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Entenda o que é a Operação Carne Fraca e os impactos para a BRF

Além das investigações da PF, a BRF também sofre com problemas internos e apresentou um prejuízo de 1,1 bilhão de reais em 2017

Operação Carne Fraca: Indiciados são acusados de crime por corrupção e contra a saúde pública (iStock/Thinkstock)

Karin Salomão

Publicado em 5 de março de 2018 às 18h12.

Última atualização em 6 de março de 2018 às 11h45.

São Paulo – A Polícia Federal deflagrou hoje, 5, a terceira fase da Operação Carne Fraca , chamada de Operação Trapaça, com mandados de prisão preventiva de ex-executivos da empresa de alimentos BRF .

Iniciada em março do ano passado, a investigação da PF mira fraudes laboratoriais no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e irregularidades cometidas por frigoríficos de grandes companhias.

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A nova fase investiga principalmente cinco laboratórios credenciados ao MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e setores de análises da BRF, que de acordo com a PF fraudavam resultados de exames com conhecimento de executivos do grupo.

Maior exportadora de carne de frango do mundo, a companhia tem sido atingida pelos escândalos, prejuízos bilionários e por disputas internas.

Entenda abaixo o que foram as três fases da Operação Carne Fraca e os impactos para a BRF.

1ª Fase – Carne Fraca

Iniciada em março de 2017, a primeira fase envolveu 1.100 agentes, 309 mandados judiciais, 27 pedidos de prisão preventiva, 11 de prisão temporária e ocorreu em 6 estados mais o Distrito Federal.

A PF, que investigou cerca de 30 frigoríficos por depoimentos e escutas telefônicas, afirmou que funcionários ofereciam propinas por certificados de qualidade adulterados.

Essa fase da operação foi a mais conturbada, com erros na divulgação das informações por parte da PF, que chegou a afirmar que algumas empresas adicionavam papelão à carne. O áudio gravado pelos fiscais na verdade se referia à embalagem do produto.

A JBS, dona da Friboi e Seara, e a BRF, dona da Sadia e da Perdigão, estavam entre as empresas envolvidas na operação.

Na ocasião, a BRF foi investigada por supostas irregularidades no frigorífico de Mineiros (GO), fabricante de carne de aves, por uso de material impróprio na fabricação de alimentos.

Naquela operação, o gerente de Relações Institucionais, Roney Nogueira dos Santos, foi alvo de mandado de prisão preventiva, investigado por corrupção, passiva e ativa, concussão, peculato, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação e adulteração de substância ou produtos alimentícios e lavagem de dinheiro.

Em relação às acusações, a BRF informou na época que estava colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. Ela afirmou que cumpria as normas e regulamentos referentes à produção e à comercialização de seus produtos e que não compactuava com práticas ilícitas. Em nota, ela afirmava assegurar a qualidade e a segurança de seus produtos.

Mesmo assim, a companhia viu quedas nas vendas e exportações, com o aumento da desconfiança internacional em relação à carne brasileira.

Em carta aos investidores no seguindo trimestre de 2017, Pedro Faria, então presidente da BRF, e Abilio Diniz, presidente do conselho de administração, afirmaram que os principais eventos da Carne Fraca “já foram administrados”.

2ª fase – Antídoto

A 2a fase da Operação, batizada de Antídoto, foi deflagrada em maio do ano passado.

De acordo com a PF, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em Goiás.

O principal alvo era Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado de Goiás. Ele foi gravado pela PF conversando sobre a destruição de provas relevantes para a apuração da Operação Carne Fraca.

O nome da fase é uma referência a uma ação policial colocada em prática com o objetivo de fazer cessar a ação criminosa do investigado e preservar eventuais novas provas.

3ª fase – Trapaça

A etapa mais recente, chamada de Trapaça, foi deflagrada hoje, 5. Enquanto a 1ª fase da operação envolvia dezenas de empresas, a 3ª foca na BRF.

A Polícia Federal cumpriu, na manhã de hoje, 11 ordens de prisão temporária e 27 mandados de condução coercitiva. Os policiais cumprem ainda 53 mandados de busca e apreensão em unidades da BRF – dona da Sadia e da Perdigão.

A operação apontou que cinco laboratórios e setores de análises da BRF fraudavam resultados de exames. As irregularidades teriam sido cometidas entre 2012 e 2015 com conhecimento de executivos da empresa, de acordo com denúncias de uma ex-funcionária que processou a companhia.

Entre os presos, estão o ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria, e o ex-vice-presidente Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior.

A BRF informou que “está se inteirando dos detalhes” da nova fase da operação e que colabora com as investigações para esclarecer os fatos. Em comunicado, a empresa ainda ressaltou que segue as normas e regulamentos relativos à produção e comercialização de seus produtos no Brasil e no exterior.

Além das investigações da PF, a BRF também sofre com problemas internos e apresentou um prejuízo de 1,1 bilhão de reais em 2017.

Os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras, entre os principais investidores da BRF defendem a troca dos executivos do conselho, incluindo Abilio Diniz, presidente do conselho de administração desde 2013.

Uma assembleia marcada para hoje deve decidir o futuro da companhia.

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