Exame Logo

Empresas usam de esportes a hackathons para contratar melhor

Modelos tradicionais de processo seletivo podem ser demorados e caros para as empresas e nem sempre selecionam os melhores profissionais

Hackathon, processo seletivo da CI&T: processo seletivo diferente chama a atenção do candidato (Divulgação)

Karin Salomão

Publicado em 8 de junho de 2016 às 11h47.

São Paulo – Avaliação de centenas de currículos, diversas entrevistas presenciais, dinâmicas em grupo e testes técnicos – e a resposta só vem dias ou até semanas depois.

Esse modelo tradicional de processo seletivo pode ser demorado e caro para as empresas e nem sempre seleciona os melhores profissionais.

Por isso, muitas estão optando por formas mais leves, divertidas e certeiras para encontrar o melhor candidato para a vaga e atrair talentos para dentro da sua equipe.

Alguns desses processos usam a prática de esportes, desafios de lógica e de programação e modelos completamente digitais, segundo levantamento feito pela Love Mondays, plataforma de carreiras , feito com exclusividade para Exame.com.

Confira alguns deles abaixo.

Bom de bola

A Decathlon escolhe seus funcionários em um só dia, em um grande encontro entre recrutadores e candidatos que envolve até a prática de esporte.

Os recrutadores desafiam os candidatos não apenas com perguntas, mas também no esporte, prática que já faz parte das reuniões da empresa, afirmou Blandine Grasso, gerente de recrutamento da Decathlon Brasil.

Antes, os processos se restringiam a apenas entrevistas individuais, que não conseguiam identificar as competências que a Decathlon buscava. Com isso, muitos acabavam saindo da empresa por não se encaixarem com o dia-a-dia.

Diminuir a rotatividade e melhorar a qualidade do atendimento eram os objetivos da varejista esportiva para criar o novo método de recrutamento.

Ao reunir muitos candidatos e recrutadores no mesmo dia, o processo amplia a troca de informação entre ambas as partes, “já que não é só a empresa que escolhe o candidato, mas o profissional também escolhe seu empregador”, diz Grasso. Segundo ele, as demissões causadas por contratações erradas diminuíram 5%.

Tudo pelo celular

O smartphone é o principal meio de comunicação entre a PwC e os interessados na vaga. Quase todas as etapas de seleção são mobile e só há uma entrevista individual no final do processo.

Entre as etapas, estão um quiz online sobre a formação, conhecimento de inglês, experiência profissional e perfil comportamental do candidato, e perguntas em vídeo para avaliar conhecimentos específicos.

As pessoas podem responder de qualquer lugar e a qualquer hora e os gestores já recebem laudos dinâmicos dos candidatos.

“O número de fases presenciais diminuiu e o processo se tornou muito mais ágil, flexível para o candidato e o gestor”, disse Erika Braga, gerente sênior de recursos humanos da PwC.

A mudança foi para acompanhar o mercado e “conectar nossa estratégia de negócios e de desenvolvimento de pessoas à nossa estratégia de atração de talentos”, afirmou ela.

Artes marciais e digitais

Um dojo, local para prática de artes marciais, um Sensei, “mestre” em japonês, e um desafio de programação. O processo seletivo da CI&T, especialista global em soluções digitais, usa os Dojos, encontros nos quais reúne candidatos para trabalhar juntos num desafio de programação. Ela também realiza Hackathons, maratonas de desenvolvimento de software.

Os “Senseis” são colaboradores da companhia e estão lá para ajudar e avaliar os recrutas. A intenção também é despertar a vontade de trabalhar com aquela equipe, apontou Marília Honório, gerente de engajamento e contratações da CI&T.

O objetivo não é terminar os desafios, mas avaliar o candidato em termos de conhecimento técnico, raciocínio lógico, trabalho em equipe e comunicação. “Dá até para sacar o senso de humor das pessoas”, afirmou Honório.

Antes, o processo era apenas uma entrevista e sem comprovação prática. De acordo com a gerente, “não tínhamos certeza do match cultural e o candidato não conhecia a realidade da empresa antes do seu primeiro dia”.

Feedback jovem

A Totvs , empresa brasileira de software, quer ser mais atraente para os jovens. Para saber como, nada melhor do que perguntar para os próprios. A companhia reúne estudantes das principais universidades, os potenciais candidatos, para um bate-papo com os executivos.

“Nada mais natural do que perguntar ao próprio “cliente” o que funciona para ele e como atendê-lo bem e surpreendê-lo, afirmou Rita Pellegrino, diretora de RH da Totvs.

O vice-presidente de RH , Flavio Balestrin, destacou que após a implementação do programa a procura por vagas aumentou cerca de 130% em comparação a 2014.

“Candidatos que participaram do processo e não foram aprovados, nos procuraram mesmo que para outras posições na companhia”, afirmou ele.

Para testar o programador

A VivaReal é outra companhia que desenvolveu uma seleção 100% digital.

Enquanto antes o candidato de tecnologia da informação precisava ir até a empresa de anúncios online, agora ele desenvolve um código, proposto pela empresa, em uma plataforma automatizada. Ele pode usar a linguagem de programação que quiser e seu desempenho é simultâneo.

“O nosso time interno pode abrir o teste e verificar a estrutura do que o candidato desenvolveu”, afirmou Renata Lorenz, vice-presidente de pessoas da VivaReal. Assim, é possível avaliar se ele está apto para contribuir com a presença digital da empresa.

A VivaReal também aproveitou o momento da entrevista presencial para apresentar melhor a empresa e sua cultura ao candidato com um tour pelo escritório.

São Paulo - Além dos benefícios previstos por lei, algumas empresas oferecem vantagens extras a seus funcionários. Com o objetivo de reter talentos e aumentar a produtividade e o comprometimento da equipe, companhias disponibilizam áreas de lazer, geladeira aberta e comida gratuita, licença maternidade e paternidade estendida e assistência psicológica e jurídica. Empresas de tecnologia, como Google e Facebook, são reconhecidas pelos mimos que concedem aos colaboradores. Mas há também indústrias e construtoras com vantagens bastante atraentes, como Embraco e Brookfield. Leia sobre essas empresas nas imagens acima.
  • 2. Ericsson

    2 /13(Luísa Melo/Exame.com)

  • Veja também

    Na sua filial em São Paulo, a Ericsson conta com um clube para os funcionários e suas famílias. São cerca de 1.500 associados, sendo que a empresa tem 5.000 colaboradores em todo o Brasil. Com salas de musculação, piscina, quadras, sauna, salão estético e local para eventos sociais, a taxa é de 0,9% do salário. Segundo Janaína Khatchikian, diretora de recursos humanos da Ericsson no Brasil, muitos funcionários moram perto da empresa. Assim, aproveitam para usar o clube, seja antes ou depois do expediente, aos finais de semana ou durante as férias de seus filhos. O espaço já existe há quase 40 anos e foi criado em linha com o conceito sueco de integrar funcionários fora do ambiente de trabalho. De acordo com Janaína, a companhia tem metas de engajamento dos funcionários, que são medidos anualmente. O clube e as atividades sociais "melhoram a percepção do funcionário em relação a empresa, resultando em altos níveis de engajamento", disse ela a EXAME.com. Dessa forma, há maior retenção de talentos e maior comprometimento com a empresa, conta.
  • 3. Grupo Virgin

    3 /13(Divulgacao)

  • Richard Branson já chamou a atenção quando permitiu que sua equipe pessoal nos Estados Unidos e Reino Unido tirasse férias ilimitadas no momento em que quisesse. Depois disso, o presidente decidiu conceder ainda outro benefício para quem trabalha no grupo Virgin. Os funcionários da Virgin Management, braço de investimentos do Virgin Group, que se tornarem pais ou mães poderão tirar um ano de licença, com salário integral. A duração total do afastamento pode ser de 52 semanas, mas as duas primeiras devem ser desfrutadas pela mãe, obrigatoriamente. "Se você cuida de seus empregados, eles cuidarão de seu negócio", disse Branson, em comunicado. Porém, de todo o time do Virgin Group (que abrange desde a Virgin Galactic até a Virgin Records) apenas 2% terão acesso à licença-paternidade remunerada de forma integral - 140 em 50.000 trabalhadores.
  • 4. Embraco

    4 /13(Divulgação)

    Desde 1991, a Embraco, fabricante de compressores para refrigeração, mantém um berçário dentro da fábrica em Joinville, SC. O espaço é voltado para crianças de até um ano e com 25 vagas. Para as mulheres o benefício é gratuito. A funcionária pode começar a trabalhar 30 minutos mais tarde para amamentar o filho, atividade que realiza de novo no meio do dia e no final do expediente, quando é liberada 20 minutos mais cedo. Segundo Tatiane Cristina da Silva, líder de RH da Embraco, a ideia foi criada para evitar pedidos de demissão na volta da licença maternidade. Como as creches funcionavam apenas durante meio período, muitas mulheres preteriam a carreira para poder cuidar do filho. Apesar de trabalharem menos tempo, a produtividade das mulheres que usa o benefício é bem maior. "Quando a pessoa está preocupada com o filho, não produz direito", afirma a líder de RH. Além da facilidade para as mães, o benefício também traz vantagens para a companhia, como melhora da imagem da empresa na comunidade e a retenção de talentos.
  • 5. Unilever

    5 /13(Exame.com/Karin Salomão)

    Entre as vantagens para os 13.700 colaboradores no Brasil, a Unilever oferece um programa de mentoria. O funcionário escolhe seu mentor, que recebe uma capacitação para esse papel. Os programas de aconselhamento e desenvolvimento ajudam o profissional a crescer ascensão de cargo dentro da Unilever ou que foram promovidos recentemente. O ambiente e horário de trabalho também é flexível. Existe a possibilidade de Home Office, horário flexível de entrada e saída e Friday Free, que possibilita aos funcionários sair mais cedo às sextas-feiras. Assim como a Embraco, a Unilever também oferece um berçário para crianças de 0 a 2 anos no edifício-sede, além de cursos para gestantes e palestras com especialistas em infância e juventude.
  • 6. Grupo Boticário

    6 /13(Divulgação)

    Cerca de 70% dos 7.000 colaboradores diretos do Grupo Boticário são mulheres. Por isso, a empresa - que engloba as marcas O Boticário, Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box - oferece diversos benefícios para mulheres, gestantes e mães. Um dos exemplos é o programa de gestantes, criado em 1999 e que já atendeu 1,6 mil mulheres de São José dos Pinhais (PR), Curitiba (PR) e Registro (SP). Dessas, 46% eram colaboradoras da empresa e 54% da comunidade. O programa oferece cursos, palestras e aulas práticas, além de uma visita domiciliar de uma profissional de enfermagem logo após o parto. A empresa também conta com uma sala de apoio à amamentação, onde a mulher pode esvaziar as mamas, armazenando seu leite em fracos previamente esterilizados. O Boticário também conta com auxilio babá e para educação infantil.
  • 7. Google

    7 /13(Susana Bates/AFP)

    O Google é reconhecido pelas regalias que oferece a seus funcionários. Em quase todas as sedes da empresa de tecnologia, a geladeira é aberta e funcionários podem pegar os lanchinhos que quiserem, de forma gratuita. Há diversas opções de lazer, como mesa de sinuca ou sala de videogame, e é possível levar o cachorro para o trabalho. Novos pais ganhar um bônus "para conexão com o bebê", um dinheiro para ajudar na compra de fraldas ou outros itens. Outros benefícios também incluem trabalhar ao lado de gênios da tecnologia, testar produtos antes de serem vendidos e incentivos a desenvolver projetos pessoais.
  • 8. Brookfield Incorporações

    8 /13(Divulgação)

    Para diminuir o estresse e garantir o bem-estar físico e psicológico dos seus funcionários, a Brookfield Incorporações oferece o programa Fique Bem. Com assessoria jurídica, financeira, social e psicológica, o programa existe desde 2009 e é confidencial, sem passar pelo RH da empresa. Segundo Elisabete Melo, superintende de recursos humanos da Brookfield, os funcionários buscam a assessoria financeira quando estão com dívidas, por exemplo, e o apoio social quando há alguma doença na família. A assessoria jurídica é usada, em alguns casos, quando o funcionário enfrenta um divórcio, entre outros exemplos. De acordo com Elisabete, o programa foi bastante aplicado na área de relacionamento externo, com clientes. Antes, o nível de estresse era bastante alto, a ponto de as pessoas ficarem doentes. O programa agendou atendimentos com psicólogos no próprio local e, segundo ela, o clima melhorou muito na área. Por conta do programa, há menos afastamento por problemas de saúde e menos funcionários insatisfeitos, diz Elisabete.
  • 9. Uniqlo

    9 /13(Bloomberg/ Tomohiro Ohsumi)

    Para a rede japonesa de moda Uniqlo, a semana de trabalho tem apenas quatro dias. A empresa irá propor a seus funcionários três dias de folga, para aumentar o convívio familiar. O sistema, que deve vigorar a partir de outubro, não terá redução salarial, mas prevê um aumento do período diário de trabalho de 8 para 10 horas. O objetivo é atrair mão de obra, que está escassa no varejo japonês. Uniqlo, que engloba o grupo Fast Retailing, a princípio proporá os três dias de folga a cerca de 10 mil funcionários de suas mais de 840 lojas no Japão, antes de ampliar o esquema.
  • 10. Netflix

    10 /13(Bloomberg)

    Novas mães e novos pais poderão tirar licenças de um ano na Netflix . A nova política da empresa norte-americana de serviços de transmissão de filmes pela internet permite que "os pais retornem ao trabalho durante meio período, período integral ou voltar ao trabalho e se afastar conforme suas necessidades", continuando a receber seus salários normalmente. De acordo com a empresa, a medida faz parte da cultura desenvolvida pela empresa que "dá aos funcionários o contexto sobre nossos negócios e a liberdade para tomarem suas próprias decisões acompanhadas de responsabilidade".
  • 11. Adobe

    11 /13(David Paul Morris/Bloomberg)

    Na mesma linha do grupo Virgin e da Netflix, a companhia de softwares Adobe também anunciou que vai dobrar a licença maternidade que concede a funcionários nos Estados Unidos. Novas mães na empresa sediada na Califórnia receberão 26 semanas de licença remunerada, ante 12 semanas anteriormente, enquanto pais e responsáveis primários receberão 16 semanas de licença pagas. A Adobe tem 13.500 funcionários globalmente, sendo que 6.500 estão nos Estados Unidos. Por volta de 30% são mulheres.
  • 12. Facebook

    12 /13(Jonathan Leibson/Getty Images)

    Assim como outras empresas de tecnologia, o Facebook chama a atenção pelos benefícios disponíveis para seus funcionários. O plano de saúde da rede social de Mark Zuckerberg engloba assistência médica, odontológica e seguro de vida. Além disso, reembolsa 50% da mensalidade de academias frequentadas pelos funcionários. Além de quatro meses de licença maternidade, o Facebook oferece 4 mil dólares para cobrir as despesas do processo de adoção para funcionários que adotam crianças. Funcionários com filhos até cinco anos de idade podem receber até 3 mil dólares por ano para cobrir gastos com babás.
  • 13. Leia também

    13 /13(Pilar Olivares/Reuters)

  • Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosEmpresasempresas-de-tecnologiaMudança de empregomudanca-de-carreiraTecnologia da informaçãoTotvs

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Negócios

    Mais na Exame