Caetano Lacerda e Raphael Dyxklay, da Barte: há dois meses a empresa foi avaliada em 400 milhões de reais — e contando (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 14h48.
Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 16h25.
A Barte, fintech fundada em 2022, fechou o ano com 100 milhões de reais de receita anualizada.
Em menos de dois anos, a empresa saltou de uma ideia inicial para uma operação consolidada. Seu foco? Facilitar o fluxo de caixa e o acesso ao crédito de médias e grandes empresas, dois dos maiores desafios desse público.
A fintech, criada por Raphael Dyxklay e Caetano Lacerda, oferece uma plataforma que automatiza processos financeiros como pagamentos via Pix, boleto e cartão de crédito.
A proposta atraiu atenção: a empresa já movimentou 1,5 bilhão de reais neste ano e, em três meses, aumentou sua base de clientes de 2 mil para 5 mil.
A trajetória da Barte começa com uma história de conexão virtual. Caetano Lacerda, um português com experiência no mercado financeiro europeu, estava passando uma temporada no Rio de Janeiro durante a pandemia.
Com a ideia de empreender, ele começou a desenvolver o conceito da fintech, mas logo percebeu que precisava de um parceiro para transformar a ideia em realidade.
A conexão veio através de uma indicação de uma amiga em comum, e Caetano mandou uma mensagem no LinkedIn para Raphael Dyxklay, convidando-o para ser seu sócio.
Raphael, por sua vez, tinha uma bagagem bem distinta. Formado em literatura, fez sua carreira em tecnologia e passou por algumas das maiores startups do Brasil, como Creditas, Loft e Olist.
Essa combinação de expertises complementares foi essencial para a criação da Barte, uma empresa que mistura a solidez do mercado financeiro com a agilidade e inovação da tecnologia.
Combinando a experiência de Caetano no Deutsche Bank, onde trabalhou com fusões e aquisições de instituições financeiras, e a vivência de Raphael em três unicórnios brasileiros, a parceria se provou essencial para o sucesso da Barte nos primeiros anos.
A ideia da Barte veio da percepção de um problema comum nas PMEs.
“Vimos que o fluxo de caixa e o acesso ao crédito eram os maiores gargalos”, diz Dyxklay. “Queríamos oferecer uma solução prática e acessível.”
Além de processar pagamentos, a plataforma da Barte também organiza rotinas que antecedem e sucedem as transações.
Há lembretes de contas a vencer e cobranças automáticas, por exemplo. Com os dados coletados dentro do sistema, a Barte ainda faz análise de crédito para as empresas, oferecendo financiamento com base no histórico financeiro dos clientes.
O crescimento da fintech chamou a atenção de investidores. Em março do ano passado, a empresa recebeu 16 milhões de reais em uma rodada seed liderada pelos fundos NXTP e Force Over Mass.
Foi o segundo aporte em pouco mais de um ano — o primeiro, de 6,5 milhões de reais, aconteceu seis meses antes.
O último cheque foi há dois meses, numa rodada liderada pelo fundo AlleyCorp, de Nova York. Na ocasião, a Barte foi avaliada em 400 milhões de reais. Agora, segundo a empresa, ela está duas vezes maior do que quando fechou a rodada.
“Desde o primeiro cheque, conquistamos mais de 2 mil clientes e multiplicamos nossa receita por dez”, afirma Dyxklay.
Com os investimentos, a empresa cresceu de forma rápida. Nos últimos três meses, a receita dobrou e a base de clientes aumentou 150%.
Segundo Dyxklay, a plataforma se consolidou entre médias e grandes empresas que lidam com pagamentos complexos e que precisam de soluções mais eficientes.
O sucesso da Barte em 2024 não apaga os desafios que vêm pela frente. Para 2025, a empresa planeja ampliar a equipe em 50%, melhorar sua plataforma e lançar novos produtos. A meta é continuar crescendo sem comprometer a qualidade do serviço, mantendo a retenção dos clientes em alta.
“Nossa prioridade é continuar sendo um parceiro estratégico das empresas, e não apenas um provedor de pagamentos”, diz Dyxklay.
O acesso ao crédito seguirá como foco. Em 2023, a empresa captou 20 milhões de reais em debêntures para ampliar o segmento de antecipação de recebíveis. No fim do ano passado, captou outros 100 milhões de reais. A fintech já concedeu 1,5 bilhão de reais em operações desse tipo.
Apesar dos números positivos, o mercado de crédito é um desafio constante. A Barte aposta em análises personalizadas para reduzir os riscos e garantir o crescimento sustentável.
O mercado de soluções financeiras para PMEs é competitivo e está em expansão. A Barte terá que provar que consegue crescer sem perder eficiência. Com uma base diversa de clientes, a empresa precisará equilibrar a escalabilidade do negócio com a qualidade no atendimento.
Se os planos para 2025 se concretizarem, a Barte poderá dar um passo além no setor, com expansão nacional e novos produtos. A fintech também mira o mercado latino-americano a longo prazo.
A história da Barte mostra o potencial de empresas que conseguem identificar um problema e resolvê-lo de forma prática. O desafio agora será manter o ritmo de crescimento e provar que o modelo pode se sustentar nos próximos anos.