EXCLUSIVO: Suzano investe US$ 5 milhões em startup canadense que desenvolve hidrogel com eucalipto
A Suzano Ventures, fundo de CVC da companhia de papel e celulose, foi criada com um cheque de 70 milhões de dólares
Repórter de Negócios
Publicado em 24 de abril de 2024 às 14h52.
Última atualização em 24 de abril de 2024 às 22h50.
A Suzano Ventures tem uma nova integrante do seu portfólio: a startup canadense Bioform Technologies, que produz hidrogéis - espécie de membranas - com polpa de madeira e com potencial de desenvolver a tecnologia usando a fibra de celulose da própria Suzano como insumo.
Este é o segundo anúncio de aporte doCVC(Corporate Venture Capital) da companhia, criado em 2022, com um cheque total de US$ 70 milhões. A primeira escolhida foi a britânicaAllotrope Energy, de bateria de lítio-carbono, que recebeu um aporte de US$ 6,7 milhões em dezembro passado.
O veículo de investimento busca por startups em quatro verticais: uso de biomaterial de eucalipto, embalagens sustentáveis, novas tecnologias e remoção de carbono.
O desembolso na Bioform será de US$ 5 milhões - o equivalente a R$ 25,8 milhões - em uma rodada considerada como seed. Criada em 2021 em Vancouver, no Canadá, a startup desenvolveu uma tecnologia para reforçar hidrogéis, estruturas compostas por cerca de 90% de água.
O que a startup faz
Os hidrogéis aparecem no dia a dia de diversas formas, como membranas, micropartículas e embalagens plásticas. O uso mais comum é em lentes de contato. A partir da solução da Bioform, estes materiais ganham uma nova sustentação, feita com fibras de celulose.
“Eles utilizam equipamentos semelhantes ao da indústria de papel e celulose para produzir esse material. Então, tem algumas modificações que eles fazem nesses equipamentos, mas nós, como grandes conhecedores desses equipamentos, conseguimos ajudá-los a identificar os gargalos e escalonar a tecnlogia”, afirma Paula Puzzi, gerente do Suzano Ventures.
Na Suzano há mais de 8 anos na Suzano, a executiva lidera o veículo desde o dia 1. Segundo ela, a escolha pela startup passa ainda pelo que chama de “fit estratégico”, em que a companhia-mãe procura ampliar as utilizações da celulose para abrir novos mercados.
“É um produto de base renovável, que também é parte da nossa meta e é algo em que estamos buscando ser protagonistas no mercado de bioeconomia”, diz. “Um dos focos de aplicação desse hidrogel reforçado é em embalagens, o que conecta bastante com a nossa vertical de embalagens sustentáveis”.
Os recursos serão usados para dar escala aos testes. Até agora, Jordan MacKenzie e Mark Martinez, os dois pesquisadores da Universidade de British Columbia e cofundadores da startup, estão em um nível embrionário do negócio, ainda em fase pré-operacional.
A entrada do capital permitirá a ampliação do laboratório para que possam produzir os hidrogéis em maior volume e velocidade. “Este novo momento vai possibilitar o refino da tecnologia, seja do processo seja em questão de custos”, diz Puzzi.
Qual é o momento do fundo
O processo de decisão sobre o investimento levou cerca de 1 ano, incluindo a participação da startup do programa de aceleração do CVC. A ponte entre a Suzano Ventures e Bioform veio a partir daExport Development Canada (EDC), agência de fomento canandense.
A EDC é uma das parceiras do CVC para encontrar startups que atendam aos fundamentos da tese. O veículo, formado por cerca de 10 pessoas, ainda conta com o apoio de aceleradoras, fundos e ecossistemas de inovação para fazer as suas rondas.
Muito do capital de US$ 70 milhões deve ser empregado em startups estrangeiras.Assim como aOxygea, CVC da Braskem, o Suzano Ventures enfrenta dificuldades para encontrar modelos mais maduros aqui que dialoguem com os problemas que a companhia-mãe enfrenta.
“Lá fora é onde está a concentração das startups. Você tem algumas regiões com centros de pesquisa muito dedicados à floresta, biorrefinaria e materiais avançados. Mas eu entendo que o Brasil está indo para um movimento de produção de tecnologia e acho que no médio e longo prazo devemos ter mais volumes de startups aqui”, afirma.
A Suzano Ventures investe em rodadas de pré-seed a série A, com cheques que saem US$ 500.000 e avançam até a US$ 5 milhões, na média - a Allotrope Energy furou esse teto.Neste ano, o veículo deve reforçar o número de anúncios, usando do pipeline que foi construído ao longo do ano passado.
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