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Esta empresa do MS quer mudar o sistema financeiro, com ajuda do Goldman

Empresa criada bem longe de Wall Street é aposta do Goldman Sachs para mudar o sistema financeiro do Brasil

Goldman Sachs liderou uma rodada de investimentos de R$ 120 milhões na fintech (./Reuters)

Goldman Sachs liderou uma rodada de investimentos de R$ 120 milhões na fintech (./Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 09h36.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 12h55.

Uma empresa criada em uma garagem a 7.200 quilômetros de Wall Street se tornou a mais recente aposta do Goldman Sachs para transformar o sistema financeiro do Brasil.

A iugu Serviços na Internet, uma fintech de pagamentos que atua em serviços de cobrança, está recebendo ajuda do gigante americano para atrair novos talentos e competir mais diretamente com os grandes bancos brasileiros, disse o fundador Patrick Negri em entrevista. A divisão de merchant banking do Goldman, responsável pelos investimentos proprietários do banco, liderou uma rodada de investimentos de R$ 120 milhões na fintech com sede em São Paulo no mês passado.

“Tivemos sorte no sentido de que mais ou menos na mesma época em que tentamos entrar em contato com a iugu, eles estavam pensando em levantar dinheiro”, disse David Castelblanco, diretor responsável por investimentos em Private Equity na América Latina para a Divisão de Merchant Banking do Goldman Sachs. “É o caso clássico de um empresário de sucesso erguendo uma empresa até um ponto em que precisava atrair mais pessoas e um parceiro financeiro como nós para continuar expandindo.”

Negri, 38, criou a iugu em 2012 na garagem de sua mãe na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Foi a oitava empresa que fundou. A primeira, depois que ele saiu da escola, foi um mecanismo de busca quando a internet engatinhava. Ele também criou uma empresa de lista telefônica online e outra para fornecer software para autoescolas.

A plataforma da iugu ajuda empresas menores a automatizar cobranças, economizando tempo com tarefas de back-office. Recentemente, obteve uma licença do Banco Central que lhe permite criar contas de pagamento para seus clientes, o que Negri disse que “é algo que podemos usar para substituir totalmente os bancos”.

Novo CEO

O dinheiro e a reputação do Goldman ajudaram a iugu a dar início a uma onda de contratações e a trazer Renato Fairbanks Ribeiro, um veterano de private equity, para o posto de CEO, substituindo Negri, que passou a diretor de tecnologia. Ribeiro foi um dos primeiros investidores da empresa e é ex-membro do conselho da BK Brasil, que opera os restaurantes Burger King.

A empresa também trouxe André Luiz Gonçalves como diretor financeiro e contratou novos chefes para áreas de vendas, jurídico e marketing de empresas como Itaú Unibanco e PagSeguro Digital. O quadro de funcionários saltará para 190 até o final do ano, de 80 quando a pandemia começou, disse Ribeiro. A iugu teve receita de R$ 40 milhões no ano passado e pretende triplicar esse volume 2021, segundo Ribeiro.

“Precisamos preparar a iugu para correr, pois os concorrentes estão se movendo rapidamente”, disse Ribeiro.

Os bancos de Wall Street estão ansiosos para lucrar com a febre das fintechs da América Latina, à medida que empresas novatas ganham terreno contra os credores gigantes do país. Outras áreas do Goldman Sachs financiaram no passado o crescimento do Nubank, que se tornou o maior banco digital independente do mundo, e fizeram empréstimos recentes para o Mercado Livre expandir a operação de crédito no México e no Brasil. O JPMorgan disse em julho que comprou uma participação minoritária na fintech brasileira FitBank Pagamentos Eletrônicos por meio de sua unidade de investimentos estratégicos.

“A iugu se encaixa bem no cenário de pagamentos e fintech que surgiu na América Latina”, disse Castelblanco, do Goldman. “É uma empresa focada em pequenas e médias empresas que resolve coisas que costumavam fazer manualmente ou eram uma espécie de caixa preta.”

A iugu é o primeiro investimento em equity de uma fintech que a divisão de merchant banking do Goldman fez na América Latina, de acordo com Castelblanco.

Outras apostas na região incluem a varejista uruguaia Tienda Inglesa, a provedora brasileira de tratamento de câncer Oncoclínicas do Brasil Serviços Médicos e a empresa de infraestrutura de telecomunicações Cell Site Solutions, que o banco vendeu ao conglomerado de telecomunicações africano IHS Towers em dezembro.

“Gostamos tanto da oportunidade da iugu que estávamos dispostos a apoiar a empresa um pouco mais cedo do que normalmente fazemos”, disse Castelblanco.

 

 

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