Negócios

Ex-CEO da Abercrombie acusado de tráfico sexual é liberado após pagar US$ 10 milhões

Ele terá de ficar confinado em casa e será monitorado por GPS. Mike Jeffries aliciava, drogava e abusava de jovens modelos em 'testes do sofá'

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 10h39.

Tudo sobreabercrombie-fitch
Saiba mais

Mike Jeffries, o ex-CEO da Abercrombie & Fitch, preso nessa terça-feira por acusações de tráfico sexual e prostituição interestadual, , foi liberado sob fiança de US$ 10 milhões no fim do dia. O juiz magistrado dos EUA, Bruce E. Reinhart, determinou que ele ficasse em prisão domiciliar com monitoramento por GPS, sem poder viajar sem autorização e com a obrigação de entregar seu passaporte.

Jeffries, polêmico CEO da popular marca de roupas, foi detido em West Palm Beach, Flórida, junto com seu parceiro Matt Smith e um terceiro homem, Jim Jacobson, de Wisconsin. Os três teriam conduzido "um negócio internacional de tráfico sexual e prostituição" e gastaram "milhões" para manter a infraestrutura criminal por mais de seis anos, entre dezembro de 2008 e março de 2015.

De acordo com as investigações, conduzidas pelo FBI e pela Unidade de Vítimas Especiais da Polícia de Nova York, Mike Jeffries se aproveitou de sua posição de CEO da empresa para aliciar jovens para encontros sexuais, sob a promessa de que poderiam se tornar modelos da marca.

Além da acusação de tráfico sexual , Jeffries, Smith e Jacobson enfrentam 15 acusações de prostituição interestadual relacionadas a 15 supostas vítimas.

Smith, que compareceu na tarde de terça-feira ao tribunal federal de West Palm Beach com Jeffries, seu parceiro de vida e co-réu no caso, aceitou a detenção até que o caso seja ouvido no estado de Nova York. Jacobson estava programado para comparecer ao tribunal federal em Islip ao lado de Jeffries para a leitura das acusações na sexta-feira.

Jeffries, de 80 anos, parecia calmo, vestindo um suéter azul-marinho e calças brancas, com as mãos algemadas a uma corrente em volta da cintura. Ele deixou o tribunal cercado por seus advogados após o juiz decidir que ele poderia ser libertado sob fiança.

Os investigadores apuraram que, entre o fim de 2008 e o início de 2015, Jeffries e Smith "pagaram dezenas de homens" para viajarem, pelos Estados Unidos e até para o exterior, "com o propósito de envolvê-los em atos sexuais comerciais".

Jacobson seria o principal intermediário do aliciamento e teria feito "testes" com candidatos em potencial — isto é, exigia que os jovens mantivessem relações sexuais com ele antes de serem encaminhados ao CEO e seu companheiro.

As investigações mostraram que as vítimas recebiam acordos de confidencialidade para assinar e tinham os celulares "apreendidos" para evitar vazamentos e relatos. Os jovens modelos eram dopados com "álcool, relaxantes musculares, lubrificante, Viagra" antes de serem abusados. A acusação destacou que as vítimas tiveram a integridade física violada, por meio do contato sexual invasivo com membros do corpo e objetos.

Jeffries, Smith e Jacobson usaram "força, fraude e coerção para traficar esses homens para sua própria satisfação sexual", apontaram os promotores, segundo quem as vítimas não foram informadas sobre o propósito dos "eventos" para os quais eram convidadas.

"Eles gastaram milhões de dólares em uma infraestrutura enorme para dar suporte a essa operação", disse o procurador dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, Breon Peace, em entrevista coletiva.

O procurador afirmou que ao menos 15 vítimas já foram identificadas. No entanto, os investigadores estimam que haja "dezenas e dezenas" de outros homens afetados pelo trio.

O advogado de Jeffries, Brian Bieber, disse à CBS News que "responderia em detalhes às alegações depois que a acusação fosse revelada, e quando apropriado, mas planeja fazê-lo no tribunal, não na mídia". O advogado de Smith, Joseph Nascimento, divulgou posicionamento semelhante.

Numa ação coletiva em que responde por tráfico sexual, Jeffries é acusado de atrair jovens para sua propriedade nos Hamptons, nos Estados Unidos, para supostas entrevistas de elenco.

Os abusos também ocorriam em festas que organizaram em outros países, relataram fontes. Nos encontros, os homens eram coagidos a se despir, usar drogas e fazer sexo, inclusive um com os outros, sob "direção" do CEO.

Jeffries foi CEO da Abercrombie de 1992 a 2014, quando deixou a empresa com um pacote de aposentadoria estimado em US$ 25 milhões, de acordo com um processo ao qual teve acesso a mídia americana.

A Abercrombie & Fitch disse que não comentaria a prisão, mas já alegara que faria uma investigação independente sobre os fatos. A companhia nega que a atual diretoria soubesse dos crimes.

Acompanhe tudo sobre:abercrombie-fitch

Mais de Negócios

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões