSA; estaremos atentos sobre como será usado todo o poder que lhes foi dado neste regime, e sem dúvida isso deverá nortear os próximos leilões do pré-sal", afirmou recentemente o ex-presidente no Brasil da gigante petrolífera britânica BG Luiz Costamilan, que prestou consultoria a interessados neste leilão.

"Não vejo problema algum com esse leilão ter tido apenas um consórcio", avaliou o senador Delcídio Amaral, ex-diretor da Petrobras.

"Quando todos pensavam que haveria somente chinesas, Shell e Total apareceram, duas empresas de grande experiência no mundo", comentou o senador petista.

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A Petrobras não precisou disputar Libra nem correu o risco de migrar para um consórcio rival, como reza o edital em caso de derrota do seu próprio grupo, destacaram especialistas do setor ouvidos pela Reuters.

"Foi bom para a Petrobras, que poderia ter sido obrigada a fazer uma oferta elevada", afirmou o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

As ações preferenciais da Petrobras fecharam com alta de 5,3 por cento nesta segunda-feira.

A Petrobras venceu nesta segunda-feira o leilão pelo direito de exploração da área de Libra --maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil-- em parceria com a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC.

O consórcio liderado pela estatal brasileira foi o único a apresentar proposta no evento organizado pelo governo, com uma oferta mínima de óleo lucro de 41,65 por cento --parcela de petróleo destinada à União após serem descontados todos os custos de produção.

Se houvesse maior disputa e o lance vencedor fosse mais alto, a parcela de óleo lucro ao governo --que prevê investir os recursos do pré-sal em saúde e educação-- também seria mais robusta.

Um sucesso estonteante para o governo, no entanto, seria um fracasso perigoso para a Petrobras, disse um executivo do setor que preferiu não se identificar.

"Essa história de que o governo precisava de mais de um consórcio para ter resultado em Libra é uma mentira, vão sair com 15 bilhões (de reais do bônus de assinatura) no bolso sem afetar a Petrobras", disse. "Excelente para Petrobras e para o Brasil, ganharam os dois", afirmou, fazendo coro a autoridades presentes ao leilão.


Com um percentual de 40 por cento no consórcio, a Petrobras terá que pagar 6 bilhões de reais de bônus.

No mercado, temia-se a possibilidade de a Petrobras ter de acompanhar ofertas sem rentabilidade, de asiáticas buscando em Libra suas necessidades energéticas, ávidas por óleo.

Sinopec Barrada

O risco da concorrência acirrada existiu para a Petrobras.

Mas, por uma determinação do governo chinês, outra companhia da China, a Sinopec, não participou do leilão, afirmaram duas fontes com conhecimento direto do assunto.

A Sinopec, segundo as fontes, queria entrar no certame, mas teria sido preterida em favor das irmãs chinesas. O governo chinês não queria que as empresas disputassem entre si, disseram as fontes.

As chinesas CNOOC e CNPC entraram no consórcio da Petrobras com participação menor do que se esperava, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), João Carlos De Luca.

As duas chinesas entraram com 10 por cento de participação cada uma, enquanto Shell e Total terão 20 por cento do bloco cada uma.

Estatal Forte

A falta de concorrência no leilão de Libra, por outro lado, corroborou o argumento de alguns críticos da forte presença estatal no regime de partilha brasileiro.


De Luca considerou parcialmente positivo o resultado do certame. Segundo ele, se por um lado as vencedoras representam gigantes do setor de petróleo, por outro não houve disputa entre consórcios.

"É um super consórcio e ninguém tem dúvida de que tecnicamente as empresas vão entregar os resultados previstos... O ideal seria ter mais consórcio e poderia ser melhor." O representante das petroleiras defendeu mudanças para os próximos leilões da partilha, sem a obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora única do pré-sal.

As regras da partilha dão plenos poderes à estatal PPSA para decidir sobre a estratégia de Libra. E entregam a operação da área à Petrobras. As estatais brasileiras terão pelo menos 65 por cento do poder de voto sobre as decisões estratégicas da área exploratória.

O governo descartou que haverá mudança do regime, ao menos por ora, mesmo com a presença de um consórcio no primeiro leilão.

"Para a largada foi bom, mas esperamos que nos próximos leilões tenham mais blocos para que outras empresas possam participar", acrescentou De Luca.

"O setor de petróleo vai observar como será a gestão da PPSA; estaremos atentos sobre como será usado todo o poder que lhes foi dado neste regime, e sem dúvida isso deverá nortear os próximos leilões do pré-sal", afirmou recentemente o ex-presidente no Brasil da gigante petrolífera britânica BG Luiz Costamilan, que prestou consultoria a interessados neste leilão.

"Não vejo problema algum com esse leilão ter tido apenas um consórcio", avaliou o senador Delcídio Amaral, ex-diretor da Petrobras.

"Quando todos pensavam que haveria somente chinesas, Shell e Total apareceram, duas empresas de grande experiência no mundo", comentou o senador petista.

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