Pix Force: câmera identifica, por exemplo, se funcionário está usando capacete ou não (Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 21 de outubro de 2023 às 12h25.
Última atualização em 21 de outubro de 2023 às 17h30.
A indústria tem um desafio e um foco bem claro para o futuro: quebrar a imagem de que é “quadrada” e adicionar cada vez mais tecnologia e inovação em seus processos. Isso vai da automação ao uso de realidade aumentada. Mais recentemente, também ganhou força a procura por inovação via inteligência artificial na indústria.
A gaúcha Pix Force, de Porto Alegre, é a prova disso. Há sete anos ela já trabalha com IA para analisar e interpretar imagens, sejam fotos ou vídeos, para facilitar o trabalho em fábricas e plantas industriais. Um dos seus produtos, por exemplo, mapeia em tempo real se os funcionários estão usando equipamentos de proteção individual. Em outro serviço, é possível enviar fotos e a inteligência artificial faz a contagem de volume. Com isso, consegue, por exemplo, contabilizar estoque e fazer gestão de produtos.
O principal foco é fazer projetos personalizados para seus clientes, mas nos últimos meses, com a força da procura por projetos de inteligência artificial pelas indústrias, lançou produtos que podem ser facilmente instalados em diversos setores industriais. Com isso, quer ganhar escala e atender a demanda crescente por companhias em busca dessa tecnologia.
O resultado também está aparecendo no faturamento. No ano passado, a receita foi de 8 milhões de reais. Agora, querem aumentar esse número em 50%, batendo os 12 milhões de reais em 2023. E para o ano que vem, planejam crescer disseminando ainda mais esses novos produtos escaláveis.
Metaverso não dá dinheiro? Essa startup gaúcha recém-aberta já vai faturar o primeiro milhão por ali
O novo lançamento da empresa gaúcha é o Pix Safety, que faz interpretação em tempo real das imagens captadas em câmeras de segurança para identificar desvios de padrão, como funcionários em áreas proibidas ou que não estejam usando equipamentos de proteção individual. No sistema, a startup puxa as câmeras que já existem nas empresas e consegue usar essas imagens no software desenvolvido pela Pix. “Assim, conseguimos transformar qualquer câmera em um sensor inteligente, focado na segurança do trabalho”, diz Carlos Bischoff, gerente comercial da empresa, que estava demonstrando o novo produto na Mercopar, feira organizada pelo Sebrae RS e pela Fiergs em Caxias do Sul, na serra gaúcha.
O desenvolvimento deste produto começou dentro da Petrobras. A Pix Force participou de um chamado de inovação aberta da estatal, que queria fazer auditoria dos desvios encontrados nas plantas do Rio de Janeiro. “A partir da experiência daquele projeto, evoluímos para lançar no mercado este produto de monitoramento contínuo”, diz Bischoff.
Outro produto lançado este ano é o Pix Docs, que faz um processo de extração inteligente de dados de documentos, e usa a inteligência artificial para identificar os padrões desses papéis. Assim, consegue encontrar rapidamente onde estão dados como RG, endereço e número de unidade em faturas de luz, por exemplo.
Além desses dois, a Pix Force também tem uma tecnologia capaz de contabilizar itens a partir de uma imagem, utilizando smartphones ou câmeras instaladas em linha de produção. Desse modo, a contagem pode ser realizada em segundos e o número de itens identificados é exibido em tempo real. O quarto é um sistema que identifica avarias e defeitos por meio de câmeras que auxiliam na inspeção da qualidade do produto. “A ideia não é eliminar pessoas das atividades”, afirma Bischoff. “Queremos tirar o ser humano de atividades cansativas, repetitivas e perigosas”.
Como a Pix Force surgiu
A empresa nasceu em 2015 pelas mãos dos sócios-fundadores Renato Gomes e Daniel Moura. Os dois se conheceram no casamento de um amigo em comum e tiveram a ideia de tocar o negócio. Moura trabalhava na área ambiental, em uma consultoria, fazendo análises de grandes áreas de plantação. Gomes, por sua vez, também trabalhava em grandes áreas, em uma mineradora. “Imagina fazer análise e inspeção de áreas tão grandes”, afirma Bischoff. “Eles pensaram que poderia haver uma maneira mais tecnológica do que ficar andando por vários hectares”.
A primeira ideia foi construir drones para fazer essa inspeção. Mas com a força chinesa do setor, ficou difícil competir. Foi quando pensaram que poderiam usar as imagens captadas por drones - e por outros equipamentos - para leitura automática de informações.
Entre os clientes da Pix Force estão a Petrobras, a CPFL, a Cemig e a Shell. Faturando 12 milhões de reais em 2023, a meta é chegar ao ano que vem batendo os 16 milhões de reais em receita. A estratégia principal vai ser consolidar os produtos lançados neste ano. “O grande objetivo ano que vem será aumentar a escala com esses dois produtos”, afirma Bischoff. “Aumentando a recorrência, teremos um bom acréscimo de faturamento”.
Para 2024 a startup planeja expandir ainda mais as suas operações, inclusive com a abertura de uma nova rodada de investimento, o que deve consolidar seu processo de internacionalização. “Estamos planejando crescer ainda mais rápido e para isso vamos captar entre R$ 15 e 20 milhões, tanto no Brasil quanto no exterior”, diz o CEO da Pix Force, Daniel Moura. A intenção é que a maior parte dos recursos (75%) seja aportado em marketing e vendas, e o restante para a otimização de uma plataforma interna da Pix Force para o desenvolvimento de IA.