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Entenda por que a Google criou o Alphabet

A reestrutura corporativa dará vantagens à gigante da internet em Wall Street e obterá flexibilidade para manter seus ambiciosos projetos de longo prazo


	Homem passa pela recepção do escritório do Google
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Homem passa pela recepção do escritório do Google (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2015 às 14h24.

Washington - A reestrutura corporativa do Google dará vantagens à gigante da internet em Wall Street e obterá flexibilidade para manter seus ambiciosos projetos de longo prazo, disseram os analistas nesta terça-feira.

O Google surpreendeu nesta segunda-feira ao anunciar que se transformará em subsidiária de uma holding chamada Alphabet e dirigida por seus co-fundadores Larry Page e Sergey Brin.

A Alphabet será a empresa matriz de uma corporação que terá a empresa em seu portfólio Google, com seu buscador, serviço de mapas, publicidade, sistema operacional Android e YouTube.

Além disso, a Alphabet abrigará outras empresas criadas pela Google para projetos e empreendimentos em diversos setores, como saúde, ciência e investimentos.

"Faz tempo que a Google deveria ter dado esse passo", disse Larry Chiagouris, professor de marketing da Universidade Pace.

"Isso lhe permitirá se envolver nesses outros negócios sem desmerecer o principal", acrescentou.

A Google nasceu em 1998 como ferramenta de busca na internet e rapidamente tornou-se um gigante da rede. Nesses anos, lançou-se em uma variedade de projetos marginalmente vinculados com sua operação inicial.

Esses projetos incluem, por exemplo, carros sem motorista, o Google Glass, drones, a Google TV, a rede social Google+ e sistemas de pagamento móvel.

É difícil que muitos desses projetos, tão diversificados quanto ousados, fracassem, mas, caso isso acontecesse agora, isso não traria prejuízo à Google, explicou Chiaguris à AFP.

"Eles não querem que a marca Google esteja associada a fracassos", completou.

Projetos científicos

Para Roger Kay, analista da Endpoint Technologies Associates, a reorganização da Google dá a Wall Street a transparência esperada das operações essenciais da companhia americana.

"Na perspectiva de Wall street é importante que o desempenho de uma companha não seja ofuscado pelo o de outras entidades", disse Kay à AFP.

"A Google na realidade tem um só negócio, o de busca na internet e a publicidade. O resto é o que chamo de projetos de ciência", explicou.

O cofundador e diretor executivo da Google, Larry Page, revelou o nascimento da Alphabet e disse que manterá o mesmo cargo na holding, assim como o presidente executivo Eric Schmidt.

A unidade Google da Alphabet será comandada pelo atual vice-presidente da companhia, Sundar Pichai. Incluirá busca na internet, publicidade, mapas, YouTube, Android e infraestrutura tecnológica relacionada.

As novas unidades abarcarão, entre outras, a Google X, dedicada a carros sem motoristas e outras tecnologias novas; a Calico, focada em ciência; a Nest, que desenvolve a automatização de moradias; e a Fiber, que se aposta na internet de alta velocidade.

"A nova estrutura operacional será apresentada em etapas nos próximos meses", informou a Google em comunicado às autoridades do mercado de valores. Além disso, a nova modalidade corporativa implicará a apresentação de informes financeiros próprios tanto para a Google, como para sua matriz Alphabet.

"Com essa transformação, finalmente ficará claro quão grandes e deficitárias são as iniciativas não essenciais da Google, o que pode fazer que os acionistas pressionem para que a empresa deixe esses outros negócios", observou Jan Dawson, da Jackdaw Research.

Dawson disse que a iniciativa tem um componente de motivação pessoal para Larry Page e Sergey Brin.

"Eles estão claramente menos motivados em administrar uma ferramenta de busca e negócios de publicidade", disse Dawson. "Para ambos, a reestruturação permite que tenham cargos para fazer exclusivamente o que querem", completa Dawson em seu blog.

Larry Page é um fanático da ideia de "mudar o mundo", escreveu o especialista em tecnologia Ben Thompson, em seu blog Stratechery. "Parece claro que ele não tem interesse na gestão cotidiana de um serviço muito rentável, mas que para ele significa mais uma distração do que o que realmente quer fazer", acrescentou.

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