Negócios

“Estou muito interessado em oportunidades no Brasil”, diz Victor Lazarte, fundador da Wildlife

O empreendedor está na Benchmark desde julho de 2023, gestora boutique americana que investiu em startups como Uber e eBay

Victor Lazarte, da Benchmark: "Eu tenho certeza que nós próximos anos alguém criará uma empresa no Brasil tão grande quanto o Nubank" (Brazil at Silicon Valley/Divulgação)

Victor Lazarte, da Benchmark: "Eu tenho certeza que nós próximos anos alguém criará uma empresa no Brasil tão grande quanto o Nubank" (Brazil at Silicon Valley/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de abril de 2024 às 18h06.

Última atualização em 10 de abril de 2024 às 18h37.

SUNNYVALE (Estados Unidos) - Ocupando uma cadeira em uma das gestoras mais conhecidas no Vale do Silício, Victor Lazarte está em busca de novos negócios para investir. O empreendedor está na Benchmark desde julho de 2023, gestora boutique que investiu em startups como Uber e eBay logo no início de suas jornadas.

“Eu estou muito interessado no Brasil e o principal motivo é que eu penso que startups são, fundamentalmente, sobre talentos”, afirma Lazarte. “E há muitos talentos no Brasil. Acho que o fato de os fundos mais renomados não estarem olhando para isso no Brasil abre oportunidades ainda maiores”.

O brasileiro é o fundador e ex-CEO da Wildlife, uma plataforma de desenvolvimento de games que virou unicórnio, definição a startups com uma avaliação de mercado acima de US$ 1 bilhão. O negócio, criado com o irmão em 2011, nasceu em casa com investimentos dos pais de US$ 100.

Em pouco tempo, ganhou o mundo e captou uma base de bilhões de usuários que impulsionaram a receita para centenas de milhões de dólares. Hoje, tem um valor de mercado estimado em US$ 3 bilhões.

A dificuldade para captar lá atrás - além de propostas absurdas, como US$ 50.000 por 50% do negócio - parece ter contribuído para moldar os rumos atuais da carreira de Lazarte. Antes mesmo de deixar o posto de CEO da Wildlife, ele já mantinha uma agenda para ajudar outros jovens empreendedores.

Foi o caso com a Brex, o unicórnio brasileiro criado em solo americano. Avaliada em US$ 12,3 bilhões, a fintech brasileira recebeu investimentos de Lazarte logo no início na operação, em 2017, e tem o executivo como mentor, além de membro do conselho. 

Pelo modelo da Benchmark, cada um dos cinco sócios escolhe uma startup para investir no ano.  Ao longo dos anos, a gestora fundada em 1995 concentrou os seus aportes em startups dos Estados Unidos, com poucas operações fora do país. A chegada de Lazarte pode contribuir para um avanço geográfico.

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Onde estão as oportunidades

O emprendedor observa o cenário de evolução tecnológica atual de forma muito semelhante ao período de fundação da Wildlife. Isto é, a chance de capturar os novos ventos em seus primórdios - na ocasião, a intersecção entre redes sociais, games e smartphones - para criar e reimaginar modelos de negócios.

“Eu acho que nós estamos na melhor época para começar uma empresa nos últimos 10 anos”, afirma, em relação às mudanças provocadas por IA generativa.“Eu tenho certeza que nós próximos anos alguém criará uma empresa no Brasil tão grande quanto o Nubank”.

As grandes oportunidades para startups brasileiras estão nas camadas de aplicação. Ou seja, na criação de serviços e produtos que usam os grandes modelos de linguagem para resolver problemas do dia a dia. “Eu só não sei qual será a empresa nem em que setor”.

Apesar disso, deu uma pista do que faria caso tivesse decidido por empreender novamente.

“Por muitas décadas, os humanos tiveram que aprender a linguagem dos computadores. Agora, pela primeira vez, são os computadores que estão aprendendo a nossa língua. A IA generativa traz essa dinâmica de mudança de interface para o usuário. Eu estaria trabalhando para criar uma companhia que ajuda as pessoas a falarem com os computadores”.

O novo general partner da Benchmark participou do Brazil at Silicon Valley, conferência para conectar empreendedores brasileiros ao que está acontecendo na região que se tornou sinônimo da inovação global. A conversa foi mediada por Henrique Dubugras, um dos cofundadores da Brex.

*O jornalista viajou a convite da organização do Brazil at Silicon Valley 

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